segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Welcome to the jungle, #2

Hoje foi meu primeiro dia de aula e eu não poderia estar menos animada. Nem meus materiais eu comprei ainda, porque isso me empolga e me faz querer que a segunda-feira chegue logo, e depois da correria e desgaste que foi o ano passado, eu não me permitia, ainda que involuntariamente, ansiar pelo dia que toda a minha vida boa terminasse. Pra piorar, minha mãe está viajando, e por mais que meu pai seja amor e tudo mais, ele entra numa pilha muito errada com essas coisas de escola, algo como "Já não via a hora dessas aulas começarem, a folga estava demais, vamos com tudo esse ano, estudar, vestibular, não é maravilhoso?" e eu não poderia corresponder menos, deixando ele nervoso, já que ontem passei o dia me arrastando pela casa, de pijama, num ato de luto pelas minhas férias. Já minha mãe me dá um apoio moral, ela entende a gravidade da situação, me põe no colo, me faz um sanduíche, diz que aquilo é um saco mesmo, mas é a vida. Apoio moral. Simples assim.

É claro que eu não dormi nada a noite. Não que eu estivesse ansiosa, mas só tinha perdido o hábito de ir dormir cedo, apesar de ter lido bastante, o sono não vinha. Eu começava a pensar em um monte de coisas e não conseguia relaxar. Quase tudo que estou escrevendo aqui eu imaginei essa madrugada. Por fim peguei meu iPod e coloquei Norah Jones pra tocar, porque é calminho e gostoso e sempre me dá sono. Não deu, mas pelo menos eu entrei num estado alfa, eu não estava dormindo, mas não havia nada se passando pela cabeça. Três horas de sono foi o saldo máximo da noite.

Eu não deveria estar achando tudo tão ruim, deveria agradecer que estudo numa escola boa, enquanto um monte de gente nem lápis e caderno tem, mas as vezes eu sinto que eu preciso dar o direito da minha adolescente-rebelde-egoísta interior se manifestar enquanto é tempo.

Cheguei lá e dei de cara com o aglomerado humano esperado. Ruim foi ver aquele pessoal todo vindo do Fundamental (Fundamental e Médio ficam em unidades separadas) se achando a última bolacha do pacote porque entrou no colegial, fazendo como point de conversa a catraca de entrada, impedindo a passagem. Sei que fui uma delas ano passado mas, novamente, preciso dar voz à minha adolescente-rebelde-egoísta once in a while. Depois de nadar entre as pessoas e conseguir ver a lista das turmas, tive a primeira surpresa boa do dia: eles mantiveram as salas do ano passado, ou seja, primeiro ano ETA, o retorno. Para minha tristeza, não estudo mais no térreo. A escadaria que tenho que subir é pequena, mas em quase todos os anos que estudei na minha antiga escola, minha sala era no último andar, portanto, esgotei minha cota de escadas.

Rever meus amigos foi tão bom que eu esqueci do meu voto de mau humor até o fim do dia. O sinal nem havia batido e eu já estava chorando de rir. Podia não estar com saudades da escola, mas eu senti uma falta danada de todas aquelas pessoas. Todas, não, corrijo. Apesar de gostar bastante da minha escola, as pessoas lá me incomodam bastante. Sabe Upper East Side, hierarquia, Blair Waldorf e toda aquela coisa? Na minha escola tem muito disso. Não aguento andar e ver que tem gente que olha todo mundo de cima a baixo, se achando infinitamente superior. Isso faz com que eu tenha um certo bode de lá. É muito ruim estar num lugar onde você não sabe quem é realmente legal com você ou não. E conhecendo toda a minha completa falta de traquejo social, não é surpreendente que numa pirâmide social invisível eu esteja lá na base.

Alguns professores do ano passado me darão aula esse ano também, outros mudam, mas quero falar deles quando as apresentações terminarem. Nessa primeira semana, e na quinta e sexta depois do Carnaval estaremos tendo uma tal de "semana zero", algo como um aquecimento. Ah sim, tenho prova sobre os assuntos que serão dados no dia 20, e pra sexta feira já tenho que entregar três textos. Falta muito pras férias de julho?

Crachá tosco que tivemos que usar hoje.

(Primeiro dia de aula do ano passado)

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