Está morta a minha lapiseira lilás.
Vida longa à lapiseira.
Estava ontem lendo uns posts antigos do blog e dei de cara com um no qual eu choramingava a perda da minha lapiseira, que desaparecera misteriosamente enquanto eu conversava na hora do recreio. Parece idiota (e é), mas eu lembro exatamente desse dia, lembro que à tarde cheguei na escola pra estudar e meus olhos se encheram de lágrimas porque eu não tinha mais a lapiseira e foi tão forte que eu precisei largar tudo e escrever aquele post.
Alguns dias depois eu fui lá e comprei outra lapiseira, que durou até o fim do ano passado. Veja bem, eu sou excessivamente apegada com as minhas lapiseiras, elas são uma das poucas coisas certas na minha vida. Envelhecer é saber que um dia você já chorou na papelaria porque queria a caixa de lápis de cor de 48 cores e sua mãe disse que compraria a de 24, mas hoje sobrevive com uma lapiseira, uma borracha e uma caneca Bic que veio de brinde naquela última semana acadêmica. E tá tudo ótimo! Porque a lapiseira está ali.
O sumiço da lapiseira de 2010 me abalou de tal modo que quando comprei uma nova, jurei que eu nunca ia deixar ela desaparecer. Porque, como eu contei naquele post de quatro anos atrás, as minhas coisas simplesmente somem, sem qualquer explicação aparente. Era uma questão de honra (e amor pelo meu dinheiro, porque lapiseira não é um troço barato) não deixar a nova sumir, quase que uma forma de honrar todas as outras que vieram antes dela e também de intimidar os nargulés e duendes que ousassem pensar em tirar minha preciosa de mim.
Por diversas vezes eu pensei que tivesse perdido a lapiseira, mas sempre que eu encontrava ela no fundo de uma bolsa, dentro de um caderno, atrás da cama ou presa no meu cabelo, eu me sentia vitoriosa, como se estivesse no controle da situação. Era eu contra as circunstâncias absurdas e inexplicáveis do universo, e toda vez que a lapiseira aparecia, eu sentia que mais uma batalhava estava ganha. Eu contra o mundo, rumo ao hexa, invicta, a campeã voltou, gigante acordou, etc.
Aí eu perdi meu estojo.
Daquele mesmo jeito sem explicação que as minhas coisas somem, meu estojo evaporou da face da Terra. Não existe justificativa plausível, já que eu assisti a aula de francês com o estojo e quando cheguei em casa ele não estava mais lá. Meu professor disse que ele não ficou pra trás, as moças da secretaria não viram nada e ele não caiu dentro do carro e nem está em casa. Ok, meu professor ou algum funcionário da escola bem que poderia passar a mão nele, mas quem é que ia querer um estojo de cerejinhas, com uma lapiseira velha, uma caneta sem tampa que funciona, 18 estragadas, e um monte de papéis de bala dentro? Enfim, meu estojo sumiu e, o que é crucial nesse momento, minha lapiseira permaneceu. Eu estava mandando tão bem nesse jogo que fui capaz de perder um estojo inteiro, mas consegui manter minha lapiseirinha lilás, que estava bem segura dentro de um livro - pra vocês verem que ser desorganizada tem seu lado bom.
2014 chegou, ano novo, vida nova, decidi que era hora de criar vergonha na cara e comprar um estojo e umas canetas. Cheguei na primeira aula do ano toda pimpona, com meu caderno novo (ah é, eu consegui perder meu caderno), meu estojo reluzente, minhas canetas coloridas e a lapiseira lilás velha de guerra. Que se desfez na minha mão antes que eu pudesse escrever a data no caderno. Assim, sem mais nem menos. Eu cliquei e a lapiseira quebrou, os pedaços começaram a deslizar e eu não consegui montar ela de volta. Guardei e fingi que nada aconteceu, porque vai que ela resolve se montar sozinha. Esperei uns dias e: nada. Até tutorial no Youtube eu procurei para ver se consertava a bendita, tudo sem sucesso.
Minha negação dessa vez durou pouco mais de um mês, porque eu tinha uma prova pra fazer e uma hora a gente descobre que ficar apontando lápis não é lá um troço muito produtivo. Comprei uma lapiseira nova, que não era magicamente bela e lilás como a antiga porque na papelaria da faculdade eu só encontrei aquela azul com cara de coisa de pai, mas tudo bem. É o mesmo modelo, a mesma linha, a mesma gramatura (o cara da papelaria usou esse termo e eu achei tão chique que tive que replicar) e ela há de viver para vingar o sumiço e o desmantelamento sem explicação de suas antepassadas.
