quinta-feira, 3 de julho de 2014

A problemática do David Luiz

Ou: Paixões circunstanciais


Comecei a gostar do David Luiz como uma personagem de filme adolescente que de repente se interessa por aquele cara que não tem nada a ver com ela, que senta do outro lado da sala. Poderia ser um bad boy, fosse eu uma mocinha de fita no cabelo, ou um nerd esquisito, fosse eu a rainha do baile. O que sei é que, de repente não mais que de repente, me vi prestando mais atenção do que o normal no menino David, sempre interrompendo minhas atividades para vê-lo em algum comercial ou notícia na TV e transferindo minha atenção para a zaga do Brasil, tirando o privilégio do ataque. Um dia, concluí resignada, que era amor. Não sabia explicar, só sentir. 

E eu não sabia explicar mesmo, porque até essa Copa nunca tinha gastado mais de três minutos do meu dia com ele. Lembro pouco da Copa das Confederações e estava por demais preocupada com Xabi e Casillas para ver correndo o cara do cabelo engraçado. Hoje, não sei como fui capaz de tamanho despautério, porque acho impossível assistir qualquer jogo do Brasil sem ficar vidrada nele. 

YOU WANNA A PIECE OF ME?

Antes de me render, como manda a cartilha dos romances inusitados, tentei encontrar justificativas racionais que explicassem tão profunda e irremediável queda, mas não havia. O cabelo, a princípio, parece um erro inquestionável, mas surpresa grande é ver que, se ruim com ele, pior sem e o rosto também não é lá grandes coisas. Que ele é uma ótima pessoa todos sabem, jogador idem, maior brasileiro de todos os tempos, etc, mas meu papo hoje é muito menos nobre e bem mais físico. 

Observando o David e outros jogadores do coração, concluí que essa bossa, esse frisson, e essa explosão de ovários que os caras tem nos provocado dia após dia, às vezes três vezes ao dia (saudades, fase de grupos!), vem muito mais da circunstância do que do próprio mérito. Talvez eu seja especialmente vulnerável a essas demonstrações de vigor e testosterona na minha TV, mas tenho a impressão que jogar bola transforma os caras, e pra muito melhor. Veja o Casillas: basta ver a figurinha dele no álbum da Copa ou qualquer outra foto, sério, o cara não nasceu pras câmeras pra perceber que o cara não é bonito, mas nem o sarrafo que ele levou da Holanda me deixou menos disposta a trocar de lugar com a Sara Carbonero. E eu, que nunca fui tiete do Neymar e ainda tenho dificuldades pra entender o apelo, dei o braço a torcer no jogo de Camarões. Até que ele é engraçadinho, né?

partiu jornalismo esportivo
Esse fenômeno das paixões circunstanciais não é novidade na minha vida. Sou maria-palheta e nunca neguei, e acredito cegamente no poder de um palco pra transformar qualquer zé roela desdentado em muso do verão, ardente tentação. Não posso ver um cara segurando um violão ou uma guitarra que minhas impressões se alteram completamente: pode até não virar amor platônico, mas nunca vou enxergar ele como um qualquer. É fácil defender isso quando se pensa em exemplos como Brandon Flowers, Alex Turner ou Dave Grohl, mas numa iluminação adequada eu encarava um Jeff Tweedy feliz da vida, e depois do show do Radiohead, quis beijar o Thom Yorke (O THOM YORKE) dentro de um carrinho de supermercado ao som de Fake Plastic Trees. 

Tô falando de rock, mas o buraco pode ser mais embaixo: penso que essas paixonites por jogadores de futebol são uma digievolução dos nossos romances imaginários com os membros de alguma boyband. Você sabe que aquilo é um erro, os cabelos são sofríveis, o figurino é lamentável, eles fazem coreografias cafonas e a maioria não canta nada, mas eu sei que todo mundo curtia o Justin mesmo na fase do cabelo de miojo, e eu já queria trazer todos os membros do One Direction pra casa antes mesmo deles virarem homenzinhos e passassem a ter barba na cara. 

Aí o tempo passa e a gente se pergunta o que tinha na cabeça para querer casar com o Justin Timberlake dos anos 90, como nunca percebemos que a chapinha que o Danny Jones fazia no cabelo não era nem um pouco legal, e que só comeu mais titica que o Harry quando tatuou aquela borboleta na barriga, quem um dia achou ela meio sexy (oi). Do mesmo modo, quando a Copa acabar, vou bater na madeira três vezes por três meses por, num impulso, ter gritado ME BEIJA, MESSI, depois de uma falta muito bem batida ou então por ter perdido tanto tempo investigando a namorada do David Luiz, morrendo de ciúmes dos dois se pegando na praia, na capa de uma revista de fofoca portuguesa meio antiga. 

