terça-feira, 25 de novembro de 2014

Diário de viagem: Rio de Janeirinho

"Tripulação, pouso autorizado no aeroporto Santos Dumont. São oito horas e cinquenta dois minutos, tempo encoberto, temperatura de 22º, e pelo que eu tô vendo aqui a coisa não tá muito bonita não".

Foi assim que o Comandante Sincerão anunciou a chegada no Rio de Janeiro, e lá fui eu grudar meu nariz na janelinha do avião, porque aquele pouso na Baía de Guanabara é uma coisa que eu não vou superar tão cedo. É o melhor jeito de ser recebida pela cidade, ainda que estivesse chovendo, cinza, e nublado. Oi Rio, cheguei. Eu disse que voltaria.

E trate de ficar bonito porque não foi pra isso que eu saí de casa
Há duas semanas tive a chance de ir pro Rio de Janeiro passar um maravilhoso fim de semana sendo amada pelas minhas queridas amigas dessa terra bonita de meu Cristo Redentor, que me levam pra passear, me ensinam life hacks cariocas e me fazem extrapolar todos os meus limites pessoais no que tange à integridade física da pessoa humana. Mas eu sobrevivi pra contar essa história, e olha que teve um Alex Turner ali no meio pra colocar tudo a perder (o show é um caso a parte, depois eu conto), e é isso que vocês vão ler agora.

Enfim, estamos no Rio, eu acabei de desembarcar e corri para fazer festa com Giuliana Rebeca e Gabriela Couth, travessura essa que me deixou presa para fora da área de desembarque antes de pegar minhas malas (queria dizer que foi a primeira vez que quase perdi minhas malas, mas não). No fim das contas deu tudo certo, mas eu realmente queria saber o que é que o aeroporto Santos Dumont tem contra mim. 

Saindo de lá fomos tomar café na Confeitaria Colombo do Forte de Copacabana, uma coisa bem sofisticada, toda uma vibe café da manhã de blogueira acontecendo. O que as fotos não mostram é que tivemos que defender nossa comida dos pombos do lugar e que boa parte do tempo foi gasta observando as pessoas caírem enquanto tentavam subir na prancha de stand-up paddle na praia de Copacabana. Mas a vista, os pãezinhos não identificados e o café estavam bem de parabéns. 




Subimos no Forte pra admirar a vista, fingir compreender o conceito por trás das selfies com o canhão sendo tiradas ao nosso redor, tudo isso enquanto eu tentava com todas as minhas forças não ser dominada pela minha vertigem. Além da Confeitaria, o forte tem uns barzinhos simpáticos e o Museu do Exército, uma proposta interessante se você curte essa vibe bélica meio século XVIII. Grande época. O que eu achei mais legal, além da comida e da vista, é que na costa rola uma espécie de Stonehenge tupiniquim que eu quis muito fotografar, mas fiquei com medo de chegar na extremidade e o vento me derrubar. Momentos. 

Depois de algumas horas de bonding moments na casa de Vovó Couth -  com direito a pintar as unhas dos pés, ouvir Miley Cyrus, Taylor Swift e Beyoncé, e comentar as evoluções capilares de famosas que amamos - foi hora de sair pra comer. De novo. Porque lógico. Perguntaram no Instagram se a única coisa que a gente faz da vida é comer, e eu vos pergunto o que pode ser mais importante que empada, pastelzinho e caipirinhas na muretinha da Urca? 