Vida longa à nova lapiseira.
Que todos fiquem cientes de que estou trabalhando a 01 dia com a lapiseira, sem acidentes ou sumiços.
(Vou fazer um cartão assim e colocar na minha escrivaninha)
Minha negação dessa vez durou pouco mais de um mês, porque eu tinha uma prova pra fazer e uma hora a gente descobre que ficar apontando lápis não é lá um troço muito produtivo. Comprei uma lapiseira nova, que não era magicamente bela e lilás como a antiga porque na papelaria da faculdade eu só encontrei aquela azul com cara de coisa de pai, mas tudo bem. É o mesmo modelo, a mesma linha, a mesma gramatura (o cara da papelaria usou esse termo e eu achei tão chique que tive que replicar) e ela há de viver para vingar o sumiço e o desmantelamento sem explicação de suas antepassadas.
Vida longa à nova lapiseira.
Que todos fiquem cientes de que estou trabalhando a 01 dia com a lapiseira, sem acidentes ou sumiços.
(Vou fazer um cartão assim e colocar na minha escrivaninha)
Adorei o texto! Depois de toda essa história, me senti mal por a lapiseira ter se quebrado do nada depois de passar tanto perrengue.
ResponderExcluirEngraçado identificar com seu pânico relativo a ter perdido a lapiseira... Achei que era a única com essa neura! Sem brincadeira, o pior pesadelo que tive e de que lembro foi exatamente sobre isso... Em algum momento eu perdi minha lapiseira e passei o resto do sonho numa angústia e desespero inexplicáveis procurando por ela. Juro que acordei chorando no meio da noite e enquanto não a encontrei de verdade não sosseguei, haha.
ResponderExcluirO sumiço das tuas coisas me recorda aquela lorota que era passada de e-mail a e-mail sobre o sumiço das canetas Bic. Canetas Bic não são canetas: são sondas extraterrestres que estão na Terra para conhecer os humanos. No futuro, os ETS virão para cá em definitivo e será o fim da nossa espécie. Por isso a caneca Bic nunca acaba. Ela SOME. Misteriosamente.
ResponderExcluirAcho que é uma boa teoria.
Nunca fui muito apegada a essas coisas (acho), mas sempre namorei vitrines de papelaria e sou traumatizada porque não tive lápis de cor com 48 cores.
Beijinhos.
Me identifiquei com o texto, apesar de nunca ter conseguido usar por mais de um mês uma lapiseira. Mas no quesito 'sumiço' me identifiquei por inteira, uma vez consegui sumir meu fichário, e foi um desespero que só, até eu refazer meu percurso e descobri que deixei no vestiário.
ResponderExcluirAna eu adoro seus textos, faz um tempinho que eu descobri seu blog, e me identifiquei em vários posts, adoro tua escrita. Parabéns!
HAHAHAHHAHAHAHHA Gente, você me fez rir com esse post e eu te amo por isso, tava precisada. Morri com a pobre desintegrando!
ResponderExcluirCombinamos nesse negócio de lapiseira porque eu sempre fui apaixonada pelas minhas e tive relacionamentos longuíssimos com elas. Eram as únicas coisas sobreviventes no meu estojo. Pena que agora eu não uso mais =((( Fiquei com vontade de estudar de novo só pra usar lapiseira, escrever com elas é tão gostoso <3 Lápis grafite é um saco, nem se compara.
Gostei da sua lapiseira nova, mas pra mim seria muito fina. As minhas sempre foram Pilot, sabe? Acho bonitas demais.
E uma curiosidade: qual grafite você usa??
