segunda-feira, 25 de junho de 2012

Voltei a amar o Tim Burton


Analisando minha história com o cinema, poderia dizer que o Tim Burton foi o primeiro diretor que gostei de verdade, o primeiro que me fez pensar naquela pessoa por trás da câmera e não apenas naquelas que viviam a história junto comigo. Cresci amando seus filmes e em algum ponto da minha pré-adolescência cheguei à conclusão de que gostava do trabalho daquele cara e desde então venho acompanhando sua carreira. 

Acontece que o Tim Burton parou de me empolgar. Eu ficava ansiosa para os novos filmes dele e quando finalmente assistia, saía do cinema com aquela sensação terrível de que esperava muito mais. Sabe aquele pesar que vem do fundo da alma quando você sabe que aquela pessoa tinha potencial para fazer algo muito ótimo mas acabou entregando um filme bem meia-boca? Lembro perfeitamente que foi esse o sentimento que me acometeu na saída da sessão de A Fantástica Fábrica de Chocolate. Contribui para o desapontamento o fato do VHS com a primeira versão ter morado no vídeo-cassete de casa durante toda minha infância, mas não entendia como o Tim Burton, logo ele, poderia ter feito tão pouco de uma história tão legal. Depois veio Sweeney Todd, que de início me decepcionou fortemente mas depois de um tempo, talvez por eu ter passado a levá-lo menos a sério, consegui gostar. 

A grande facada no peito, contudo, veio com sua adaptação de Alice no País das Maravilhas. Saí do cinema totalmente desolada. Eu esperava que algo fantástico sairia de uma adaptação de um dos meus contos de fada favoritos feita pelo meu diretor de fantasia favorito, e o resultado não poderia ter sido pior. Achei caricato, forçado e não encontrei ali nem o Tim Burton e nem a Alice. O balde de água fria foi tão grande que passei a me questionar se algum dia ele conseguiria me entregar novamente filmes como Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood e Peixe Grande, com os quais ele galgou bravamente um espaço no meu coração.

E eis que surge uma luz no fim do túnel, o que é uma introdução bem paradoxal quando se fala em Sombras da Noite, a começar pelo título. Se eu estava ansiosa devido às críticas positivas que li quando o filme estreou na gringa? Sim, mas não coloquei nele minhas expectativas e esperanças mais profundas, uma vez que o tombo que levei com Alice havia me deixado com algumas marcas que ainda doíam. Entrei no cinema querendo apenas não sair deprimida e desesperançosa e saí carregando Tim Burton no colo.



Tenho uma teoria: quando os trabalhos do diretor se popularizaram e ele conseguiu firmar sua identidade como criador de personagens sombrios pero encantadores, todo mundo começou a esperar demais dele, assim como ele mesmo. O processo criativo deixou de ser natural porque as pessoas não esperavam mais um filme, e sim um filme do Tim Burton. Por causa disso, por exemplo, Alice virou a Alice do Tim Burton, e por isso o resultado foi aquele: uma produção qualquer nota da Disney com a estética do Tim Burton. Faltava ali, no entanto, a essência, a originalidade, a coragem. Em resumo, Tim Burton perdeu temporariamente os colhões.  Enfim, divago - Tim Burton, querido, caso queira dar seu depoimento com exclusividade e deitar no divã So Contagious, favor entrar em contato.

O importante é que ele se reencontra em Sombras da Noite. Não se limitando a valer-se apenas de sua estética bacaninha pra contar a história de um vampiro que fora enterrado no século XVIII e volta à superfície nos anos 70 para recuperar o tempo perdido e salvar sua família, Tim Burton para de se levar tão a sério e faz aquilo que eu mais gosto. O filme é sombrio com toques de humor espertos e sinceros. Os personagens são encantadores e erradíssimos. Johnny Depp parou de forçar a barra e está ao mesmo tempo charmoso, excêntrico e engraçadíssimo. O roteiro sai totalmente de casinha e ousa em cenas que beiram ao trash, mas de um jeito lindo e muito divertido. Tim Burton on crack alfinetando Crepúsculo e homenageando A Morte Lhe Cai Bem junto com uma trilha sonora sensacional e participação especial do Alice Cooper.

Ou seja:

13 comentários:

  1. Anna, como foi que demorei tanto pra te encontrar? rs...
    Amei aqui e concordo com tudíssimo (?) que você disse.

    Ainda não vi esse filme e estava com certo medinho por conta de Alice, que detestei.

    :D Agora dá pra confiar...

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  2. AAAHHH ANNA LINDA DO MEU CORAÇÃO!!! Adoro suas resenhas, já te disse isso? E estou tão empolgada com esse filme que nem sei o que dizer! Assistirei-o semana que vem somente pelo fato da correria abundante em que vivo, mas sabe, eu nunca me decepcionei com o Tim, sempre meu coração enche de firulas quando sei que ele, Bonham Carter e Depp estarão juntos novamente! É que eu nunca criei expectativas também e sempre estive com a adrenalina tão alta pra ver os filmes no cinema que nunca me passou pela cabeça desgostá-los. Nunca vi a versão original da Fábrica de Chocolate, mas AMEI TANTO a segunda que tenho medo de ver a primeira e desgostá-la. Meu sonho é comer uma barra de chocolate Wonka e sempre será. E enfim, enfim, enfim.
    Linda <3

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  3. Assim que tiver oportunidade irei ao cinema assistir esse filme! Curto muito Tim Burton também, sabia que em agosto vai sair um filme, baseado na vida de Abraham Lincoln como ''caçador de vampiros'' e ele que vai ser o diretor? Peixe Grande, aaah, esse filme é tão despretensioso ao meu ver, que acabou se tornando um dos meus favoritos! *-* beijos.

