domingo, 8 de maio de 2011

Purple rain



Acho que é no segundo episódio de Gilmore Girls que a Rory acorda atrasada pro seu primeiro dia de aula numa escola nova e começa a puxar sua mãe, Lorelai, da cama pelos pés. Eu passo por isso quase todos os dias. Eu acordo primeiro, escovo os dentes, arrumo minha cama e começo a chamar minha mãe. Eu tenho que sacudí-la ao menos umas três vezes, todos os dias. E sim, eu já comecei a puxá-la pelos pés quando, num dia frio, ela se recusava a sair da cama e nós estávamos atrasadas.

Aliás, acho que foi num desses dias frios em que ela se recusava a sair da cama que eu estava num mau humor extremo porque já estávamos atrasadíssimas, eu corria o risco de perder a primeira aula - que era importante -  e o trânsito da escola estava caótico por causa da chuva. Eu estava realmente muito brava com a minha mãe e nós não trocamos palavra alguma em todo trajeto. Eu fingindo ler um livro com os pés no painel do carro e ela cantarolando baixinho qualquer coisa só pra me irritar. Lembro que passamos mais de dez minutos num único semáforo, ele já havia aberto e fechado umas três vezes e, porque chovia muito, não não conseguíamos passar. Foi então que eu resolvi ligar o rádio.

Mamãe começou a zapear pelas rádios ruins de Uberlândia até que eu ouvi uma melodia conhecida e praticamente gritei para que ela parasse, tamanha minha euforia. Eu nunca tinha escutado essa música no rádio antes. Aumentei o som, minha mãe me olhava com uma cara estranha enquanto eu ria sozinha dos primeiros acordes muito bregas. "Não muda, por favor, eu amo essa música". E o refrão foi se aproximando e eu não resisti: I ONLY WANT WANT TO SEE YOU LAUGHING IN THE PURPLE RAIN...

Quando eu pronunciei as duas últimas palavras, mamãe arregalou os olhos ao reconhecer que música era, me olhou rindo e nós duas cantamos juntas, bem alto, o refrão. PURPLE RAIN, PURPLE RAIN! E por todo tempo que o sinaleiro permaneceu fechado, nós duas ficamos lá cantando e balançando os cabelos junto com o Prince. E ao chegarmos na escola eu nem lembrava mais que estávamos brigadas, ela me beijou na testa e me deu um tapa de leve na perna. "Estamos bem? Cê sabe que dá azar sair do carro brigada com mãe. Sorry." Assenti com a cabeça e disse que a purple rain me esperava. Tudo estava bem.

Feliz dia das mães para todas as mães do mundo, e para a minha, que consegue gostar de Prince, Rufus Wainwright e Caldeirão do Huck ao mesmo tempo.

13 comentários:

  1. Acho que todo mundo tem alguma história fofa de mãe para contar né! Elas são tão queridas, tão fofas que é praticamente impossível ficarmos bravas com elas por muito tempo! Beijos para a sua mammys! Beijos

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  2. Feliz dia das mães pra sua mamãe, Anna! Adorei a história do post *.* É tão bom curtir com elas, né? Companhia sempre boa! Beijo :*

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  3. Anna, sinceramente, você quer fazer azirma com a mãe perto começarem a chorar? Porque né! Post não precisa de declaração, falar que a sua mãe é a melhor do mundo... esse episódio tão simples e característico dessa relação é mais que suficiente. Sério, me emocionei e vou sair dessa página antes que eu comece a chorar!!! #tpm
    beijos

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  4. Aqui é Raul Gil, Angra e Aerosmith. Como não amar?
    E olha: aproveita esses tempos de atrasos e brigas matinais. Eu acordo sozinha, todo dia, e deixo minha mãe dormindo, pq é muito cedo. Daria qualquer coisa pra brigar com ela de manhãzinha...

    (E ela me diz que às vezes fica me vendo indo embora, pela janela.)

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  5. Só pra comentar que achei uma fofura sua história.

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  6. Nunca na minha vida precisei acordar minha mãe, sério. Ela é muito agitada, não para nunca (tá sempre reclamando por isso, mas quando tira um dia de "folga" reclama mais ainda porque não tem nada pra fazer, vai entender). Meu analista falou que minha mãe tem um pouco de culpa no meu transtorno de ansiedade porque eu sou BEM mais calma que ela, mais relaxada pra qualquer tipo de coisa e ela fica me agoniando dizendo que não vai dar tempo fazer num sei o que, que a gente vai chegar atrasada num sei aonde e aí já viu, né? Me desespero total. Acho que é porque ele (o analista) é seguidor de Freud.

    Eu e minha mãe temos poucas semelhanças, culturalmente falando. Não gostamos das mesmas coisas, nem dos mesmos programas ou músicas, mas eu assisto com ela qualquer chatice que seja só pelo prazer da companhia ^^

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  7. Ai que amor vocês. Feliz dia das mães pra tua mãe, pra minha, pra todas! Merecem.
    Beijo Anna (:

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  8. Que post lindo!!! (desculpa, eu só vou comentar isso - porque é tudo o que eu consigo pensar depois de terminar de lê-lo)

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  9. Anna, esse seu post ficou um amor!

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  10. Ai, não adianta... a única coisa que consigo comentar é: Puuuuurple rain! Puuuuuuuuurple raaaaiiiiin!

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  11. Mãe é mãe, não importa o quanto elas nos irritem às vezes! Essa história soou muito familiar!
    Beijos

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  12. kkkk! PARABÉNS de verdade para as nossas mamães queridas que nos aguentam esses anos todos!
    Um beijo pra sua mãe tb Anna!

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  13. Eu sempre patamente choro com estas coisas bonitinhas que você escreve. Parece Thelma and Louise.
    beijos!!!

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