Há cerca de dois anos mudei minha relação com o cinema. Quando eu era mais nova eu via sempre os mesmos filmes e por isso fiz a resolução de ano novo que, a partir daquele ano, eu só veria filmes inéditos. Por anos foi assim, até que eu cansei. Eu não via mais os filmes porque eu gostava ou porque estava com vontade, mas porque eu tinha que ver, como se alguém fosse me cobrar no fim do mês ou algo do tipo. Então, aos poucos, fui largando e me importando cada vez menos, e acho que esse ano devo ter lido mais livros do que visto filmes novos. De repente, todas as pessoas do mundo já tinham assistido, reassistido e se apaixonado por Moonrise Kingdom e eu não fazia ideia de como ou quando esse movimento começou.
Não quero voltar para a paranoia de antes, mas sinto falta de ver filmes diferentes e expandir meus horizontes cinematográficos. Fui olhar minha lista Quero Ver no Filmow e, estranhamente, não lembro o que me fez colocar a maioria dos títulos lá. Fui ler uma listinha que fiz de filmes que eu queria assistir em 2012 e 2013 está quase no fim e eu não risquei nem metade dos itens. Nessas férias sem viagem, amigos espalhados pelo país e nas salas de aula indisponíveis para sorvetes no meio do dia ou qualquer outra coisa que me tire do Netflix, resolvi que veria um filme novo todos os dias. Não consegui cumprir tudo isso na semana que passou - em alguns dias não vi filme nenhum, em outros vi dois ou três - mas para quem passou os últimos 24 meses vivendo de rever Sixteen Candles na televisão, até que fui bem.
Sleepless in Seattle (Nora Ephron, 1993): Eu sei que para quem ama comédias românticas como eu, não ter visto esse filme é o equivalente a um fã de filmes de máfia nunca ter visto O Poderoso Chefão, principalmente porque ele é da Nora Ephron, aquela deusa, e protagonizado pela Meg Ryan. Sei que numa bela manhã de quinta-feira eu estava fazendo as unhas e consegui pegar ele desde o começo na televisão, e não poderia ter amado mais. Anos 90, o texto incrível da Nora Ephron, Meg Ryan e Tom Hanks com seus carismas absurdos e uma referência a um romance clássico dos anos 50, An Affair To Remember, que eu nunca vi mas sempre amei. Adorei e considero um tem-que-ver pra quem curte o gênero e pra quem acha que toda comédia romântica é boboca.
O primeiro ano do resto das nossas vidas (Joel Schumacher, 1985): Não sei por que, mas sempre tive a impressão que St. Elmo's Fire fosse uma versão universitária de O Clube dos Cinco, como se esse último você assistisse quando adolescente para que, com vinte e poucos anos, tivesse outro encontro catártico com o primeiro. É uma premissa meio Friends de amigos jovens adultos descobrindo quem são e o que querem da vida na verdade, mas O Clube dos Cinco (e Friends) são TÃO melhores. Me apaguei a poucos personagens, odiei a maioria e só me interessei pelo triângulo amoroso entre Andrew McCarthy, Ally Sheedy e Judd Nelson. Ally Sheedy, que faz a louca de O Clube dos Cinco, está irreconhecível e bem parecida com a Emma Watson, o que me faz pensar que ela é uma boa atriz, no fim das contas. Andrew McCarthy, por sua vez, é um jornalista desiludido com o amor e as instituições e aparece fumando em todas as cenas. Definitivamente faz esse filme sem graça valer à pena.
Invocação do mal (James Wan, 2013): Eu adoro filmes de terror e venho acompanhando com curiosidade o trabalho do James Wan, desde que assisti "Sobrenatural" em 2010 e fui surpreendida positivamente. "Invocação do mal" foi bem recebido pela crítica e eu também achei um filme de terror comercial bem acima da média. Se não fossem pelas pessoas adoráveis que dividiram a sala de cinema comigo, que riram e conversaram o filme todo, eu teria sentido um medo que não sinto há anos vendo filme. Gostei, sobretudo, da construção cuidadosa da atmosfera tensa e também do fato dele mostrar as "coisas" e não ser uma coisa chutada ou grotesca, mas algo plausível que realmente assusta. Escrevi uma resenha completa para a Revista 21, se quiserem saber mais.
Flores raras (Bruno Barreto, 2013): Estava bem curiosa para ver esse filme e ele me entregou exatamente o que eu esperava, o que não é necessariamente bom (nem ruim). Não mudou minha vida, mas achei um trabalho bem feito, com eventuais exageros melodramáticos, mas bonito e honesto. Gostei bastante do filme não ficar cheio de pudores ao mostrar a relação entre duas mulheres e o fazer como deveria ser feito na minha opinião, uma coisa delicada e bem pouco erotizada. Não sei o que dizer sobre a Glória Pires, porque depois que minha amiga me lembrou dela fazendo papel de homem em "Se eu fosse você" eu não consegui tirar a referência da cabeça, mas adorei o trabalho da Miranda Otto, que interpreta a Elizabeth Bishop. Agora fiquei com vontade de me aventurar nos seus poemas e no livro que inspirou o filme.
