Arroz de festa de Copa como sou, acho bem irônico não ter no armário nenhuma camiseta do Brasil. Acho a camisa da nossa seleção uma das mais bonitas, de verdade, mas já me conformei que amarelo não me favorece e deixo passar (mas se alguma marca estiver a fim de me enviar uma de presente, eu aceito com a maior alegria e não verei problemas em andar por aí com cara de anêmica). Assisto aos jogos ora de verde, ora de azul, e levo a sério essa coisa de não combinar com o time adversário: não deixei ninguém aqui em casa usar verde no dia do jogo contra o México e já estou tristíssima com a perspectiva de jogo contra o Chile, porque vermelho é minha cor favorita.
Acho que não, hein (via Buzzfeed) |
Não sou de comprar acessórios também, tipo perucas, cartolas, cornetas ou laços gigantes. A Analu me chamou pra tirar uma foto creiça de Copa com ela e acho que uma parte do seu coração farofeiro morreu por dentro quando eu contei que não tinha nada de ridículo e mega divertido pra torcer. Também não tenho o costume de decorar a casa para a Copa: nada de bandeira na janela, no carro e muito menos almofadas temáticas. A camisa canarinho pode até cair bem em alguns felizardos, mas verde e amarelo na decoração da casa é um desastre bem universal. Se minha mãe não decora a casa nem pro Natal (quando eu era criança, ela me deixava pendurar umas luzes e bolinhas nos vasos de planta e olhe lá), o que sobra pra um evento de futebol?
Hoje, nem julgo mais. Acho que pior que verde e amarelo, só mesmo o verde e vermelho do Natal.
E mesmo vindo de um berço pouco ortodoxo e nada chegado nessas tradições da família brasileira, aqui em casa temos um rito especial que se repete a cada quatro anos que me faz sentir que sim, tá tendo Copa pra caralho e demorô é noix: pipoca com café.
Eu sei, eu sei. Eu tenho vinte anos e deveria estar vendo jogo num bar, enchendo o focinho de cerveja ou qualquer outra coisa que os jovens fazem hoje em dia. Mas, desde a primeira Copa que eu tenho lembrança, aquela de 2002 em que me acordavam às três da manhã pra ferver e ver jogo, eu aprendi que jogo do Brasil é sinônimo de pipoca. E café. Acho que a pipoca nem pede muita explicação, mas concordo que o café não é a escolha mais óbvia do mundo. Demorei pra entender o apelo, confesso, mas depois que me juntei aos bons, vi que não existe combinação mais certa - e dá uma azia depois que é uma maravilha, sinto como se tivesse mesmo enchido o focinho de cerveja.
Outro motivo para tão apaixonada defesa de tão excêntrica combinação, é que pipoca e café são duas das (se não as únicas duas) minhas especialidades culinárias. Eu faço uma pipoca maravilhosa e um café sensacional. Gosto de valorizar essas pequenas coisas, sem qualquer traço de modéstia ou culpa cristã, porque a maioria das pessoas subestima uma boa pipoca e um bom café. Quando digo que sei fazer os dois, e muito bem, as pessoas riem da minha cara como se eu estivesse me gabando de fazer um ótimo miojo com tempero artificial de galinha caipira, como se nunca tivessem comido uma pipoca ruim ou tomado um café aguado.
O que pouca gente sabe é que existe toda uma ciência envolvida, toda uma bossa nova, todo um rock'n'roll, toda uma arte moleque pouco reconhecida, expressa naqueles momentos em que eu acho que a pipoca precisa de um outro dedo de óleo, ou que o café pede uma colher a mais ou menos de pó, sem nenhum motivo aparente. Pipoca e café são como os zagueiros da culinária pra quem não entende muito de futebol. Na nossa ignorância, acompanhamos sempre o meio de campo, pois já nos cantou o pensador contemporâneo Samuel Rosa que é lá que ficam os craques que vão levando o time todo pro ataque. A gente mal sabe o nome dos zagueiros e só nota a presença deles quando alguma coisa dá errado, da mesma forma que o café, e principalmente a pipoca, só tem destaque na lembrança do público médio (excluindo-se os entusiastas gourmets) quando são ruins.