Fomos no Bar Urca, que a Couth vive recomendando, e não existe jeito mais correto do que aproveitar o fim de tarde. Mesmo com a garoa leve e o dia cinza, é a vista da Baía de Guanabara, com seus barcos e garças contemplativas, é o bairro antigo e as janelas velhas dos prédios, é a empada maravilhosa e os companheiros de mureta cantando Anna Júlia e outras pérolas nacionais dessas que todo mundo sabe cantar. Sem falar nos caras lindos que passavam correndo ou de bicicleta. Eita cidade de homem bonito, Jesus conserve.










































Lá no bar encontramos a menina Paloma, a única responsável do rolê, que passou o dia trabalhando enquanto nós só fizemos comer e falar bobagens. Voltamos para a casa de Vovó para carregar um pouquinho as baterias porque a noite seria longa. Eu já contei pra vocês que eu estava praticamente virada? Pois é, na noite anterior fui dormir à uma da manhã, para acordar às três pra pegar o avião. Ou seja. Era essa Anna Vitória que estava com planos de ir para a balada mais tarde e eu juro que duvidei que isso aconteceria até o último minuto. Porque já eram mais de dez da noite e nós estávamos vendo o DVD da Beyoncé e cochilando enquanto caía uma tempestade lá fora, mas não sei como conseguimos sair desse estado para nos colocarmos belas e antes do relógio bater a uma novamente, lá estávamos nós, na fila da Gafieira.

Eu, virada, na chuva, na fila da balada. Pois é.

A questão é que quando uma pessoa como a Giu avisa que vai te levar numa festa que vai fazer você querer morrer e ser enterrada na pista de dança, você precisa acreditar. Principalmente quando ela diz que vai ser tão bom que você só vai sair dali na hora que te expulsarem. Eu duvidei, principalmente quando deu umas três e meia e eu senti minha barrinha de energia chegar no vermelho, mas por um plot twist desses que ninguém acredita, dançamos até o esgotamento e, sim, só fomos embora quando soou o alarme expulsando a gente do lugar. 

EXPECTATIVAS:


REALIDADE:


Que festa maravilhosa. Quis morrer e ser enterrada na pista e senti que todas as minhas dance parties sozinha em casa foram um treinamento pra noite que eu iria dançar Clara Nunes, Chico Buarque e Novos Baianos até amanhecer, com direito a pequenos interlúdios de Beatles, Oasis e Beirut - sendo esse último responsável pelo momento em que um cara chegou na nossa roda e disse nunca ter visto uma dança tão sensacional quanto a nossa. Teve também o cara que veio dizer que eu estava sendo desagradável com o DJ, só porque cruzei os braços e fiz cara de bosta quando ele tocou Djavan. O cara me manda um Djavan às cinco da manhã e a desagradável sou eu?

Pelo menos a marra deu totalmente certo e logo o cara se tocou e voltou a tocar música boa, e lá estávamos nós pulando abraçadas jurando de pés juntos que quando a gente ama não pensa em dinheiro, só se quer amar se quer amar se quer amar. Não sei se seria capaz de tamanha abnegação, mas quando a gente ama eu tenho certeza que não pensa nos pés moídos, nem no cansaço das vinte e sete horas acordada, mas só no infinito acontecendo ao nosso redor.


No sábado não tivemos tempo de fazer muita coisa além de acordar, colocar nossas ressacas em stand-by e juntar nossas trouxas rumo à casa de Paloma, do outro lado da serra. Fizemos uma transição rápida entre a vibe boemia carioca e a faca na botinha, porque tínhamos um importante encontro marcado com Mr. Alex Turner, no show dos Arctic Monkeys logo mais. Farei um post só pro show, porque é tradição aqui no blog, mas adianto que foi incrível, desgraçou minha cabeça, o Alex é uma delícia que eu dificilmente vou superar, e eu e Giu quase caímos de tanto pular R U Mine, mas se eles continuassem repetindo o refrão, eu continuaria pulando feliz da vida. 


Depois da experiência de quase morte que foi a noite pós-show, pro domingo restou pouca opção senão rolar um pouquinho no quarto e ignorar a triste realidade aeroportuária que nos aguardava logo mais. Para não repetir a experiência do voo perdido da outra visita - e eu, pessoa corajosa, comprei uma passagem no mesmo voo, no mesmo horário, no mesmo aeroporto - saímos com bastante horas de antecedência. Não perdi o avião, voltei pra casa e lá se foram duas semanas, mas eu ainda não consegui parar de ouvir Mardy Bum e lembrar da gente, rir de novo das mesmas bobagens, repetir mentalmente os mesmos diálogos e me sentir extremamente grata por saber que achei mais uma casa - não um teto numa cidade linda que eu amei logo de cara, mas em pessoas maravilhosas, meninas lindas, que transformaram três dias num flawless weekend. 

