Não sei como é a relação que vocês tem com seus amigos mais próximos, vai saber se vocês são muito maduros e contidos e vão achar tudo isso uma maluquice, mas minha relação com meu grupo de amigos é, na maior parte das vezes, uma zoação eterna. A gente vive de tirar sarro um da cara do outro e de se atormentar e provocar a todo tempo, e foi nesse contexto que surgiu a Gossip Girl.
A Carol é uma daqueles pessoas que toda turma tem que ter: de língua afiada e maldade inata, ela é aquele elemento do grupo que sempre bota lenha na fogueira e o tipo de pessoa que teria a ideia de começar a enviar mensagens no celular de todo mundo com 'spotteds' difamadores envolvendo todo o pessoal em situações absurdas e mortalmente engraçadas. Assim, a Rinna que tinha uma queda por um cara da academia que nunca ia na aula, virou rapariga apaixonada por um caminhoneiro e eu, que nunca suportei meu professor de Literatura, virei seu affair secreto.
Antes de continuar a história, um parágrafo sobre o professor de Literatura que aqui chamaremos de Professor: ele nos deu aula no primeiro e no segundo colegial; no primeiro ano, eu não o suportava, mas gostava das aulas, e no segundo eu não suportava nem um nem outro. Minha antipatia por ele era tão forte que durante as aulas eu ficava visivelmente irritada, bufando, virando os olhos, e minhas amigas ficavam me observando ter arroubos de antipatia como uma atração à parte. O Professor era daqueles que, do nada, começam a falar sobre sua vida pessoal, experiências amorosas, e juro que não era interessante. E ele também entrava numas, vez ou outra, de ficar profundo e incorporar o palestrante motivacional e nos enchia com filosofias de RH enquanto deveria estar dando aula. Era tipo a morte. De modo que, óbvio, não demorou muito pra Carol começar a falar que essa birra toda nada mais era que paixão recolhida, dor de cotovelo, e que eu, secretamente, era apaixonada por esse Professor.
Um belo dia, o Professor resolve passar um trabalho em que deveríamos apresentar, de forma ~criativa~, um conto do Machado de Assis. Meu grupo resolveu fazer uma adaptação teatral de Dona Paula, e eu era a personagem que dá nome ao conto. No dia da apresentação, fomos caracterizados, e eu usava um vestido longo verde e um lenço florido da mesma cor amarrado como um xale. No fim da peça, o Professor me fez o favor de elogiar o vestido e pronto, a Gossip Girl logo soltou a bomba de que nós dois tínhamos um affair secreto.
Naqueles dias, a Gossip Girl estava com a corda toda, e em praticamente todos os horários o celular de todo mundo tocava com novas pérolas da inventiva mente de Carolina, indo desde festas da camiseta molhada em Ibiza organizadas pela nossa amiga mais CDF até a revelação de que o Matheus havia falido e tinha sido pego roubando uma loja do shopping, que nem a Marissa em The OC. As mensagens chegavam, as pessoas riam, mas no horário seguinte tudo era esquecido. Mas nós estamos falando de mim. Quando a Gossip Girl soltou que eu tinha sido vista com o Professor no dia dos namorados na fila do Hot Dog do Paulão - como o nome revela, um local um tanto peculiar -, a coisa se tornou um viral. Todo mundo achou sensacional, todo mundo riu horrores, todo mundo tinha uma situação nova pra colocar a pobre Anna Vitória de vítima. Eu tentei reagir, tentei mandar mensagens com coisas cabeludas envolvendo o nome de dona Carolina, mas não foi o suficiente. Novamente, estamos falando de mim, e poucas coisas parecem ser tão divertidas quanto rir da minha cara.
E aí que a história dura até hoje. Virou piada interna. Na última mensagem da Gossip Girl, ela disse que nós dois havíamos sido flagrados tendo aulas de tango para apimentar a relação, já que andávamos distantes porque eu tenho estudado muito, ele não me dá aula mais, e agora estamos em prédios distintos na escola. Me divirto com toda essa história também, e fico pasma com a capacidade dos meus amigos de pensar e criar bobagens a qualquer hora do dia, sobre qualquer situação. O problema é que essa história do Professor já é tão rotina que muitas vezes falamos disso perto de outras pessoas que não do nosso grupo e elas ficam confusas. As pessoas me olham curiosas, perguntando se eu tenho uma quedinha por ele. Claro que ninguém acredita no ~affair~, mas me sinto mal o suficiente sabendo que as pessoas podem achar que eu gosto-gosto do referido.