Por isso que o David Luiz é meu jogador favorito nesse time do Felipão, e o Lúcio é o cara que eu mais sinto falta nesse time. Eles ficam lá no fundo fazendo o serviço deles sem pedir muito confete, do mesmo modo que uma boa pipoca de panela se destaca silenciosamente nos estômagos e corações daqueles que tiram um tempo pra pensar que pipoca de microondas é uma excrescência da modernidade, pior ainda se for daquelas com sabor. Pipoca boa é aquela que suja os dedos, fica entre os dentes, é salgada na medida certa e é o apoio que você usa para analisar linhas de impedimento ou observar o time adversário bater escanteio. Enfie vinte pipocas de uma vez na boca e seja feliz.
Quanto ao café, confio no critério de vocês para reconhecer sua superioridade dentre as outras bebidas. Cafeína é a droga lícita mais maravilhosa que existe, dissolvendo lentamente aquela pontada de dor de cabeça que se esconde embaixo de todo cenho franzido e dando o gás necessário para que a gente não entregue os pontos e dê um cochilinho naquele segundo tempo meio preguiçoso. Vai que a gente perde o gol?
No próximo jogo do Brasil (sábado taí!!!), querido leitor, faça como a família Rocha, coma pipoca acompanhada de café e depois venha me contar se gostou. Ou não. Só não me vá vestir vermelho!
David Luiz curtiu esse post |
Ai Ana aqui em casa pipoca com café não é tradição de copa mas das tardes de domingo ! kkk meu esposo é louco por pipoca e café. Mas no seu cado vale a tradição!!
ResponderExcluirbeijos !
Cê é tão o cara Anna! pelamordedeus! Mas que gosto culinário é este?? AMO café e sou das loucas que correm atrás do carrinho de pipoca da praça, mas nunca pensei que os dois combinassem. Mas como diz o marido: "coisa boa com coisa boa, só pode dar coisa boa."
ResponderExcluirE prometo não usar vermelho! Dá-lhe Braseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel!
AHAHAHAHAHA!
ResponderExcluirAmiga, eu sou branquela e loira, né? Eu e amarelo = ovo frito. Então, só uso a cada 4 anos mesmo porque (desculpa por isso!) acho que verde e azul não é cor de torcedor do Brasil, é cor de poser. HAHAHA, me ame mesmo assim? <3
ResponderExcluirPrimeiro que quando eu vi a imagem o post eu pensei que que bom, se nem Antoninho Prata está tentando mudar de assunto não somos nós que precisamos e que podemos apenas brincar de postar sobre a Copa até o final dela.
E amei que você disse que ia tirar a foto COMIGO porque na hora vi uma foto da gente abraçada com cartolas e bochechas pintadas de verde e amarelo e aff, vamos tirá-la?
E: Também lembro dessa Copa e 2002, porque achava divertidíssimo poder levantar da cama às 3 da manhã e poder gritar na sala. #rebeldia
Acho, inclusive, que nós, COPISTAS profissionais que somos, merecemos uma copa lá do outro lado do mundo de novo. Magina nóis botando despertador às 2h30 para estourar pipoca, entrar no twitter e assistir jogo, que maravilha não será? Me sentirei muito profissional, beijos.
Te amo e AMO Copa com você! Afinal de contas, descobrimos mais uma obsessão em comum. <3
Eu gosto tanto de pipoca e sou perdidamente apaixonada por café, mas nunca resolvi juntar os dois, por incrível que pareça. Juro que vou tentar a combinação e venho te contar o que achei.
ResponderExcluirSobre a arte de fazer um bom café, sou obrigada a concordar com você. As pessoas riem da minha cara quando eu falo sobre meu ótimo café, mas gente, vamos e convenhamos, não é todo mundo que faz um café gostoso, não! Parem de subestimar o ato, haha.
macabea-contemporanea.blogspot.com
hahaha AMEI seu post!
ResponderExcluirTambém sou um copista (nem sabia que esse era o nome) torcer por futebol a cada 4 anos, um mês a cada quatro anos, com a família, pipoca e... café! Pois é exatamente como aqui em casa, nós estouramos pipoca e depois tomamos café.
(meu café é ótimo e a pipoca também - diga-se de passagem!)
Lembro bem da copa de 2002 e também concordo que merecemos uma outra copa do outro lado do mundo! Somente a de 2010 que fui um bola fora... nem sei porquê....
Dale Brasil!!!!
Protesto para Ana Luísa Bussular falando que quem usa verde e azul é poser! Comprei uma camiseta verde MARAVILHOSA (ela tem amarelo e azul também) da coleção igualmente sensacional da MeMove. Além de uma cinza com dizeres verde/amarelo/azul. Não tem MeMove em Ubercity, amiga? Aposto que você ia adorar as blusinhas de lá. E dá pra usar sem ser na Copa tranquilamente.
