sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Memórias de um pescoço torto.

Quinta feira, quase oito da manhã, surpreendentemente divertida aula de matemática. Eu viro pra trás pra dizer algo pro Matheus e meu pescoço dói. Volto pra frente, ai meu pescoço. Cutuco Naná que está na minha frente, "Acho que dei um mau jeito no pescoço", "Vai fazendo uma massagem e alongando que passa". Passo a mão do lado direito que é onde dói mais, tudo tenso. Viro prum lado, pro outro, ai meu pescoço. Matheus me chamando. "Pera, meu pescoço" Continuo alongando, dum lado pro outro, não consigo forçar. Ponho a mão, um ovo bizarro. "Anaisa, é sério, meu pescoço" O lado esquerdo tá de boa, o direito que tá tenso. Levanto o braço direito, sinto uma fisgada terrível no pescoço. "Anaisa..." As lágrimas começam a rolar.

E foi assim, do nada, em plena aula que meu pescoço simplesmente travou. Eu sou muito tensa, vivo travando, mas passa em no máximo 10 minutos, e eu consigo ter uma mobilidade mínima. Nesse caso não, meu pescoço ficou preso na diagonal esquerda, não ia pra direita, ou pra frente nem a pau. Em plena aula. Lutei com as lágrimas, me pus apresentável, Caio já tinha vindo do outro lado da sala ver qual era o problema, Matheus mandou eu fazer cara de sofrimento e pedir pra sair da sala. Resolvi pedir pro professor me deixar ir tomar algum remédio. Fiz força pra levantar e pensei que não fosse conseguir, a coisa tava feia. Rafael, o novo professor de Química mais legal do mundo (Washington Luciano, eu ainda te amo) disse "Tadinha" com uma voz que me lembrou a do Pedro e me deixou sair. Eu só podia tomar Tylenol, ia resolver muito. Perguntaram se eu queria ir embora, não dava, último horário era Biologia e eu ainda tinha que entregar um trabalho de Sociologia.

Passei a aula sofrendo, mas meus amigos me deram um apoio moral pra eu esquecer da dor e tentar relaxar. Deu pra rir, brincar, e não morrer. Cheguei em casa morrendo, me preguei umas mil Salompas, mamãe fez massagem e me deu um Tandrilax. Eu apaguei na hora, acordei lá pelas 16:30, pensei em virar pro lado e continuava doendo. Muito. Mamãe disse que se eu não melhorasse teria que ir no médico pra ele me "voltar pro lugar". Tremi só da idéia de um estralo. Liguei pra papai, que rezou um terço falando sobre as consequências da falta de exercícios. Ele disse com uma cara trágica que eu estava abatida. Minha avó disse o mesmo, com uma cara de quem acabava de assinar meu atestado de óbito. Eu tava bem, só meu pescoço que estava duro. E torto. Papai decretou que eu não iria na escola na sexta. Droga, justo no dia do Baile de Carnaval (não entendam) e da aula de Filosofia.

Voltei pra casa, deitei com mil almofadas apoiadas, fiquei vendo House até a dor dar uma aliviada pra eu pensar em dormir. Não conseguia ler. De repente eu apaguei, quando me mexia muito e perdia "o lado", acordava, tinha que me ajeitar de novo, dormia mais um pouco. Às 8:30 cansei de ficar procurando um ponto de conforto. Voltei pro sofá e pras mil almofadas. Resolvi usar o computador, por mais que minha mãe tivesse me alertado 77 vezes para não fazê-lo. Doía pra digitar, mas eu não suportava mais ficar deitada. Depois de um tempo, me rendi e voltei ao sofá. Novela, Friends, desenhos animados depois, aqui estou eu, escrevendo esse post. Sem tanta dor. Ainda torta. Torcendo para que ao menos meu pescoço esteja minimamente móvel até amanhã pra que eu possa viajar pra casa da minha tia e passar o carnaval junto dos meus priminhos quiança curtindo o total isolamento da sociedade, piscina, jogos de tabuleiro e o Oscar.

Se eu sumir, já sabem por quê.


Nenhum comentário:

Postar um comentário