domingo, 27 de maio de 2012

Sobre o Lucas

Eu tinha 12 anos na época que era legal ter fotolog, quando a Marimoon era famosa simplesmente por ter o cabelo colorido e postar 18 fotos por dia com sua conta goldcamera. Você só era alguém no fotolog se fosse goldcamera e tivesse um bannerzinho personalizado no topo do seu fotolog e fosse conhecido não por seu nome, mas por /qualquernomeidiotaquevocêinventoutentandoparecercool (lê-se: barraqualquernomeidiotaquevocêinventoutentandoparecercool). Eu não tinha goldcamera e era uma barra-ninguém da vida, mas eu tinha lá minhas barras do coração e foi nessa época, de auge do fotolog e descobertas musicais inusitadas, que eu conheci o Lucas.

O Lucas era barra-Beeshop e vocalista da Fresno. Antes do fotolog, a única referência que eu tinha com relação à banda era o clipe de Quebre As Correntes que sempre aparecia no Disk MTV. Eu não tinha tanta paciência assim pro som que ele fazia, mas sempre fui fascinada por tudo que ele escrevia. Fui me apaixonando pelas palavras dele dessa forma bizarra que a gente se apaixona por pessoas que nem conhece ou sequer ouviu a voz, simplesmente por ele ter aquele jeito especial de juntar uma palavrinha com outra e o resultado parecer mágico aos meus olhos. Nem vou extrapolar e mentir dizendo que os sentimentos dele encontravam eco nos meus, pois era muito nova pra entender visceralmente sobre o que ele falava e cantava. Eu só gostava demais da sua forma de se expressar, e sendo eu uma pessoa deveras letrista, o resultado não poderia ser outro que não: amor, sublime amor. 

Quietinha no meu canto e sem contar pra quase ninguém, fui construindo uma espécie de santuário mental de referências ao Lucas. Eu sabia tudo que se podia saber sobre sua vida, e o fotolog ajudava um bocado, já que nos dias de glória ele documentava basicamente tudo que lhe acontecia. Não perdia um programa no qual ele participava só pra ouvir o sotaque gaúcho que eu adorava e o jeito dele de sempre começar as frases com um "bah..." que me parecia encantador. Eu gostava de vê-lo na tv também porque ele falava exatamente da forma como escrevia e isso era demais. Eu gostava até do jeito com que ele conversava com o público durante os shows, e era particularmente apaixonada pela faixa bônus do dvd MTV Ao Vivo 5 Bandas de Rock (sim, queridos leitores, meu passado musical me condena) na qual ele, sozinho no palco, cantava Duas Lágrimas. Minha melhor amiga dizia que era ridículo eu gostar tanto de um cara tão feio e esquisito. Minha mãe o achava simpático. Meu pai enchia o saco chamando-o de Cara do Fresco, mas reconheceu que ele era bom quando assistimos ao especial que ele gravou com o Chitãozinho e Xororó que foi demais (sim).



Ele tinha um projeto solo, o Beeshop, no qual cantava em inglês, acompanhado apenas do violão e um ocasional tecladinho. O EP lançado era bem caseiro e simples, mas mesmo depois que ele conseguiu lançar o cd oficial não consegui me desapegar daquelas primeiras gravações tosquinhas e adoráveis que baixei via MySpace (tô velha, sos) e que estão até hoje no meu iPod. Devo ter imaginado contos para todas as suas músicas, sem ter conseguido escrever um sequer, e até hoje me ressinto profundamente que ele nunca veio tocar como Beeshop aqui em Uberlândia. Se viesse amanhã eu estaria lá, feliz da vida, chorando ao ouvir Suicide Girl. 