Mas até lá, só consigo pensar que a única coisa mais linda do que sua empolgação comemorando os gols, só mesmo o que acontece com seu cabelo enquanto ele corre em campo.

13 comentários:

  1. Amiga, essa fase tá muito engraçada mesmo. Não só a gente passa 50 minutos falando de centro-avantes no telefone como estamos virando marias-chuteira de primeira qualidade. Nunca dei bola pra jogador de futebol e ando transtornadíssima. Não coloquei David na minha lista, mas ele anda mexendo comigo HORRORES. Depois daquele gol que ele fez no jogo passado eu fiquei apaixonada. Confesso que a gente tem tanta mania de se apaixonar pelas circunstâncias que quando eu conheço um cara (cofcof) e fico em dúvidas se ele é bonito ou não, eu trato de imaginá-lo correndo em Campo ou fazendo um filme. Claro, a vida na televisão é muito mais bonita. Fosse ele um jogador da Espanha ou um protagonista de série de hospital (cofcofcof) eu estaria achando ele lindo? Sim, estaria, então ele é lindo. HAHAHAHAHA OLHA O NÍVEL!
    Te amo! <3

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  2. Eu amo seus textos, sem mais. Você é sempre tão sincera e espontânea e quase sempre está aqui falando por mim com tamanha maestria. Também sou maria-palheta, uma das maiores, sem dúvida alguma. Mas essa copa talvez tenha me transformado numa tremenda Maria Chuteira, não só pela quantidade de homem lindo que nos visitou e ainda está visitando, mas pela humanidade que alguns deles vem mostrando, como é o caso do David Luiz.

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  3. Depois desse seu texto é até impossível terminar a leitura sem se apaixonar um tico que seja pelo David Luiz! Já o achava um cara legal depois que assisti a uma entrevista com ele no Esporte Espetacular, mas você o exaltou de uma forma que fica difícil resistir. Nessa Copa o que eu tinha como queridinho, o Piqué, sequer mostrou a que veio e já foi pra casa, então acho que tudo bem curtir a vibe dos cachinhos do David! Um beijo!

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  4. Anna, amei esse texto! Aliás, estou adorando essa série de crônicas e agora que tô quase concluindo meu semestre me dei tempo pra comentar. Mas ainda quero comentar o primeiro texto, que é genial (fica aqui o início). Estou achando muito engraçado ver as confissões de paixonite alheia, de tudo que é tipo de amiga minha, pelo David Luiz. Porque em algum momento antes dessa Copa começar eu caí nesse buraco também e estou esperando encontrar a saída. Acho que aquelas reportagens do Jornal Nacional sobre os jogadores da seleção começaram com ele e possivelmente vem de lá. Possivelmente. Mas é coisa sem explicação. Tão sem explicação que eu também até que tava achando o Neymar engraçadinho um dia desses, deixa eu confessar. Essa Copa tem despertado em mim muitas dessas paixões circunstanciais. Ok que elas passam depois, mas primeiro partem meu coração quando vão embora cedo demais (saudades Marchisio. Saudades).

    Beijo!

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  5. tô nessa junto com você u.u
    ontem mesmo estava pensando como o muller era engraçadinho em campo oksoksoks.

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  6. Olá Anna, adorei seu texto. Após o término do segundo jogo do Brasil, ainda estava perto da TV, mas sem prestar atenção, quando um repórter começou a entrevistar David Luiz -até então eu nunca tinha ouvido falar ou reparado em David Luiz, futebol só assisto na Copa, rs- quando sua voz, seu jeito de falar, ele fala muito bem diga-se de passagem, enfim, sua comunicação em si me chamou a atenção, e eu fiquei simplesmente paralisada em frente a TV, hipnotizada por ele, ele transmite algo inexplicável, independente sobre o que estiver falando. Desde então, já sei tudo sobre sua vida profissional e pessoal, aquilo que é acessível, claro, hehe. Circunstancial, ou não, o fato é que David por si só me chamou a atenção. Sim, descobri o David através da copa, poderia ter sido em qualquer outro jogo, nacional ou internacional que alguém estivesse assistindo e eu por acaso perto, em alguma outra entrevista, ou nunca ter descoberto. Pelo que passa, tem uma personalidade e caráter incrível, ponderado, equilibrado, educado, determinado, sensível, companheiro, guerreiro profissionalmente, inúmeras qualidades essenciais em uma pessoa, além de possuir um charme que deixa a mulherada de queixo caído, hahaha. Enfim, quando estava dando meu google diário sobre David Luiz, encontrei seu texto e não pude deixar de comentar porque me identifiquei muito. Já estava pensando que estou louca, essas paixonites são estranhas, né. Um beijo

