(Tary, amiga, me dê a mão porque esse post é nosso)
Uma das sensações mais desesperadoras pela qual uma garota de então 17 anos pode passar, que não desejo nem para meu pior inimigo, é a de não fazer ideia se tomou um remédio ou não. Estava eu com uma deliciosa infecção de garganta e ouvido, sobrevivendo a base de antibiótico e ibuprofeno. Dada a hora de engolir o comprimido do dia, retirei-o da embalagem, que estava no meu quarto, e fui até a cozinha pegar um copo d'água. O que aconteceu entre o trajeto do meu quarto até a cozinha e o momento que eu me peguei fazendo uma outra coisa completamente aleatória sem fazer ideia se eu tinha tomado o remédio ou não, juro que não sei. Sei que de repente eu pensei: gente, e o remédio? Tomei? Não tomei? Esquadrinhei a casa toda atrás do comprimido, sem sucesso, e não conseguia me dar uma certeza concreta se já o tinha ingerido. Minha reação imediata: estou tendo lapsos, socorro, é Alzheimer adolescente, morri.
O que acontece é que minha falta de memória me assusta bastante. Assusta porque a vida toda fui dessas que a família toda considerava como a pessoa de melhor cabeça do clã. "Anna, você que sabe de tudo que acontece, me responda isso..." "Ah, pergunta isso pra Anna porque ela lembra tudo!". Já ouvi essas frases incontáveis vezes. Por um lado, sou mesmo uma elefanta. Lembro da primeira vez que usei salto alto, da roupa que eu usava, o lugar que eu fui com eles, e o filme que fui ver no cinema. Lembro de mínimos detalhes sobre todas as pessoas ao meu redor, o que cada um falou em cada conversa, o nome dos pais e irmãos da minha melhor amiga do maternal, o que eu fiz em todos os dias da viagem X. Lembro de nomes de filme, elencos, diretor, ano de lançamento e até possíveis prêmios. A capa da primeira Capricho que comprei. Detalhes de fatos muito triviais da minha vida. Diálogos inteiros de filmes. Se você me falar uma situação aleatória de Friends, Gossip Girl ou The OC, consigo te dizer a temporada e o nome do episódio em que aquilo acontece. ... Tudo, eu lembro de tudo. Minha memória a longo prazo é invejável. Duro é lembrar se tomei ou não o remédio e da atividade que a professora passou pra próxima aula. Ou seja, as coisas que realmente me são úteis no dia-a-dia.
Com questões do cotidiano, as informações entram por um ouvido e saem pelo outro. Não é por falta de atenção, juro. As pessoas, principalmente meus pais, julgam de forma muito cruel os meus lapsos de memória, achando que só esqueço das coisas porque não me importo o suficiente com elas. Claro. Até porque pra mim não faz a menor diferença eu lembrar onde guardei as chaves ou meu carregador de celular. Os cabos USB eu nem tiro mais do computador, porque já cansei de perder quase meia-hora dos meus dias atrás deles. Já passei quase seis meses sem iPod porque era incapaz de me lembrar onde o tinha colocado. Passei a maior vergonha da vida essa semana porque percebi que estava com um livro atrasado na biblioteca há cinco dias porque eu poderia jurar pela vida dos meus pais, avós e cachorro que a data de entrega era outra. Esqueci que a biblioteca da faculdade não funciona da mesma forma que a municipal. Já cheguei ao ponto de estar fazendo café e de repente não saber se tinha posto açúcar na água ou não.
Me autodiagnostiquei como dona de um foco muito volátil. Tem um episódio de Modern Family com uma cena genial em que a gente ouve a Claire contar que o maior problema do Phil é que ele não consegue se concentrar numa coisa por mais de um minuto, enquanto vemos o próprio ir determinado a fazer uma atividade e, quando encontra qualquer outra coisa no seu caminho, muda completamente seus planos, deixando a outra ideia pra trás. Sou dessas. Quando estou à toa, call me Phil Dunphy. Já passaram pela situação de andar rumo a cozinha, com o telefone na mão, para tomar uma água antes de ligar para um amigo, e de repente você se vê diante da geladeira aberta, sem fazer ideia do que foi buscar, tirar dali um Toddynho, voltar pra sala, lembrar que você tinha uma ligação a fazer, não encontrar o telefone, andar a casa inteira atrás dele, até encontrar o mesmo dentro da geladeira, no lugar onde ficava o Toddynho? Pois é, eu já. Quando disse que não me surpreendi ao ver que tinha esquecido meu celular dentro da máquina de lavar é porque isso é uma coisa muito típica da minha pessoa. Aconteceria cedo ou tarde. Já aconteceu também de eu passar o dia me lembrando de fazer algo, como, por exemplo, pegar um livro para levar pro meu pai, deixar o livro na mesa, junto das minhas coisas, e na hora de sair eu passar os olhos por ele, não ter nada na lembrança, e só me recordar que tinha que levá-lo comigo quando já fosse tarde demais pra voltar.
