Longe de mim endossar a patrulha de quem se importa se a mocinha de coroa de flores no cabelo e camiseta do Ramones precisa jogar Blitzkrieg Bop no Google pra ver como escreve ou saber do que se trata, mas algo morre dentro de mim sempre que vejo blogs de modas ensinando o bê-a-bá da moda grunge ou aquelas saias rasgadas nas araras da Renner.
Longe de mim chegar aqui com um discurso de que nossos ídolos que morreram aos 27 de overdose estão em cólicas no túmulo de vergonha da gente, embora eu acho que estejam, porque faço parte dessa engrenagem que transformou um mundo num lugar em que se compra uma calça rasgada e manchada numa loja de departamentos, com exemplares idênticos em várias cores e tamanhos, que podem ser encontrados nos melhores shoppings do país - afinal, reconheço que não existe nada melhor do que entrar na Renner e comprar camisa xadrez por quilo.
Longe de mim chegar aqui com um discurso de que nossos ídolos que morreram aos 27 de overdose estão em cólicas no túmulo de vergonha da gente, embora eu acho que estejam, porque faço parte dessa engrenagem que transformou um mundo num lugar em que se compra uma calça rasgada e manchada numa loja de departamentos, com exemplares idênticos em várias cores e tamanhos, que podem ser encontrados nos melhores shoppings do país - afinal, reconheço que não existe nada melhor do que entrar na Renner e comprar camisa xadrez por quilo.
Acontece que há uns meses o universo me deu a chance de subverter as normas comuns, desafiar a sociedade e provar que existe dentro de mim o que quer que seja de um espírito libertário e irreverente que me autoriza a cantar All Apologies com um pouco que seja de autoridade moral, o que quer que isso seja.
Estava eu caminhando, lépida, faceira e atrasada, rumo ao ponto de ônibus. O vento passava pela minha pele, a brisa do outono desfilava sobre a minha figura, mas algo não parecia certo. Eu estava sentindo o ar frio do fim do dia onde não devia. Em outras palavras, eu tinha saído de casa com a blusa furada. Não era um furo qualquer, era um furo desses que acontecem quando o ferro de passar roupa fica grudado no tecido, a pessoa tenta arrancar de qualquer jeito e depois enfia de volta no armário, na esperança de você não usar mais aquela blusa ou então nunca reparar que tem um buraco maior do que seu punho aberto nas costas.
Como é de costume, eu estava atrasada. O ônibus passaria a qualquer minuto, sem me deixar tempo algum pra correr de volta pra casa e trocar de roupa. Eu não tinha nenhuma blusa de frio que quebrasse meu galho, muito menos a opção de usar esse incidente fashion como desculpa pra matar aula. E como situações desesperadoras pedem medidas desesperadas: num só impulso rasguei a blusa até o fim.
Bastou segurar nos dois lados do furo e desfiar o resto, o que ficou fácil porque o tecido era uma sedinha genérica bem fina. Amarrei as duas pontas num nó e dei uma bagunçada no cabelo, só pra garantir que estava tudo dentro de uma mesma proposta - tudo isso a tempo de fazer sinal pro ônibus parar.
Quando contei a história pras minhas amigas, a Couth achou tão inventivo que sugeriu que eu fizesse um post com DIY e tudo, então fica aí a dica pras amigas:
Feito o processo, ganhe as ruas da sua cidade ao som de Jesus Doesn't Want Me For Sunbeam, para melhor efeito dramático, ou corra por aí ouvindo Modern Love, incorporando a Frances Ha que existe em você, que corre e dribla as adversidades do dia-a-dia com muito estilo e bom humor. Ou faça como eu, siga empoderada pelo espírito rock'n'roll que existe no seu coração, e continue o caminho ouvindo Miley Cyrus e pensando que aquela calça desfiada que você viu na vitrine da Riachuelo ficaria incrível com seu novo trapo de estimação, a peça mais hypada da estação.
Estava eu caminhando, lépida, faceira e atrasada, rumo ao ponto de ônibus. O vento passava pela minha pele, a brisa do outono desfilava sobre a minha figura, mas algo não parecia certo. Eu estava sentindo o ar frio do fim do dia onde não devia. Em outras palavras, eu tinha saído de casa com a blusa furada. Não era um furo qualquer, era um furo desses que acontecem quando o ferro de passar roupa fica grudado no tecido, a pessoa tenta arrancar de qualquer jeito e depois enfia de volta no armário, na esperança de você não usar mais aquela blusa ou então nunca reparar que tem um buraco maior do que seu punho aberto nas costas.
Como é de costume, eu estava atrasada. O ônibus passaria a qualquer minuto, sem me deixar tempo algum pra correr de volta pra casa e trocar de roupa. Eu não tinha nenhuma blusa de frio que quebrasse meu galho, muito menos a opção de usar esse incidente fashion como desculpa pra matar aula. E como situações desesperadoras pedem medidas desesperadas: num só impulso rasguei a blusa até o fim.