Beijo, amiga <3
HAHAHA, amiga! Até nisso somos parecidas. Mas eu, apesar de perder as minhas coisas facilmente, se bem me lembro, só perdi UMINHA lapiseira. Não que isso signifique que eu tenha tido 2, e uma esteja comigo até hoje. Mas porque as minhas era que nem a sua lilás: DESMANTELAVAM na minha mão, em um belo dia, sem motivo aparentemente. Mas eram bem mais suicidas, duravam NO MÁXIMO 1 ano. Eu estragava tanta lapiseira que meu pai resolveu me dar a PENTEL dele. Ele falava TANTO da tal da Pentel que eu fiquei realizada. Era preta. Chique. Total coisa de pai, mas eu me senti muito importante. Essa não quebrou. E foi a tal que eu perdi. Em tipo, uma semana. Papai ficou tão feliz!!!! Depois disso tive várias fabers. Até que tive uma que durou a faculdade inteira, porque eu nunca mais usei lapiseira, só caneta. :( Sdds!
ResponderExcluirTe amo!
Fiquei pessoalmente ofendido com as ofensas aos preciosíssimos lápis!! :(
ResponderExcluirE olha a importância de se citar as fontes: ainda bem que vc contou que a gafe foi do cara da papelaria e não sua kkkk Não existe gramatura de lapiseira.
Eu tinha uma lapiseira lilás que sumiu misteriosamente ano passado e esse ano fui achar nas coisas da minha mãe. Nesse meio tempo comprei 3 lapiseiras que ia perdendo e tempos depois achando também e agora vivo num mar de lapiseiras (uma delas tem um pinguim em cima e eu morro de vergonha de escrever na sala, mas é tão linda <3)
ResponderExcluirQue episódio bárbaro esse da lapiseira se desintegrar, nunca vi isso, Anna. HAHAHAHA Muito bom mesmo! Espero que dessa vez essa lapiseira dure. #oremos
Beijos <3
Engraçado e comovente, porque também já passei por momentos semelhantes. Adorei o texto, me identifiquei um bocado até.
ResponderExcluirE vida longa às lapiseiras!
Não tenho esse apego todo às lapiseiras :( Pra falar bem a verdade, eu uso muito mais lápis do que lapiseira. Mas depois de ler seu texto senti falta de uma conexão dessas com um objeto inanimado. Acho que vou até resgatar minha lapiseira velhinha que está perdida e encardida em um estojo. É igual a sua, mas 0.9 (amarelitcha). Vida longa à lapiseira nova!
ResponderExcluirAi, como é ruim perder nossas coisinhas. Não gosto, por mais bobo e besta que seja a coisa, sinto um apertinho no peito quando perco.
ResponderExcluirAntes, me remoía mais com as perdas. Hoje, 'guento bem o tranco, não sem umas poucas e boas lamentações, claro.
Sacudindo Palavras
kkkkkkkk Ri demais com o post, minhas lapiseiras sempre dão problemas, as vezes dão defeito na mola e perde-se a firmeza para escrever, isso me irrita, a lapiseira ideal para mim tem que ser 0,7 e o grafite marca CIS, não gosto do da Faber, muito fraco.
ResponderExcluirAmiga eu sou a louca das canetas e estojo em geral. Mantenho até hoje um estojo que funciona como um "cemitério das canetas" porque eu não conseguia jogá-las no lixo. Lapiseira então! Tenho um amor eterno por uma bic roxinha que me acompanha desde o terceiro colegial e não me abandona nunca. Mas neste ano resolvi comprar uma irmã pra ela e comprei uma novamante da bic, desta vez verde com roxa.
ResponderExcluirVida longa à sua lapiseira brand new!
(quanto aos sumiços, aqui em casa chegamos à conclusão que duendes existem e gostam de levar algumas coisas sem explicação. só pode!)
Caramba! Comigo as canetas simplesmente param de funcionar, do nada hahahahaha! Juro, há anos isso acontece e eu já até pensei que era por que minha mão era fria demais e endurecia a tinta (a LOUCA!), hahahahaha! Hoje em dia já me conformei e devo comprar uma caneta por mês, quando elas não se perdem no estágio!
ResponderExcluirVida longa à sua nova lapiseira! risos!
Beijos!
Essa sua saga deu todo um gosto especial, porque além de sermos super parecidas com esse apego, eu ainda tenho todo o peso do desenho. Porque lapiseira boa é lapiseira que rende os melhores desenhos, tem que ter o peso ideal, essas coisas. Gosto de lapiseira mais gordinha e pesada, com jeito daquelas canetas de brinde, sabe? Só que pesada, hahahha.