Agenda? Tenho, anoto tudo que preciso me lembrar. Pena que ainda não tenho uma agenda para me lembrar de olhar minha agenda. Estou há semanas testando aplicativos de listas para o celular e chegando a conclusão que nenhum se adapta bem à mim. O único problema é que é difícil demais uma lista me ajudar se nunca me lembro de tudo que tenho que fazer, e quando faço as coisas, nunca marco se cumpri ou não. Aí fico ali me perguntando se comentei naquele blog, se já tirei o xerox daquele texto. Fico com medo de começar a usar post-its pra me lembrar das coisas, porque é tanto espaço ocupado no meu HD mental pra eu saber de cor, involuntariamente, os diálogos de Pulp Fiction, que tenho medo de um dia acordar e me ver soterrada de papeizinhos coloridos. Tenho adotado a patética tática de anotar as coisas na mão. Vira e mexe alguém me pergunta porque está escrito IMPRIMIR TEXTO 11 ou algo igualmente ridículo no meu pulso.
Agora querem mesmo saber qual o cúmulo da falta de memória? Estava eu conversando com a Analu e a Tary no Skype. Analu, como boa fiscal da blogosfera que é, mandou Taryne vir comentar no meu blog. Ela concordou. Uns dois dias depois, Tary, pessoa igualmente desmemoriada, me disse: Anninha, acho que esqueci de ir te mimar aquele dia, acredita? Ao que eu respondi: Mas Tary, você comentou no meu blog! E ela ficou meio incrédula, porque não se lembrava de ter vindo aqui, mas relevou o caso porque é muito esquecida. Eu, entendida da causa, achei super normal ela não se lembrar, porque também nunca tenho certeza se comentei nos blogs. Eis que um belo dia entro aqui no blog e vejo um comentário da Tary. Ela não tinha comentado antes. Resumo da ópera: Analu mandou ela vir me mimar e ela esqueceu. E eu, de tanto ouvir a Analu falar nisso, esqueci que ela tinha se esquecido de comentar aqui. Juntas nós duas vamos longe.
Ah, e a história do remédio? Pois é, encontrei o comprimido mais tarde, naquele mesmo dia, em cima da minha cama. Não tinha tomado. Como ele foi parar lá? Tô tentando me lembrar até agora.
Lucy curtiria este post caso se lembrasse dele
Gostei do "Lucy curtiria este post caso se lembrasse dele ". Eu sou péssima pra lembrar das coisas, acho que as únicas coisas que eu lembro são os nomes das pessoas e gravo o rosto delas, os nomes de filmes e atores. Só! Até hoje, desde que eu tive meu primeiro celular, nunca gravei meu número, sempre deixo ele gravado nos meus contatos do celular. Não sei se você já fez isso, mas eu pra não esquecer mais, deixo tudo no celular pra despertar e eu lembrar o que eu tenho que fazer, até pra baixar as minhas séries, ler a bíblia, curso e etc, se não esqueço tudo. Eu já esqueci dia de prova final na faculdade e quase repeti a matéria por causa disso, vergonha hahahaha. Boa sorte :D
ResponderExcluirEsquecer se tomou o remédio ou não, uma coisa bem comum pra mim já que tomo remédio todos os dias e de vez em sempre me pego na dúvida.
ResponderExcluirPost-its é a melhor solução (Y)
Beijo.
HAHAHA. Eu tenho de vez em quando esses lapsos de falta de memória, mas geralmente eles só acontecem quando eu to com muito sono, cansada, irritada, etc.
ResponderExcluirMas uma coisa que eu ando esquecendo a semanas: enviar as cartas das mafiosas. Sério, elas estão aqui do meu lado e amanhã quando eu sair de casa com certeza vou esquecê-las de novo. :(
Mistérios da humanidade.
Beijo Anna. <3
Nossa, Anninha, li e pensei ELA TÁ FALANDO DE MIM. Sério, imagina fazer isso que você falou do remédio, com anticoncepcional. Pois é. Mas eu faço isso o tempo todo, sou o cúmulo da memória. Uma vez meus pais saíram e eu fiquei de xerife, meu irmão chegou em casa, falou comigo (e eu respondi!), saiu, e quando meu pai chegou e perguntou cadê ele, respondi que não tinha visto a criatura desde que eles saíram. E eu realmente jurava que ele não tinha aparecido. Quase que meu irmão leva um castigo básico por minha culpa. Resumindo, devíamos montar um clube.