Resolvi escrever sobre isso hoje porque, nesse domingo, anos depois que eu acessei aquele fotolog ou que ouvi You Taste Like Cookies pela primeira vez, percebi que o Lucas faz parte da minha vida. O fotolog acabou em 2009, a banda cresceu muito, ele também e até eu entrei na dança. Ora vejam só: desativei o fotolog e criei um blog. Baby steps. Percebi que o Lucas faz parte da minha vida porque não consigo falar sobre meus 12, 13, 14 anos sem falar dele. Se tivesse que escolher um rosto pra essa fase, o dele seria uma opção plausível; meio torto, esquisito, até meio feio, mas com um certo charme. Se fosse escolher um texto, seria dele também, um que eu provavelmente nem entendia direito o que queria dizer, mas que gostava mesmo assim. Eram dele as músicas que eu ouvia e que transformava em trilha sonora para as paixonites que tive. E ele, mesmo que eu não veja, está aqui até hoje, na parede do meu quarto. A foto que recortei de uma Capricho comprada aos 13 anos foi a primeira coisa que preguei no mural que ganhei de aniversário anos atrás, e ela continua ali, escondida embaixo de todas as fotos, cartas, desenhos e coisas que saio recortando dos jornais e revistas e prego pra guardar sempre comigo. 

Essa epifania toda me veio hoje quando a Tary postou um vídeo de um outro projeto paralelo, o Visconde, no Facebook e eu comecei a falar sobre tudo de legal que conhecia do Lucas e me assustei com a quantidade de coisas que sei, restolhos daquele santuário mental de referências, e com todo o tempo que se passou desde que nos "conhecemos". Hoje me limito a segui-lo no Twitter e, mesmo com tão pouco, consigo ver que ele é o cara bacana que eu sempre imaginei que ele fosse. Agora estou aqui ouvindo todas aquelas músicas e me lembrando de uma porção de coisas e sentindo saudade daqueles dias, tanta que até resolvi escrever esse texto. Não deve fazer o menor sentido pra vocês, mas é até bom que algumas coisas, algumas palavras e algumas músicas sejam só minhas mesmo.


16 comentários:

  1. Nossa, Annoca. Que post mais lindo! Não sei como você teve coragem de dizer que não gostou tanto assim, tá doida? Fiquei lembrando das coisas que eu amava ouvir e me deu uma saudadezinha...

    Lindas essas músicas dos vídeos, demais. Fiquei ouvindo enquanto lia o post e fiquei até emocionada porque, realmente, o Lucas e as letras dele fazem parte de você. E algumas são, sim, apenas suas.

    Acredita que a Gio conhece ele? Ele veio com a Fresno e uma amiga da minha irmã - que é completamente apaixonada por eles - pediu pra Gio acompanhar. Os meninos tavam tão cansados - e a Giovanna é tão desencanada - que nem tirou foto, hahaha! Se fosse hoje, era capaz de eu ir junto e pedir um autógrafo pra você e outro pra Mayrinha, que também adora!

    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Você e Taryne ao mesmo tempo falando do moçoilo? Acho que é um sinal pra eu ir ouvir! HAHAHA.
    Nunca dei trela pra nenhuma dessas bandinhas, e sinto que minha adolescência foi meio vazia. Porque gente, toda menina tem uma bandinha/cantor desses (que supostamente seriam duvidosos) no passado, e eu não! Eu era fã da Avril e só! Hahaha.
    Beijos!!

    ResponderExcluir
  3. Adoro o Lucas e tudo o que ele faz... É um cara de talento!

    ResponderExcluir
  4. Essa Anna me mata de orgulho com esses textos dela. Adorei o post! E o Lucas é muito massa meeeesmo! E ainda bem que você considera que ele "é o cara bacana" que você sempre achou que ele fosse. O pior é quando você se arrepende de ser tão apaixonada por uma pessoa assim. haha'

    ResponderExcluir
  5. Annoca, deixa eu te contar que uma vez numa feira que teve aqui em Porto Alegre, encontrei o Lucas por lá bem de boa, curtindo a feira e fui bater um papo com ele. Como eu disse no blog da Tary, sempre ouvi as pessoas falando mal dele e das bandas, mas eu nem ligava, porque afinal era só a opinião deles e não a minha. Fui lá conversei com ele, e o achei genial, e muito, muito querido e gente boa. Ele conversa contigo como se tu fosse uma conhecida de anos o que te dá um bem estar enorme. Isso foi há anos, e mesmo não gostando das músicas dele, não esqueço do quanto apreciei aquela conversa de poucos minutos. Olha eu juro pra você, se eu tiver a oportunidade de ver ele vagando por Porto Alegre de novo, eu vou contar pra ele do teu blog! Imagina que diver se ele lê esse texto lindo? Posso? hahaha.
    Beijo! <3