ResponderExcluirAmo tanto que guardei os dois cadáveres de lapiseira do ensino fundamental/médio, e em 2011 fui à redenção quando achei A Lapiseira lá em Londres. Fiz estoque? Lógico que não. 2013 Dindi filhota me chega e rói a minha preciosa lapiseira inteira, e foi a única vez que bati nela (ai que dó). Pedi outra pelo ebay, nunca chegou, e entreguei uma foto para uma amiga que estava indo pra lá, depositei o dinheiro na conta dela e tudo, e também não deu certo. Não sei o que concluo disso #couth.
Mas passo aqui para desejar uma linda vida à sua lapiseira nova, maravilhosa, e que um dia eu possa me encontrar de novo com a minha querida da Muji </3
Passei por coisas muito parecidas. Hahaha. No caso a minha é uma azul que eu não troco por nada.
ResponderExcluirAté o fim do ensino médio eu usava lapiseira também, achava mais prática e não precisava ficar apontando (apesar de terem lançado umas que o grafite era mais grosso e a gnt tinha que apontar que eu achava super legal), além de o traço fino sempre, ser bem melhor.
ResponderExcluirMas daí veio a faculdade, onde as provas tinham que ser a caneta e os desenhos tinham que ser a lápis 6b, e a lapiseira foi deixada de lado.
Lendo teu post percebi que não tenho nenhuma lapiseira atualmente e que muito pouco uso lápis também. É uma pena, afinal, lembram uma parte boa da minha vida.
Boa semana (:
Tenho um péssimo histórico com lápis e lapiseiras, chegando ao nível de amarrá-los na borracha e manter a borracha presa ao zíper do penal, só pra garantir. Aí um dia convenci minha mãe a me dar uma pentel que custava 30 reais e ela disse "ok, mas se você perder essa eu nunca mais compro outra" e quando minha mãe fala essas coisas ela fala sério. Faz cinco anos que tenho minha lapiseira e já perdi ela duas vezes, mas não mencionei pra mamãe, ela foi encontrada, está viva, funciona e eu juro que teria um surto muito insano caso ela simplesmente se desmanchasse na minha mão. Porque lapiseira é lapiseira. Ela passou muito tempo e muitos textos com a gente, tem todo um laço afetivo, sacanagem simplesmente sumir!
ResponderExcluirAbraços!
Mas gente UHSDUAH adorei o texto!!
ResponderExcluirOlha, eu já desisti de lapiseiras lá pela sétima série! Sempre quebravam, sumiam, eram roubadas... enfim!!! E o pior de tudo, as pontas sempre m irritavam! Perdiam todas, além de quebrarem facilmente.
Hoje sou uma adepta a lápis e não poderia estar mais satisfeita!
Bjs
followingthesnow.blogspot.com
Acho que tenho o mesmo sentimento, mas por lápis. ADORO lápis (e borracha, por consequência). De alguma forma, perco todos. Quando preciso, estou sem. Cheguei no nível de comprar um lápis para cada lugar que vou, quase um por cômodo da casa. Ainda assim: perco todos.
ResponderExcluirNunca me senti com a necessidade de vingar os objetos perdidos. Talvez eles que fujam de mim e eu não tô sabendo.
A primeira vez que eu li esse texto achei engraçado, hoje lembrei dele enquanto estava comprando uma lapiseira 0.3 (rosa), outra 0.5 (preta), uma 0.7 (azul) e a 0.9 (roxa). Rezando para que elas não fujam, morram e durem para sempre....... E não é engraçado mais.......
ResponderExcluirMe comovi com a sua história, porém, ao contrário de vc, eu estou querendo me livrar da minha lapiseira. Quero uma que permita escrever por uma hora inteira sem machucar a mão, mas é muito difícil encontrar uma. Observo essas pequenas coisas também e dou valor a elas. Além disso, estou procurando O GRAFITE, aquele que não vai quebrar enquanto eu faço uma extensa conta de matemática e me fazer perder o raciocínio.
ResponderExcluirP.s.: Vc é formada em letras, jornalismo ou algo do tipo? Vc escreve muito bem!!!
Tive o desconforto de perde meu estojo nos tempos de escola com minhas canetas favorita que 😤eu senti no dia
ResponderExcluirMuito tri o teu texto, guria. Eu também sou apegado às minhas lapiseiras. Tinha uma pilot shaker, aquela que você dá uma sacudida e o gravite avança, mas fui desentupir e perdi uma minúscula peçinha e não funciona mais. É difícil de achar porque não fabricam mais.
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