ResponderExcluirBeijos, flor
"Lucy curtiria este post caso se lembrasse dele"
ResponderExcluirhaha verdade...
Seu post me descreve, sério. Também tenho esse problema, quando vou buscar alguma coisa, ou dizer, se eu me distrair por 5 segundos, chegando lá acabo esquecendo...
herecomesmyworld.blogspot.com.br
Anna, sei exatamente doq vc está falando! Esse negócio do comprimido já aconteceu tantas vezes comigo!! Me desespero, dps refaço meus passos, daí então eu lembro!!! Mas é um sufoco!
ResponderExcluirTambém me assusto com meus lapsos! É como vc falou, sei oq tenho q fazer, passo em frente, mas já esqueci! Dps fico me martirizando por causa das consequencias de ter esquecido! Isso me dá muita raiva, mas não sei oq fazer pra melhorar!!! Acredite se quiser, hoje mesmo eu tinha uma paciente pra atender e tive q desmarcar porque esqueci de marcar uma sala, quando lembrei já não tinha mais salas disponíveis...!!! É tenso =(
Esse negócio do pulso até que serve, mas as vezes qd tenho mt coisa pra lembrar acho ruim demais ter que encher a mão de escritos!!
Enfim... não sei aonde vamos chegar, mas espero q a gente não se esqueça!!!
Beijosssss!
HAHAHAHAHAHAHA, chorei de rir, menina!
ResponderExcluirVocê e a Tary vão longe sim, porque vocês tem a mim! E eu sou uma excelente fiscal!
E essa de colocar o telefone na geladeira, gente? Chorei!
Beeeijos!
OMG! E eu achando que meu lapso de memória era horrível. Tudo bem que eu vivo perdendo as coisas por aí... um casaco na faculdade, a carteira já deixei umas três vezes em bancos. Já esqueci de textos e até meu estojo. Sem contar o resto.
ResponderExcluirDe qualquer forma, o seu foi um caso muito, muito mais tenso. Sério. Eu nunca esqueci meu celular na máquina de lavar por exemplo, mas eu carrego ele na alça do top porque caso contrário nunca sei onde está.
Perdi o fone de ouvido do meu ipod e preciso comprar outro desesperadamente! E eu me lembro de ir na loja da apple fazer isso? Claro que não! hahahaha
Agora mesmo eu estou só para comentar em mais quatro blogs antes de tomar banho e preparar algo para comer e sair em busca das coisas perdidas.
Espero que dê certo. De qualquer forma, te entendo e compartilho seu desespero. Também tenho a mania de anotar as coisas na mão, e minha agenda... bom, perdi ela também! aoskaoskaoskaok
Beijos.
Hahahahha Chorei aqui, de rir, lógico!
ResponderExcluirCara, estou sofrendo de perda recente de memória ultimamente e isso não é nada bom quando você tem que decorar textos teatrais. MAS me disseram que isso pode ser reflexo da quantidade de textos que tenho lido ultimamente, porque meu cérebro não tem tempo para processá-los e armazená-los, tendo em vista que em menos de meia hora já tem outro texto esperando para ser armazenado.
É terrível essa coisa, te entendo perfeitamente e peço desde já para me avisar sobre a cura caso um dia descubra, tá bom?
Beijinhos!
Rsss... Doença do mundo moderno...Todo mundo que conheço anda assim.
ResponderExcluirEstou voltando a vida blogueira depois de quase 1 ano sem blogar. Voltei com tudo
novo e estou começando a visitar os blogs para retomar e/ou fazer novas amizades.
Abraços
Eu achava que tava mal, mas depois de ler seu texto... hahaha Eu tenho uns lapsos de memória cabeludos, mas não lembro se já esqueci de tomar remédio (veja que irônica essa afirmação)! Normalmente, esqueço o que ia fazer com a aba aberta no navegador, por que abri uma pasta, pra quem eu deveria perguntar tal coisa ou se já perguntei (então, qual seria a resposta), etc...
ResponderExcluirMas acho que o meu caso é destração mesmo. Às vezes fico aérea, desligada, e as pessoas precisam repetir o que acabaram de falar. Começo a imaginar diálogos pro meu livro (que aparecem do nada nas piores horas) e faço cara de peixe tentando captar o maior número possível de detalhes.
No fim é tudo culpa do século! Tá tudo rápido demais pra gente acompanhar...
HAHAHAHA Eu meio que sou assim também, Anna, mas não tanto. Ainda assim, é por isso que eu nunca saio de casa sem minha agenda e é também por isso que minha agenda é a mais cheia de anotações aleatórias do mundo.
ResponderExcluirMas isso de episódios de séries... pff! Minha vida! Matéria de prova não sei, mas seriados! Ooooh!
Beijos, Anninha!