Safety not guaranteed (Colin Trevorrow, 2012): Esse filme é minha nova paixonite aguda. A sinopse mostra um filme que tem tudo para dar errado, mas o resultado é surpreendentemente incrível. Um jornalista quer escrever uma história sobre um homem que colocou um anúncio no jornal procurando por um parceiro para viajar no tempo e coloca sua estagiária para se disfarçar de interessada. Esse papel é da Aubrey Plaza, minha pessoa favorita do momento, e a interpretação dela faz toda a diferença. O viajante no tempo é Mark Duplass, um ator que não conhecia até esse filme e que já amo também. Filme ternurinha ao extremo, esperto, bem feito e engraçado do jeito que tem que ser. Sério, vocês precisam assistir. Já disse que tem a Aubrey Plaza e que ela está fantástica?
Beginners (Mike Mills, 2010): Resolvi assistir a esse filme logo, porque a Taryne disse que iria me demitir da vida dela caso eu não o fizesse e que bom que ela é tão boa em me persuadir. "Beginners" é tão maravilhoso que tenho dificuldade de colocar em palavras, coisa que só um filme que toca lá nas profundezas do nosso âmago consegue fazer. Sabe aquela identificação melancólica maravilhosa e dolorida? Pois é. Meus sentimentos todinhos nessas quase duas horas. E como o Ewan McGregor é lindo, não é mesmo? Ele faz parzinho com a Mélanie Lorant (também conhecida como a Shoshana de "Bastardos inglórios"), uma girl crush minha de longa data, falando inglês com sotaque francês, meu novo sonho de consumo. Por fim, Christopher Plummer sendo sensacional em cada minuto que aparece em tela como pai que sai do armário aos 75 anos. Meu Deus, que filme incrível. E ainda tem um cachorro perfeito, que tem falas e não morre no final. Quero tatuar "Beginners" na minha alma.
Celeste & Jesse forever (Lee Toland Krieger, 2012): Ando obcecada com Parks & Recreation e tudo relacionado. Depois de ver um filme com a Aubrey Plaza, foi a vez de prestigiar a carreira de outra deusa que amo, Rashida Jones. Celeste e Jesse se conhecem desde sempre, foram casados por seis anos e estão se separando, mas continuam grudados. Eles ainda são melhores amigos e praticamente dividem a mesma casa, coisa que todo mundo acha estranho. É um filme interessante sobre o fim dos relacionamentos, a forma como isso nos afeta, e também uma perspectiva bacana, que mostra que duas pessoas podem se amar loucamente e ter uma afinidade absurda, mas isso não significa que elas são feitas uma pra outra. Terminei o filme chorando abraçada com Celeste, tamanha a identificação. Socorro.
Amiga, que bom que ninguém ameaça me demitir da vida se eu não ver algum filme, porque se fosse assim eu não teria amigas, HAHAHA. <3
ResponderExcluirO único que eu vi da lista foi "Flores Raras", e eu amei. Minha notícia triste, portanto é: O livro é um saco! Estou me debatendo pra acabar ele, e a cada capítulo que termino me irrito mais porque vejo que ainda não é o final. A história é muito mais sem graça no livro, tem muito mais política que amor, e a escrita é bem cansativa. Fiquei bem chatielly, porque esperava um livro maravilhoso! :(
E sua descrição de "the beginners" tava bem animadora até aparecer um cachorro que fala. Tenho horror a isso! Só acho fofo em desenho animado.. Mas Christopher Plummer é amor purinho, e to com vontade de assistir só pra rever meu Von Trapp..
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue comentário é esse aqui? HAHAHAHAHA
ExcluirCORRI PRA VER HAHAHAHAHAHAHHA
ExcluirEssa é #Couth: Ao invés de vir ler o post, vem conferir o "trem errado" <3
ExcluirOPA, ACHO QUE NÃO QUIS DIZER ISSO #milenices
ExcluirO que eu quis dizer foi que estamos quites. Porque se eu tava numa vibe errada e gostei mais de The Romantics (KATIE HOLMES) do que de Beginners, você compensou achando St. Elmo's chato. Amei demais aquele triângulo e aquele Andrew McCarthy.
ResponderExcluirPreciso muito ver Celeste e Jesse forever e não dormir em Moonrise Kingdom. Mas acho que ver às 4 da manhã não foi a melhor ideia.
Fim da milenice do dia. Beijo <3 ♥
Annoca, ainda bem que você viu Begginers logo. Sabia que você ia se apaixonar por esse filme. Ele é tipo um combo de coisas maravilhosas, citadas muito bem no seu comentário. Quase morri aqui com Banana achando que o cachorro FALAVA. Ai, Banana, hahahaha!
ResponderExcluirEssa comédia romântica com Tom e Meg é absolutamente sensacional. Fiquei com o coração pulando o filme todo. E amo a referência ao filme antigo, que também preciso assistir.
Agora preciso ver Celeste & Jesse e Safety no guaranteed. Mas isso me lembra que ainda não vi Melancholia, o que aumentam os SEUS motivos pra me demitir da sua vida... Mudarei isso, amiga, juro juradinho.
Amo quando você recupera a cinéfila que existe em você porque AMO discutir cinema contigo <3 <3 <3
Nossa, Beginners acabou comigo quando eu vi. Não esperava algo tão melancólico, mas gostei muito. O elenco é amor, especialmente o Christopher Plummer.
ResponderExcluirDesses, acredito ter visto só Beginners. Amor define esse filme.
ResponderExcluir