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  4. Deep again? Essa parceria Deep e Burton não vai acabar tão cedo...
    Alice é dele? LOL Eu assisti e nem me dei conta.Não tinha nada de sombrio,gótico ou não-recomendado para menores. Estranho,estranho.Devem ter manipulado o filme...
    Mas, o que você falou (sobre a reputação de um diretor,ou o nome)é bem certo.Tanto que,quando um diretor conhecido não faz algo bom,os fãs reclamam prontamente.

    Eu sou mais compreensível.Relevo esses pequenos erros.
    E sobre o filme....vontade tremenda de assistir...mas,sozinha não dá =[

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  5. Sabe que no teatro, especificamente nas bancas, a gente costuma discutir muito essa questão do "ego" talvez superando a obra. São praticamente longas conversas existencialistas e cheias de piras e dúvidas. Mas é bem essa questão do estar acima da obra proposta, do ser "fulano" interpretando um papel, e não ser o papel. Essa questão de talvez as coisas terem virado um filme de TIM BURTON, e não UM FILME, sabe assim? E eu sempre acho que isso atrapalha na visão inteira da coisa, porque ou a gente tende a julgar mais fácil, ou a amar mais fácil. Eu, quando viro fã, passo três fases engraçadas e que muitas vezes são vividas juntas ao mesmo tempo agora. A primeira é a do amor eterno e profundo, onde eu amo tudo o que a pessoa faz, incontestavelmente, simplesmente porque ela é aquela pessoa. A segunda fase é onde eu começo a julgar, por esperar demais. Aí eu começo a ver falhas, e fico puta por estar vendo falhas. E a terceira é onde eu finalmente entendo que não é porque essa pessoa é meu ídolo que ela nunca vai falhar. Ou não mesmo falhar, simplesmente fazer algo que eu não goste, ué! E depois disso eu vivo as 3 juntas, eterna e constantemente, num jogo de: No primeiro olhar do trabalho, eu amo, porque foi a pessoa que fez. No segundo olhar, acho as falhas e fico puta: "Como a pessoa foi errar justo aí?", e num terceiro: "Pô, é isso aí, né? Eu não tenho que gostar de tudo!".

    FILOSOFEI sobre seu post e nem vou falar de Tim Burton no meio, mas deu pra entender, né? <3

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  6. Ai, Annoca, vou tentar confiar mais em você. Hoje falei com uma amiga e ela disse justamente o contrário. Ela é apaixonada pelo Burton E pelo Depp, ama Sweeney Todd e Edward Mãos de Tesoura de paixão, mas saiu do cinema super decepcionada com Sombras da Noite. Disse que foi muito, muito fraco! =/
    Mas, como eu amei seu post, vou dar uma chance ao filme (que, na verdade, nem faz muito o meu tipo).

    Beijos <3

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  7. Eu acho que não concordo muito com você. Disse "acho" porque Sombras da Noite pra mim foi um filme ambivalente, ainda não decidi bem se gostei ou não. Achei divertido, não me cansei de assistí-lo como já aconteceu em outros filmes, mas, por outro lado, também não achei nada de especial. Isso que você disse de "sair da casinha e beirar o trash" é bem verdade, e acho que é isso que faz o filme se destacar dos demais. Acho que não me agradou tanto porque eu esperava (não sei por quê) uma coisa mais realista...
    Enfim, eu achei muito legal em algumas partes, mas penso que o filme não vai virar um clássico nem nada. Quanto a trilha sonora: excelente!
    Também não tinha gostado de Alice e nem de Willy Wonka (talvez por adorar o filme original).
    E sobre o seu comentário no meu blog: é mesmo horrível quando nossos prazeres viram obrigação, acho que isso já foi até tema de um post aqui. Por outro lado, como o Pessoa, não gosto de ficar sem fazer nada o tempo todo... :P
    Agora, veja só, também fiquei preocupado com o que vai ser lançado depois que eu morrer!!! :O hahaha Pelo menos se o mundo acabar esse ano não vai haver esse problema... kkk
    Beijo, Anna

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  8. PS: A Helena Bonham Carter não ficou um tanto Rainha de Copas com aquele cabelo laranja e maquiagem azul no olho?

    PS2: "Surely you don't let them call you Vicky. A name like Victoria is so beautiful I could not bare to part any single syllable of it" haha ;)

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  9. Vi esse filme semana passada e sai do cinema feliz... Amei o filme e ate fiz questão de fazer a foto na cadeira do cartaz do filme... Hahahahaha...
    Um dos melhores filmes do Tim! Na minha opinião! =)))
    Beijos

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  10. Estou louquíssima pra assistir, e mais ainda agora... Esperando Tim Burton me impressionar!

    Ah, adoro seu cantinho aqui.
    Um beijo.
    http://jushmidt.blogspot.com.br/

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  11. Tô ficando louca de tanto ler críticas divergentes. Já notei que Sombras da Noite é amor ou ódio...

    Também eu me decepcionei com a fábrica de chocolate e Alice. Espero sair do cinema sendo Team Burton de novo.

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