Aí que nesse fim de semana eu saí pra comer pizza com uns amigos e nesse grupo estava irmã de uma amiga minha, que estuda na mesma escola que a gente, mas num prédio diferente, sem nunca ter tido contato meus amigos linguarudos e muito menos com a perigosa da Carol. Falávamos sobre os professores de Literatura, e eu dizia que preferia, disparado, o professor que me dá aula esse ano. A irmã da minha amiga, que é minha amiga também, me olhou meio confusa e perguntou: "Ué, mas você não gostava do Professor?".
Em outras palavras, passaram-se três anos e eu continuo na boca do povo. Mais um pouco eu viro lenda urbana do colégio. Gostaria de agradecer a todos os envolvidos.
(Como se soubessem que eu estava escrevendo a respeito, hoje, Matheus e Carolina atacaram mais uma vez. Cheguei em casa, abri o Twitter e dei de cara com esse simpático diálogo. Essa edição porquinha foi feita no Paint só pra evitar possíveis dores de cabeça. É pra ler de baixo pra cima, ok?)
Hahahaha! Também fui obrigada a rir da sua cara, Anna! Não teve jeito, sabe... A melhor forma de zoar a gente é dizer que temos quedinha por um cara que a gente detesta, né? Piadas internas sempre divertem - só é ao contrário quando a gente escuta e não entende patavinas. Beijo!
ResponderExcluirTerrível quando isso acontece. Aliás, entre meus amigos já teve essa coisa de gossip girl. Durou uma semana, era o tempo todo a tiração de onda from hell. Meu amigo, certa vez, levou uma picada de mosquito e coçou muito, de forma que a vermelhidão tomou conta num nível absurdo. O que fizeram? Tiraram uma foto e mandaram pra todo mundo dizendo: Fulano levou um xupão, xoxo. kkkkkk Beijos. :D
ResponderExcluirBem, a gente não tem Gossip Girl na faculdade...
ResponderExcluirMas todo mundo, inclusive meus professores começaram a me perguntar se eu tinha um caso com meu amigo, porque uma vez minha amiga soltou na sala que ele tinha faltado pra ir comprar um presente pra mim de dia dos namorados... :x
Mas com Professor é pegar pesado... hehehehe
Adorei o post!
Beeijão!
hahahaha... eu não tinha captado o nível da coisa até ler o papo no twitter!!!!! Muito bom!!!! Parabéns para os teus amigos! kkkk.......
ResponderExcluirbeijos!
(não que eu queira colocar lenha na fogueira...)
Posso falar nada, já tive caso com um professor. Só que de matemática, haha.
ResponderExcluirAnna, você vai virar lenda urbana mesmo. Eu era uma raridade no tempo de colegio: musa dos nerds, porque era bonitinha e andava com os derrotados.
Beijão.
Ai Anninha, piadas internas com amigos são uma delícia né? Hahaha
ResponderExcluirMas confesso que pra esse tipo de brincadeira que você falou eu sou meio arredia. Morro de medo de cair em ouvidos errados e virar algo muito mais sério que é.. (sou neurótica, beijos)
Gente, eu ri DEMAIS esse post. Eu não tive aula com esse professor magia não, tive com o tchatcha. Eu não sabia que a Carol era tão venenosa! HAHAAHA e do matheus eu já espero qualquer coisa mesmo. Tá lendo isso, matheus? kkkkkk
ResponderExcluirTô só imaginando a cara da mariana te perguntando isso....
hahahah! Já pensou se o Professor vier tirar satisfação? :O:O HAHA.
ResponderExcluirO melhor é quando a gente ri junto da piada. :)
Beijo!
Os meus amigos são todos tabacudos, também. E geralmente eu também sou vítima de comentários desse gênero. Quando vou pagar a cadeira, já vejo se o professor é homem. Se ele for, a chance d'eu ser zoada pelos meus amigos por ter um ~~affair~~ com ele or something é BEM GRANDE. Principalmente se eu for para a aula de decote. Quer dizer.
ResponderExcluirBJS!
Nossa, que papo cabeludo no Twitter... Dá pra ver o 'poder de fogo' desses seus amigos maluquinhos. Pelo menos você também acha engraçado e todos se divertem e ficam felizes. :P
ResponderExcluirkkkkkkkk Desculpa Anna, mas dei risada da sua "desgraça".
ResponderExcluirEssa história me fez lembrar da época da escola. Tudo era motivo de gozação e os dias eram divertidos exatamente pelas pessoas... Aproveite muito isso!
Bjitos!