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  7. Ai meu coração. Sou apaixonada por menino David Luiz.
    Não sabia que ele tinha namorada e cá estou chorando no canot, porque pensava que eu ainda tinha chances. Poxa. :'(
    O meu namorado (o real) tem ciúme dele. Imagina! Ter ciume dessa coisa linda, gostosa, com esse cabelo maravilhosamente estranho, que joga muito bem o futebol e é rico????
    Essa última foto mexeu comigo. For real. Hahahaha
    Beijo <3

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  8. Te odeio profundamente por ter me mostrado essa foto do David Luiz sem cabelo!!! hahahaha. Gente, o maior problema é que há poucos que se salvam na nossa seleção, acho que é por isso o destaque dele. Mas ai, adoro o cabelo, a espontaneidade, ele jogando. E não quero saber dessa namorada hunf. Só sei que ele nasceu em 87, que já namorei caras mais velhos que ele então NÃO CUSTA SONHAR rs. O que me faz pensar que um dia serei mais velha que todos os jogadores (menos dos tipo o Pirlo, isso ainda vai demorar um pouco) e QUE DEPRESSÃO.

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  9. Eu não acho que vem muito mais da circunstância que o próprio mérito. O David Luiz chegou até onde chegou por próprio mérito. Lei ação-reação, há e há de haver reconhecimento. Se alguém se destaca em algo, é porque faz por onde. A diferença é que é uma pessoa pública, em que fica exposta, assim, obviamente a admiração do público é maior, consequência.

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  10. É algum vírus, só pode. Reparou no tanto de anônimo@s que vieram ao post? Todo@s infectad@s procurando uma explicação!

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  11. Davizinho é amor demais exatamente por ter aquele não sei o quê. É todo um combo, na verdade. Personalidade, puta carisma, MELHOR ZAGUEIRO DO MUNDO e aqueles olhinhos de menino <3 Podemos tentar explicar, mas só sabemos sentir mesmo.
    Bexos!

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  12. HAHAHAHAHAHAHAH Me reconheci tanto no texto <3 sdds Kevin Jonas.
    Sinceramente, meu amorzinho pelo David Luiz ainda não é tão imenso quanto o de vocês. Eu só morri rindo dele naquele vídeo do Esquenta e fiquei fissurada na simpatia dele, tenho vontade de ficar falando com ele por umas horas e rindo horrores. Minha paixão na Seleção atual é o Victor, terceiro goleiro reserva, goleiro principal do meu time. Aquele ali, nem sei explicar.
    E, olha, trocar de lugar com a Sara Carbonero: quem nunca quis?!
    Esses dias, stalkeei (?) e até SEGUI a esposa do Messi. Mais por inveja do bebê deles, que é terrivelmente fofo, do que dela em si por causa do marido.
    Acho muito gostoso esse frisson que vem de quatro em quatro anos com esses jogadores que a gente vai esquecer assim que acabar a Copa e só lembrar da existência daqui a mais quatro anos. Tieto mesmo e não estou nem aí.

    P.S. Sdds Cris Ronaldo, Casillas, Xabi Alonso, Piqué, goleiro da Grécia que não sei o nome, e tantos outros. Vocês tiveram todo o meu amor por um período de tempo curto demais. #GuerreirosAbatidos

    P.S. 2. "O cabelo, a princípio, parece um erro inquestionável, mas surpresa grande é ver que, se ruim com ele" SOCORRO AHUAHUAHAUAHUAHU

    Beijos, Anna! <3

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  13. Anna te entendo completamente e confesso que tenho uma queda pelo David Luiz também, aliás estou colecionando paixonites agudas nessa copa e muitas sem muita explicação, como é o caso da minha queda pelo Müller, eu casava hoje se pudesse, largaria tudo e #partiualemanha e olha que naquela seleção da Alemanha existem muitos outros mais bonitos. Acho que o futebol exala masculinidade e deixa os nossos hormônios loucos, mas não é com todos, porque o tal do Ribéry nem se eu estiver muito necessitada hahaha e não há futebol que me faça achar o Neymar bonito.
    Parabéns pelo texto, beijos.

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