Anninha, acho que esse foi um dos seus posts que mais me deixou roxa de tanto rir. Hahahaha! Você simplesmente descreveu a história da minha vida, cara.
ResponderExcluirPorque tipo, "a vida toda fui dessas que a família toda considerava como a pessoa de melhor cabeça do clã". SIM! Eu sou a memória da família, gente! Lembro de coisas de quanto tinha dois anos, guardo um arsenal de referências pop na minha cabeça avoada e tal.
ENTRETANTO, VIVO perdendo o meu celular - e me desesperando horrores com a possibilidade - dentro da minha própria bolsa. Isso de não lembrar se tomou ou não o remédio já me aconteceu DIVERSAS vezes. E é realmente apavorante.
EU NEM SEI ONDE COLOQUEI MINHA AGENDA, FOR GOD'S SAKE!
Ai, amiga, ainda bem que encontrei você nessa vida porque assim não me sinto uma desmemoriada solitária. Porque as pessoas riem de nós, mas não sabem a dimensão do sofrimento pelo qual passamos.
Beijo!
P.S: Ri muito alto da referência a Como se fosse a primeira vez. Sua genial!
P.S 2: O título também ficou genial. Mas eu tinha esquecido de ler e só vi agora. E nem é mentira =( Ai, acho que não tenho mais salvação.
ResponderExcluirSou totalmente assim, oh my god!
ResponderExcluirO pior de tudo é se não tenho certeza se tomei o anticoncepcional, porque né, falhar um dia resulta em ficar menstruada e ter cólicas horrendas antes do tempo, aff :/
Ah Anninha...às vezes estou no trabalho e abro a gaveta para pegar algo e... o que era mesmo que eu ia pegar? Aí fecho a gaveta, volto a posição inicial e tento lembrar o que era! Mas no meu caso, coloco a culpa na idade avançada! e outro dia tomei um remédio errado no lugar de outro! Ainda bem que era inofensivo...já pensou se fosse um antibiótico que tem hora certa pra tomar??? Acho que vamos todas morrer de Alzheimer viu! Hahahahá! beijinhos
ResponderExcluirVocê é foda, menina. HAHAHAHAHHAHA, CHOREI. Eu tenho lapsos frequentes de memória recente. Acho que nós somos parecidas. Memória antiga eu lembro de tudo, LEMBRO DE COISAS E MOMENTOS DE QUANDO EU TINHA 2/3 anos, acredita?? Agora pergunta que roupa usei ontem, ou o que eu comi ontem? Nem lembro. Minha mãe que quase morre comigo por isso, haha. Ela fala: Onde você colocou aquilo que te dei pra guardar? E você acha qee eu sei? É nozes, Anninha! <3
ResponderExcluirAdorei seu texto. hahahaha Eu sou conhecida de ter boa memória, mas ultimamente, eu ando tendo tanta coisa para fazer que ela não está funcionando bem. Te entendo, Anna.
ResponderExcluirAi, Ana!! Já passei por isso. Confesso que é meio desesperador, realmente! kkkk. Ainda mais sendo tão novas. Imagina a velhice?! kkkkkkk
ResponderExcluirNinguém nunca entendia e ainda não entendem porque sempre tenho algo escrito na mão, coisas bem idiotas, como recados do tipo, olhar a agenda, fazer tarefa, ligar para fulano. A minha mémoria é perfeita quando se trata de histórias, filmes, séries, músicas e acontecimentos históricos, mas nunca em hipótese alguma me peça para passar um recado, a pessoa que precisa ser informa nunca saberá do tal recado, eu sempre esqueço essas coisas, como lavar a blusa que minha mãe pediu, ligar na clinica para marcar uma consulta, ou ate mesmo de fazer o almoço ou ir olhar o arroz (esse último eu só lembro quando sinto cheiro de queimado, aqui em casa sou conhecida como a queimadora de arroz). O mais engraçado é que nunca chegaram a uma conclusão do que é o meu problema, eu posso passar horas contando uma história de um livro, de um filme, seriado ou algo que aconteceu a alguns anos, mas sou incapaz de lembrar onde está o meu carregador (esse eu perdi de vez, uso o da minha mãe que sempre encontra ele por toda parte da casa). Somos novas e desmemoriadas.
ResponderExcluirSinceramente me senti no texto, porque eu sou dona de fazer coisas do tipo.
HASUAHSUAHUASHUASHU adorei o final! Juro que sofro do mesmo mal que você. Tenho uma memória óóóótima para coisas que aconteceram há muito tempo. Mas quando se trata de coisas que aconteceram cinco minutos, eu esqueço completamente. Por isso que minha família me chama de lerda e avoada, mas, confesso, às vezes é falta de interesse que me faz esquecer.
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