domingo, 9 de agosto de 2009

As pleuras.

Sempre que eu não queria comer alguma coisa, meu pai colocava uma boa porção no meu prato e me dizia que fazia bem pra pleura. Nunca me respondeu o que tão curiosa parte de nosso corpo viria a ser, e nem eu me esforcei em procurar saber. Virou uma piada interna nossa, "porque sim" não é resposta, mas "faz bem pra pleura" cala a boca de todo mundo. Na sétima série, vi no livro de Ciências uma referência a ela assim, muito vagamente, ah, então elas ficam nos pulmões.

Esse ano então aprendi que a pleura nada mais é que o tecido epitelial de revestimento, classificado como serosa - aliado ao tecido conjuntivo frouxo - e encontrado nos pulmões. Pleura, pericárdio, peritônio e outras serosas notáveis, tudo uma grande besteira que tira a poesia das tais pleuras que eram beneficiadas pelo consumo de brócolis. A propósito, de tanto comê-lo por obrigação e para fortalecer a pleura, o brócolis hoje é hoje uma das minhas verduras preferidas, já cheguei até um dia trocar uma porção de alguma coisa boa e calórica para acompanhar uma massa, por uma porção de brócolis cozidos no vapor.

Meu pai já inventou pra mim muitos personagens que mesmo hoje já desmitificados, eu nunca esqueci e nem tirei-lhes aquele quê de brilho crédulo que só um eu-criança poderia lhes dar. Rio deles até hoje, ah sim, a gente se diverte. O mágico, motorista de ambulância, Tatu, o Coisa, o Arsênio consertador de guarda-chuvas, o Prontíssimo. Feliz dia dos pais, papai, você faz muito bem para minhas pleuras.

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