E há boatos de que em dezembro tem mais!


10 comentários:

  1. Boatos confirmados aqui de que em dezembro tem mais e com mais gente, que esse relato todo aí foi lindo e eu estava ansiosa por ele (mas já sabia de tudo) e só o que fiz foi estar com vontade estar com vocês em cada linhazinha dele. Como eu amo! <3
    #flawless weekend foi incrível, mas já avisei que bancarei a Phoebe e que o #TSweekend vai ser melhor ainda! <3 <3

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  2. Adoro o jeito como você escreve. Sério <3
    Estive no Forte na semana passada e fiquei babando na Confeitaria Colombo, na vista do "andar de cima" e nas pessoas caindo do stand-up paddle. (e sentando na muretinha proibida, porque aquele lugar estava lotado em plena quinta-feira de manhã)

    E show do Arctic Monkeys: MEODEOS

    Beijo*

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  3. Eu estou até agora de cara que aguentamos, vivemos e fervemos nesse fim de semana. O café no forte, as empadas! AS EMPADAS.

    Eu jurava que a gente não ia aguentar também, mas como arrasamos naquela feixta, como sambamos até o amanhecer. Como foi que conseguimos sair de casa meia noite? Eu queria ter tido mais energia para ter fervido também com Alex Turner, mas meus pés me abandonaram em Fluorescent Adolescent e reviveram nas últimas 30x do refrão de R U Mine, mas sei que era pra ter pulado muito mais. Mas consegui! E nós sabemos as consequencias uterísticas que sucederam esse show.

    Ai, juro, não acredito que estou morando no rio, e também não acredito que estou dividindo tudo isso com A GENTE. Dezembro tem mais.

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  4. transbordou good vibes nesse post sim. que coisa maravilhosa :)

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  5. Que delícia de final de semana! Já quero muito ir ao Rio de novo pra conhecer esse Bar Urca que parece apenas maravilhoso. Estou 100% precisada de um final de semana desses, mas por que São Luís fica tão longe de tudo e de todos?

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  6. Amei especialmente a inversão do 'expectativa x realidade'. Que post divertido e que fotos lindas ilustrando! Saudade do Rio, saudade da Confeitaria Colombo (#prioridades).

    Beijo!
    PS: nunca consigo admirar de verdade vista nenhuma porque sempre estou muito concentrada em fingir de que não estou sentindo que vou cair a qualquer momento. E em me apoiar em alguma coisa/pessoa estratégica, assim, como quem não quer nada.

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  7. Isso não se faz! E agora, que me bateu uma saudade dessas mega imensas da minha cidade maravilhosa? Da minha Urca, onde eu vivi por 8 anos entre faculdade e trabalho? Visitei o Forte numa visita depois de ter me debandado pro hemisfério norte, mas não comi na Colombo. Tô aguada agora. Com saudade, nostálgica. Obrigada! :)

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  8. acho que adorei este post rs
    super curti a forma discontraida da escrita, e que viagem em! um bj ♥
    gislei.com

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  9. ããããinnnn essa amizade de vocês é muito muito fofa! parece coisa de filme! acho uma delicia e adoro ouvir os relatos de vocês ^______^ na verdade desde que escolhi fazer engenharia tive que abandonar um pouco a vibe ~amizade feminina~, e isso faz muuuuuuuita falta!

    a única vez que fui pro rio foi com MINHA MÃE e antes dos 18, então voltar lá pro agora seria uma experiência totalmente nova e maravilhosa!!!

    ps: seu cabelo está muito lindo! o tom tá ótimo!

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  10. to lendo esse post de novo porque tô com saudades <3

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