Bastou segurar nos dois lados do furo e desfiar o resto, o que ficou fácil porque o tecido era uma sedinha genérica bem fina. Amarrei as duas pontas num nó e dei uma bagunçada no cabelo, só pra garantir que estava tudo dentro de uma mesma proposta - tudo isso a tempo de fazer sinal pro ônibus parar.
Kurt motivacional |
Você vai precisar de 01 incidente doméstico e 02 mãos firmes pra rasgar o tecido - e 01 sutiã bonitinho pra usar por baixo, porque ele pode aparecer do lado, dependendo do tamanho do rasgo.
Feito o processo, ganhe as ruas da sua cidade ao som de Jesus Doesn't Want Me For Sunbeam, para melhor efeito dramático, ou corra por aí ouvindo Modern Love, incorporando a Frances Ha que existe em você, que corre e dribla as adversidades do dia-a-dia com muito estilo e bom humor. Ou faça como eu, siga empoderada pelo espírito rock'n'roll que existe no seu coração, e continue o caminho ouvindo Miley Cyrus e pensando que aquela calça desfiada que você viu na vitrine da Riachuelo ficaria incrível com seu novo trapo de estimação, a peça mais hypada da estação.
"só pra garantir que estava tudo dentro de uma mesma proposta " HAHAHAHAHAHAHAHAHAH Que texto hilário! Me fez lembrar daquela cena de Meninas Malvadas em que cortam a blusa da Regina George e instantaneamente vira moda na escola :P
ResponderExcluirLembrei da fase rock-rool de uma turminha na escola que eu cursava o ensino médio, tinha um cara que idolatrava o Kurt Cobain e tinha até uma cara depressiva...
ResponderExcluirmas eu ri muito desse trecho"só pra garantir que estava tudo dentro de uma mesma proposta " hehehe
Ah, eu adorei esse post! Achei muito criativa a forma como você saiu da situação, mas se fosse comigo, sei lá, eu acho que eu voltaria pra casa. Do jeito que eu tenho "sorte" com essas coisas, eu rasgaria a blusa de forma que ela ficasse inutilizada, aposto. Mas tá. Fiquei esperando fotinhos da obra de arte, ahahaha.
ResponderExcluirpalavras alienadas
No fundo, todas nós sentimos falta deste impulso a la Kurt. Por isso que a sua solução foi acertada e este post saiu assim: magnífico.
ResponderExcluirUm beijo,
Fê
http://www.algumasobservacoes.com/
Ficou cômico apesar de trágico hahahaha
ResponderExcluirA proposta ficou ótima! Senti falta da imagem da dita blusa :P
Beijo meu,
MF.
Hahaha, amiga, você é ótima. Eu provavelmente entraria em pânico, tentaria esconder de qualquer forma e jamais terminaria de rasgar a blusa! Queria até uma foto para ver como ficou!
ResponderExcluirBeijos!
Ah Anna! Que demais!
ResponderExcluirEu nunca teria pensado nisso na hora sabe? Talvez depois, mas não na hora e a tempo de dar sinal pro ônibus.
Queria ver a fota de você com a blusa também! :D
Bjs.
Olá, Anna!
ResponderExcluirEu ADOREI esse seu post, adorei a forma como você narrou o acontecimento e interligou com o Cobain. <3 E as fotos/gifs que você inseriu no post. Até coloquei Nirvana para tocar aqui.
Um beijo!
Hahahahaah. Amei!
ResponderExcluirEu não teria essa coragem, mas to até pensando em fazer uma dessas numa blusa que eu tenho. Vamos ver..
Queria demais ter visto a cena da rasgação de roupa no ponto de ônibus. <3
Beijos!
Adorei essa história principalmente porque eu nunca lidaria com a situação desse jeito. Muito provavelmente voltaria pra casa pra trocar de blusa e pegaria o próximo ônibus mesmo. E reclamaria do incidente pra minha pobre mãe no telefone.
ResponderExcluirGostei da criatividade da solução, deve ter sido engraçado de acompanhar.
Beijo!
Não sei o que é mais incrível nessa história: as referências ao Kurt, imaginar você se rebelando e rasgando a blusa no meio da rua ou o fato de você estar ouvindo Miley por aí de cabelos ao vento. Podemos concordar que o conjunto da obra ganha selinho awesomeness fácil, né?
ResponderExcluirNão escolho minhas nega à toa, minha gente. Que vontade de rasgar roupa com você por aí, Navitória! Que saudade. Parei por aqui <3
Absurdamente chateada porque o post não inclui uma foto da roupa mais maneira do seu guarda-roupa. Só você pra ter essas histórias hahahaha
ResponderExcluirAdorei! Se fosse na minha cidade, e com a minha saúde, o friozinho ia passar e ia virar resfriado três dias depois. Me conheço.
ResponderExcluirMas ei, quero fotos, poxa!
Morri de rir com esse post e por isso tive que vir comentar.
ResponderExcluirAcho muito incrível essas relações que você faz entre as coisas :)
beijo