    ResponderExcluir
  6. nossa! fotolog! eu lembro que as vezes eu ia nos lugares e sempre alguém me encontrava e dizia: 'oi, eu sou @ /meunomeaqui' - não que eu fosse pop. nunca liguei pra fresno mas tenho uma prima que é bem fã. tudo o que eu sei deles é por conyta dela. vou ouvir os vídeos e depois falo o que eu achei (: beijinho!

    ResponderExcluir
  7. ô querida que delícia de post, deu pra sentir que ele fez mesmo parte da sua vida e que é parte importante de você. eu também tive meu fotolog (agora até parei pra pensar, Meu Deus, será que ele ainda existe?) e meus astros da adolescência - como falar dos meus 11, 13 anos sem citar CPM 22 e Charlie Brown Jr?

    agora, olha, garanto que ele ia ficar megafeliz de ler tudo isso sabia? beijoca

    ResponderExcluir
  8. Anna,desculpa! Mas faz tanto sentido pra mim!
    Conheci o Lucas como tu conheceu Switchfoot: "me foi apresentado pelo cara que eu gostava na época, daquelas paixões êfemeras dos 14 anos: intensas, desastrosas e desastradas."
    Já chorei, gritei, ri, me revoltei demais ouvindo todos os Cds da Fresno, e todos os projetos do Lucas. Me apaixonei pelo jeito intenso e absurdamente único que ele escreve e canta, até mesmo por todas as desafinações em "O acaso do Erro".
    Se tornou também um pedacinho de mim.

    ResponderExcluir
  9. Nessa idade, entre os doze e os catorze, eu ouvia muito Caetano, e aquelas bandinhas de rock da MTV, por influencia da minha irma mais velha. E gostava.
    Anna Karenina, hein? Pesado... já li.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  10. Não consigo chamar Fresno de A Fresno!!
    Sinceramente nunca li nada dele, nem ouvi muitas músicas, mas sempre achei ele até engraçadinho, rs!!
    Acho bacana esse tipo de admiração, faz a gente procurar tudo da vida da pessoa e acaba sendo como aquela amiga meio distante que perdeu contato faz tempo!
    Já tive muitos ídolos e paixonites assim, na época do 11, 12 anos ainda era época das boy bands e eu era louca pelos backstreet boys =)
    Agora sou louca pelos foo fighters, hauahuahauah!
    Beijosss

    ResponderExcluir
  11. É bom recordar os velhos tempos. Gostei de saber mais do Lucas. Parece que ele é inteligente também. Atualizei o blog, abraços!

    ResponderExcluir
  12. Aproveitando o momento "meu passado me condena" eu era fanática por NZero, cheguei a ir no Hangar110 aqui em São Paulo só pra ve-los, e era apaixonada pelo Geeh hahahahahahaahahaha mas eu não cheguei no nivel stalker - embora tenha planejado ir no prédio deles na Casa Verde - hahahahahahah trágico, eu sei.

    Mas enfim, eu até gosto de algumas musicas da Fresno sabia? Mas não conheço muito deles... ENfim, adorei saber dessa parte do seu passado Annoca!


    Beijos

    ResponderExcluir
  13. #chatiada porque não fui citada nesse post, sendo que nossa amizade começou por causa de um action e uma musica do beeshop.

    *lixa*

    ResponderExcluir
  14. Você fala que está velha,mas, Fresno é uma banda relativamente nova.(pra mim,né)

    ResponderExcluir
  15. No meu caso a banda em si faz parte. Ouvia muito por volta dos meus 14 anos, e acho que quem muito contribuía era a segunda voz do Tavares, junto dá do Lucas. Enfim... ambos bons músicas.

    ;)

    ResponderExcluir