terça-feira, 8 de maio de 2012

Manifesto contra a humildade no tapete vermelho

Não tenho vergonha de dizer que adoro acompanhar a cobertura do tapete vermelho dos grandes eventos mundo afora. Na maioria das vezes ele é muito mais interessante que o evento em si. É a oportunidade que as mocinhas elegantes tem de desfilar por aí o que de melhor a alta costura pode oferecer. Esta, a meu ver, é a essência dos mesmos. O luxo, o glamour e a exibição. Por isso, fico extremamente frustrada quando vejo passar por ele personalidades vestidas como camponesas pobres ou pior, madrinhas de casamento.

 Isso é para nós, reles mortais. Elas não. Elas tem a riqueza, a magreza, os ateliês mais sofisticados do mundo à disposição, assim como o auxílio de profissionais que são pagos (um beijo Rachel Zoe) só pra que elas desfilem no supracitado solo rubro como deusas, fadas, rainhas. Se eu quiser ver vestido com canutilhos bordados, acompanharia minha avó nos inúmeros casamentos que ela vai. Quem assiste o tapete vermelho quer ver um show e eu imagino que se a pessoa pode dar show, não há motivo no universo que a faça agir de forma contrária. Por isso, não entendo quando uma moçoila me surge lá com um tubinho preto sem graça ou um vestido nude sem emoção. 

Chega a ser um exercício de boa vontade, consideração para com as roupas maravilhosas. Veja bem, querido leitor espantado com esse meu lado espalhafatoso que por ventura possa ter passado despercebido: de tempos em tempos, os grandes estilistas lançam uma coleção completinha com tudo aquilo que eles querem para a próxima temporada. Se você pensa que é só costurar uns panos, favor assistir a qualquer temporada de Project Runway. Tem gente que acha que é fútil e inútil, mas alta costura é arte. Aí ele tem todo o trabalho de pensar e montar sua coleção, buscar referências, captar o espírito daquele tempo, etc. A maioria das coisas que entra na passarela não chega ao guarda-roupa de ninguém, porque são peças conceito. A gente capta a essência para que algum tempo depois o cheiro dela esteja mais ou menos refletido numa coleção hype de loja de departamento e no guarda-roupa das blogueiras de moda. As poucas peças usáveis no dia-a-dia vão parar na mão da parcela ínfima de afortunadas com bufunfa o suficiente para comprá-las, e aqueles vestidos showstoppers e as chamadas peças conceito esperam a temporada de premiações e tapetes vermelhos para dar o ar de sua graça. E que graça!

Um exemplo ótimo disso foi o modelito usado pela Zoe Saldana no Oscar de 2010: um Givenchy bem conceitual que não teria espaço em nenhum outro evento que não o Oscar. Se ficou exagerado, se não é facilmente digerido são outros quinhentos, o que importa aqui é que ela ousou, causou impacto e deixou sua presença marcada.


Fico decepcionada também quando vejo grandes estrelas de uma noite surgirem na chamada passarela da moda vestidas como qualquer outra. Peguemos como exemplo a Natalie Portman no Oscar 2011: todo mundo sabia que ela ganharia o grande prêmio de atuação da noite por um filme que, apesar de não ser um favorito, havia causado rebuliço na imprensa. Fosse eu a bonita, chegaria lá, grávida e tudo, com um vestido apoteótico, que faria com que todas as outras chorassem penas pretas de inveja. Mas não. Natalie chegou com cara de irmã do noivo.

Meryl Streep, no ano seguinte, tão favorita como a outra para o prêmio de Melhor Atriz, mostrou como se faz: por que se contentar a apenas ganhar um Oscar se você pode ir vestida de Oscar?