ResponderExcluirCom isso, você já deve ter percebido que meu arrozismo de festa cai no vestuário. Comprei um colarzinho lindo com a bandeira do Brasil e ganhei uma pulseira temática também incrível. Lembro que essa viúvoporcinonização tupiniquim está comigo desde minha primeira Copa do Mundo. Sobre decoração de casa, contei o causo do meu vizinho lá no blog da Banana hahaha!
Queria dizer que pipoca e café são duas das minhas coisas favoritas do mundo. Estou deprimida porque só posso comer pipoca na semana que vem D: (efeito sisos). Mas não lembro de ter experimentado as iguarias juntas. Você está intimada a mostrar esses dotes aqui em casa no mês de setembro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ao contrário do resto do mundo, eu valorizo quem faz uma boa pipoca e um bom café, já que não é o meu caso.
Amo você <3
P.S: O QUE A GENTE VAI FAZER DA VIDA QUANDO ESSA COPA ACABAR?
Esqueci de comentar. David Luiz: amor eterno, amor verdadeiro.
ExcluirComentar aqui sig. que mais alguém sobreviveu aos ataques cardíacos causados pelo jogo! E que o seu próximo post sobre a Copa seja sobre o Hexa! Amém!!!!
ResponderExcluirMe identifiquei com a parte do "Eu tenho vinte anos e deveria estar vendo jogo num bar, enchendo o focinho de cerveja ou qualquer outra coisa que os jovens fazem hoje em dia.". Enquanto meus colegas vão pro CAASO (centro acadêmico), ver o jogo no telão bebendo uma boa cerveja (que eu amo de paixão, a propósito), eu me enrolo debaixo de uma manta com um potão de pipoca (de microondas, I'm so sorry) e assisto ao jogo na minha respeitável solidão, conversando com a TV, gritando a cada gol e twittando like crazy. Ou ainda me enrolo debaixo de uma manta, fazendo gordices aleatórias com os meus pais e evitando fazer comentários estúpidos porque, veja bem, meu pai também prefere assistir aos jogos sozinho. Não temos uma tradição.
ResponderExcluirMinha primeira Copa foi a de 98. Diz meu pai que eu comemorava absolutamente todos os gols na Copa de 94, mas eu não me lembro porque, bem, eu tinha 3 anos. 98 foi um marco. Eu finalmente entendia o que estava acontecendo e passei o primeiro semestre todo na escola fazendo trabalhos sobre a Copa, pintando o desenho daquele maldito galo (mascote) e procurando o significado das palavras do Hino Nacional no dicionário. Lembro de assistir aos jogos em casa, com meus pais e meus tios e de chorar de soluçar depois da derrota na final. Foi tão decepcionante que dormi em absolutamente todos os jogos de 2002, mesmo com a insistência do meu pai e meu tio em tentar me manter acordada. Na Copa seguinte, eu era adolescente e preferia me isolar durante os jogos, fingindo que eu não me importava. Que estupidez, eu sei. 2010 foi meu primeiro ano de faculdade e assisti aos jogos no Habibs perto de casa com companhias aleatórias porque eu ainda não tinha uma televisão. Não ligo em não ter uma tradição, porque minha família nunca teve tradição para nada também. :)
Pipoca com café eu nunca comi. Eu amo de paixão o cheiro do café, mas o gosto não me apetece. Dizem que eu faço um café maravilhoso, mas eu nunca conseguirei comprovar. Quanto à pipoca, eu opto quase sempre pela de microondas porque nem sempre a minha pipoca de panela fica boa. Realmente, tem alguma ciência aí, porque a pipoca do meu namorado é divina.
Sempre abuso no tamanho dos comentários, né? É a saudade. Acabei de descobrir 10 posts seus salvos no meu Pocket, todos lidos, esperando para serem comentados. Tentarei escrever em todos, mas quero evitar textos enormes feito esse, hahaha.
Beijocas :*
hahhah , a adaptação da foto do David Luiz com a camisa do Chelsea pra camisa da seleção foi genial .hahahah
ResponderExcluirFoi vc que fez ? Seja lá quem fez , tá de parabens , é muito habilidoso com o Paint
Sobre o post , eu sou diferente. Sou imune a cafeina . Já bebi coisa de 1 litro de café num intervalo de 3 horas e fui dormir , sem sentir efeito algum. Já até tomei aquelas capsulas de cafeína pura , pra ver se ficava acordado e nada.