quinta-feira, 28 de junho de 2012

Como produzir um programa de tv quando não se tem a menor ideia de como fazer isso


Meu primeiro fim de semestre acadêmico pode ser descrito como intenso e inesquecível. Nessas duas últimas semanas, vivi uma montanha russa de emoções fortes, oscilando entre níveis épicos de desespero e uma euforia tão enorme e sincera que Renato Russo diria que parece cocaína, mas é só um trabalho dando ora muito certo, ora muito errado. Esses picos discrepantes de emoção se devem também ao fato de que tudo que fiz nessas semanas não poderia se encaixar num meio termo: ou foi terrível ou foi fantástico.

Na manhã de terça eu falava com meu pai no celular enquanto corria, literalmente, no campus da universidade para chegar a tempo pra uma entrevista. Quando ele me perguntou a razão de toda aquela ofegância, contei do meu atraso e de seus motivos: havia ficado até o último minuto revisando um trabalho que quase foi para as mãos da professora todo errado e sem edição, justo o trabalho que havia me atormentado por quase um mês e assombrado meus sonhos desde que comecei a fazê-lo. Juntou esse estresse, a perspectiva do atraso, a total ignorância do que conseguiria fazer naquele dia e o cansaço acumulado e eu quis sentar ali no meio da rua, chorar e pedir encarecidamente que me tirassem dali. Mais tarde, naquele mesmo dia, eu estava aos pulos e gritos num laboratório da escola, abraçando as pessoas e a ponto de rolar no chão de alegria. Estabilidade emocional, não trabalhamos.

Acontece que, em meio a todos os trabalhos cansativos e complicados, tive que produzir um programa de TV. Tenho uma disciplina chamada Educação e Comunicação que estuda a junção das duas áreas, e o trabalho final consistia em apresentarmos um meio alternativo que pudesse ser incorporado pela prática educativa, e meu grupo ficou com a televisão. O professor, criativo e sem noção, disse que queria um programa de TV todo metalinguístico sobre programas de TV. Aquele pequeno detalhe de que estamos no primeiro período e o telejornalismo aparece só no quinto ele não se lembrou. A expectativa da greve  que nunca veio também fez com que não nos lembrássemos de que tudo que envolve filmagem e edição dá uma mão de obra louca, e nos vimos com um enorme trabalho e um prazo apertado.


No total, fizemos tudo em quatro dias, sendo um fim de semana para estruturar o roteiro e estudar o embasamento teórico, segunda e terça filmando e editando. Até agora não consigo acreditar que conseguimos, tendo em vista de que na terça de manhã cheguei na faculdade sem saber o que aquilo ia virar e saí com o programa pronto no meu pen-drive. Foi um milagre, literalmente. Na madrugada de segunda tudo estava dando absurdamente errado e eu e meu grupo pirávamos e nos descabelávamos em busca de soluções, até que me joguei no chão do quarto, de cansaço e desespero, e pedi misericórdia. Gente, quem nunca experimentou isso não sabe o que é a sensação de corda no pescoço. E sim, a partir do meu clamor alucinado as coisas começaram a fluir. A sincronia dos áudios e dos vídeos ficou quase perfeita. O que antes era um monte de vídeos e ideias se tornou o Repórter UFU.


Sobre essa experiência, o que tenho a declarar é que mexer com audiovisual cansa muito. Eu, que nem apareço no vídeo nem nada, cheguei em casa todos os dias com uma sensação de que havia sido espancada. Foi muito sobe e desce nas ruas e na universidade carregando equipamento, papelada, blusa de frio, notebook, etc. Foram muitos takes até que se conseguisse um "boa tarde" decente. Foram muitos planos A dando errado e também muitos planos B surgindo do nada e se provando melhores que a proposta original. O mais legal é que fazia tempo que não fazia um trabalho de grupo que realmente tivesse cara de grupo. Costumo odiar e sofrer horrores com essas organizações, e sempre acabo com a sensação de que só eu e poucas pessoas se importam realmente com aquilo, mas dessa vez senti que estávamos todos segurando a barra uns dos outros, cada um fazendo sua parte para sair um resultado legal e também para que o processo de produção não fosse um martírio, e sim uma grande e ambiciosa brincadeira. A gente não teria dado conta também sem a ajuda da Chris Pitanga e do Fabiano Goulart, ela nossa professora e ele jornalista da Tv Universitária, ambos sem obrigação alguma de nos ajudar, mas que gastaram tempo e paciência com calourinhos que não sabiam operar a câmera e posicionar os braços diante dela.


Aos olhos de quem conhece técnicas e tem experiência na área, nosso programa tem cara de amador mesmo, mas não consigo não me orgulhar dele. Acho que foi uma conquista bacana, tanto por termos feito quase num piscar de olhos - o maior e mais tumultuado da minha vida, mas ainda um piscar de olhos -, sem saber absolutamente nada e com recursos limitados. Já assisti o produto final tantas vezes que até decorei as falas, e estou sentindo um orgulho enorme da gente.