Outro argumento muito válido: para grande parte das mulheres roupas carregam um valor que vai muito além do mero ato de cobrir o corpo para não sair pela rua com as vergonhas e celulites expostas. Existe toda uma fantasia envolvida, que remete à nossa infância lotada de contos de fada. A gente nunca superou a Cinderela, sabe? A história, tão antiga, ainda encontra ressonância na vida de mulheres até mesmo já adultas porque, ao menos a maioria, pelo menos uma vez na vida já sonhou que uma fada madrinha poderia surgir transformando nossos trapos da Renner em Elie Saabs luminosos. Como apenas uma minoria pode, de fato, usufruir da poderosa fada madrinha que é o dinheiro e a fama, que elas ao menos se lembrem da gente e tratem de, por uma noite, realizar nossos sonhos de menina.

Obrigada pela graça alcançada, Olivia Wilde
E se você não é dessas que gosta de tule, brilhos, tachas, rendas e paetês mil, é possível também brilhar e ser chique de doer os ossos sendo minimalista. Só não vale ser chata.

Morri de inveja X Morri de sono
Por fim, preciso dizer que o propósito desse post todo foi desabafar sobre a felicidade que senti quando, hoje cedo, fui olhar os looks do baile do MET, que rolou ontem. Acho que pela primeira vez em anos olhei para as produções e senti que não sabia para quem olhava ou quem eu amava mais, porque quase não encontrei produções sem graça e narcolépticas. Mesmo as que erraram o tom, erraram por excesso, e não por falta. Quando estamos falando de um evento de gala, acho que a primeira opção é sempre melhor.

Querem ver uma coisa? Roubei do Fashionismo, meu blog de modas nacional favorito, a seleção das melhores produções do Oscar (duas primeiras fileiras) desse ano (também conhecido como o tapete vermelho mais importante e disputado) com o creme de la creme do baile do MET ocorrido ontem. Enquanto o primeiro, que deveria ser bombástico e ficar no imaginário coletivo até, no mínimo, o ano que vem, consigo avistar apenas madrinhas de casamento misturadas com uma ou outra mocinha mais festiva. Já no tapetão vermelho de NYC não sei para quem eu olho. É muita riqueza, magreza e glamour. É muita emoção. É muito sonho sendo realizado.




Gostaria de agradecer imensamente à todas as envolvidas. Continuem assim que tá bonito. 

5 comentários:

  1. Eu fiquei apaixonada pela Kate Bo...., Rooney Mara e Emma Stone! Também sempre comento isso com as minhas irmãs, as mulheres podem escolher os melhores estilistas e vão com o cabelo sem graça e o vestido mais ainda, enquanto nós meras mortais temos um gosto melhor que elas e estamos aqui só babando e querendo hahaha.

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  2. GEEENTE QUE LINDOS OS VESTIDOS DO MET!!!
    Ano passado acompanhei todos os tapetes vermelhos à procura de um vestido LINDO pra minha formatura e não achei nenhum. Mas esse da Olivia Wilde é totalmente meu tipo e gente, ela é linda e não erra NUNCA. Amei esse último da Emma Stone também e enfim... Vestidos são BAPHOS e super concordo com tudo que vc disse aí sobre a galere ter a obrigação master de bombar no tapete vermelho tipo sempre.
    Abraços coisa linda da minha vida <3

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  3. É concordo com vcs tem mulheres que vão com trapos para essa comemoração. E eu não acho nada bonito!
    Atualizado!

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  4. HAHAHAHA, Ai, Anna! Você arrasa demais! Eu gosto dos exageros também, mas não dos bizarros! Quer me ver apaixonada são os exageros que ficam perfeitos, tipo Halle Berry no Oscar 2011: http://www.marinacanfield.com/wp-content/uploads/2011/02/Vestido-Halle-Berry-Oscar-2011.jpg
    Mais glamurosa impossível, na minha opinião!
    Me matei de rir com Nathalie indo de irmã do noivo. Realmente. Achei bonito, mas para o casamento do irmão, não para o Oscar! E Meryl sempre arrasa. Sempre. Muito antes de ter um Oscar ela já era o próprio Oscar! Beijo!

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  5. Só um comentário: aguarde pelas fotos da minha formatura.

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