Não, eu não apareço justamente por causa daquele atraso supracitado, mas quero ver quem encontra minha voz de pônei em meio às narrações em off. =)

14 comentários:

  1. Uau, Annokita! Todo desespero e fortes emoções valeram muito a pena. As imagens captadas por vocês ficaram muito boas! E o conteúdo também! Castelo Rá-Tim-Bum, Mundo de Beackman e
    TUDO QUE É SÓLIDO PODE DERRETER <3 <3
    E ainda com você falando sobre essa menina dos meus olhos? Trate de assistir a série logo. É fofa, eu juro!
    Sim, audiovisual dá muito trabalho! (nesse semestre fizemos seis programas para irem ao ar pela TV acadêmica, pense!), Mas o orgulho que dá quando vemos o resultado... ah, compensa demais.

    P.S: Achei ÓTIMO seu professor ter feito essa proposta no primeiro período. É bom pra vocês saberem desde cedo com o que estão lidando, sabe? E a parte prática é sempre mais divertida!

    P.S²: Que doce sua voz ficou! Amei, pônei linda. Parabéns, futura jornalete!

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  2. Ai que legal. Vi o video mas nem sei como é sua voz, ai nem tentei chutar rs Colocaram atá a musiquinha da Globo, que chique hahaha.
    Ficou muito legal, espero que ganhem boa nota!
    Beijos,
    http://blogdoceilusao.blogspot.com.br/

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  3. Achei muito legal, especialmente porque vocês são calouros e só vão melhorar conforme for passando o tempo. Não entendo muito de Comunicação, mas imagino que pra um primeiro trabalho esteja muito bom e imagino o orgulho que você deve sentir :)

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  4. Mas,até que ficou legal o vídeo ^^
    Assim,certas coisas dão trabalho,mas vale a pena

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  5. Não dá para ter estabilidade emocional quando se tem uma vida universitária hahaha Vou conferir o vídeo agora! Depois de tanto suor e sofrimento você tem mesmo é que se orgulhar!

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  6. Ahá consegui ler o texto, mas o vídeo não carregou ainda. Estou ansiosa para vê-lo, mas já quero adiantar que vai ser awesome porque tudo que vc faz é awesome. E você não sabe o tamanho da minha frustração por não ter tido um fim de semestre letivo. É como se eu não tivesse vivido com afinco a experiencia universitária, me desagrada horrores. Sinceramente. Mas que bom que você teve e que ele foi tão emocionante quanto deveria ser! Abraços <3

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  7. Ahhhh, que legal, gente! :D Dá até vontade de fazer um vídeo também, deve ser divertido (mesmo que cansativo e trabalhoso)... haha Ficar com a parte da produção e da edição deve ser o mais difícil de tudo, eu até posso imaginar...
    Valeu por compartilhar, viu!
    Alguns detalhes me chamam atenção, como a faixa em que aparece o nome dos repórteres quando eles vão falar (não sei o nome técnico disso) - e o de vocês está mais bem feito do que de muitos programas que passam na TV...
    Tomara que vocês tirem uma boa nota.

    PS: Tenho quase certeza que ouvi pôneis falando sobre supletivos, hi5 e Tudo Que É Sólido! kkk

    PS2: Foi você que escolheu a música final? :P

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  8. Esperei ansiosamente por esse post (sorry, já moro na sua cabeça) e agora é tanta coisa que não sei o que comentar! Dei uma choradinha lendo todo o processo assim resumido, sabe? Foi legal ler um texto (ainda mais quando se trata de um texto seu) contando a história toda e as imagens simplesmente irem pipocando na mente. O perfeito do seu texto é que ele evoca essas imagens até na mente de quem não estava lá. Mas que me desculpem os que não estavam, o que estou sentindo nesse momento não dá pra colocar em palavras.

    Decidi comentar sobre a sensação de espancamento! 3 palavras: não recomendo! HAHAHAHAHA.

    Me diverti demais com os comentários do pessoal, afinal também fui elogiado neles! ;)

    Enfim, quero comentar sobre cada letra, mas deixa pra depois. Só queria agradecer por vc ter me permitido entrar na sua vida e render belíssimas palavras pro seu blog (que adoro). Peço desculpas pelo "boa tarde". hahahahaha

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  9. Sim, você me fez chorar sua coisa! Descreveu exatamente tudo o que eu senti durante esse semestre, especialmente nessa ultima semana que parecia que iria cuspir meu cérebro de tanta coisa pra pensar e por em prática! Mas sinto em dizer que tudo valeu a pena, até mesmo as noites mal dormidas (vc nao tem noção do que é pra MIM poucas horas de sono). Enfim, quero mais doses de meses como este!
    P.S. estou tendo alucinações me imaginando comer aquele cupcake novamente

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  10. ANNOCA! Vi o vídeo inteirinho no dia em que você postou, só não comentei porque a Física me chamava. Mas, preciso dizer: A-M-E-I! Parabéns, de verdade! Seu amor e dedicação pelo curso têm me incentivado, me dado uma vontade que eu nem sei te explicar. Tomara que eu sinta toda essa loucura um dia!

    Beijos! <3

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  11. Ai que fofinha vc de caloura/foca! ahahhahaha. Gostei de ler suas desventuras e tenho que confessar que enfrentaria vários problemas desses se tivesse que voltar a fazer tele. Produzir até que vai, mas a parte técnica...

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  12. Nossa, trabalhos de TV são, de longe, os que dão mais trabalho! Mas também são, de longe, os que mais dão orgulho quando vemos pronto! Parabéns, florzinha! Você é minha foca preferida! <3

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