Seria bem mais fácil escrever esse post se eu digitasse ao som de uma música como 'The long and widing road', profunda e cheia de significado. Seria um texto lindo se eu dedicasse alguns parágrafos para falar sobre a minha relação com 'The times are a-changin'', e vocês me achariam muito inteligente se eu dissesse que passei os últimos dois dias ouvindo 'Both sides now', tendo várias epifanias sobre a vida, o universo, e tudo mais.
A verdade, no entanto, é que passei os últimos dois dias ouvindo sem parar uma música que conta a história de uma garota que era emo e agora gosta de hard core antiguinho, e que para de dar bola pro mocinho da canção porque encontrou uns amigos com muita maconha que roubaram sua atenção. Falo de 'Victoria indie queen', canção do Beeshop dedicada a uma garota que não usa mais o cabelo curto e tem umas atitudes punk bem desagradáveis. Desenterrei essa música das cinzas numa dessas madrugadas das férias quando, depois de uma quantidade de tempo pouco saudável na frente do computador, a gente tem umas ideias bem sem critério. No meu caso, foi procurar no Youtube se aquele show bem antigo do Beeshop ainda estava por lá.
E não é que estava? O mesmo pelo qual eu me apaixonei e tão ardentemente desejei estar presente no há muito ido 2008, quando as pessoas ainda não conheciam seu outro projeto paralelo e que as 4 musiquinhas em inglês disponíveis no MySpace, com letras românticas e delicadas, eram meu tesouro secreto. Aquele que eu já tinha assistido tantas vezes que sabia até o jeito que Lucas mudaria as músicas, a forma como ele omite o nome da sua outra banda - que, por alguma razão que nunca vou entender, aparece na letra - e troca por um WHAT, e até o jeito dele agradecer a platéia no fim da apresentação. Mesmo depois dele ter lançado um CD, sempre vou preferir as demos do início da carreira, e no caso da música da Victoria, vou preferir a versão do show (que não é oficial, muito menos bem gravada) à qualquer outra. Arranjo sofisticado e bom sistema de captação de som algum substitui o jeito único e adorável de pronunciar chocolate flavoured popcorn do Lucas naquele show.
Então, na madrugada nebulosa querendo se fazer fria que separou a segunda da terça, eu fiquei ouvindo, e ouvindo, e ouvindo sem conseguir parar. E aí, na madrugada oficialmente fria que separou a terça da quarta, assisti Young Adults, filme do Jason Raitman escrito pela Diablo Cody, que traz Charlize Theron fazendo o papel de rainha da vergonha alheia, voltando à sua cidadezinha natal disposta a reconquistar seu namorado da época do colégio, agora casado, feliz, e pai de primeira viagem de um bebê bem fofo. Durante todo o caminho de Minneappolis até Mercury, ela vai ouvindo uma mesma música, sem conseguir parar. Nunca fui uma pessoa chegada no repeat, minha faixa mais ouvida no LastFm conta com exatas e modestas 50 execuções, mas nesses últimos dias, assim como Mavis Gary, eu ouvi a mesma música sem conseguir parar.
Meu cabelo ainda é curto e eu tenho um fraco perigoso por magrelos tocando em bandas indies, não fumo maconha e nem tomei Ritalina, prefiro ficar longe de linhas de tiro e as luzes de festa mais me espantam do que atraem, e por isso é difícil dizer que ouvi tanto e senti tantas coisas por acreditar que aquela música era minha. Tampouco ela está associada a algum evento específico pra explicar a saudade que experimentei acompanhada com o som da guitarra e ainda é cedo demais pra dizer que eu passei um tempão ouvindo de novo e de novo uma música da minha época. Mas tenho pra mim que se algum dia eu pirar e resolver mudar de vida, saindo de carro por aí pronta pra tomar alguma decisão precipitada (e provavelmente errada), é bem provável que eu passe todo o caminho ouvindo 'Victoria indie queen'. Enquanto essa parte da história não chega - e levando em conta o trauma que a personagem da Charlize deixou em mim, eu prefiro que não chegue nunca - escrevo esse texto que vocês dificilmente vão entender.
Ei amada! Adoro quando eu to nessa vibe viciada lindamente numa música. Odeio quando entro na fase de: AI QUE ÓDIO ESSA PORCARIA NÃO SAI DA MINHA CABEÇA. E foi lindo ver seu post porque eu hoje estou totalmente viciada numa música também e agora to até pensando em postar sobre o assunto.
ResponderExcluirNão comento mais nada porque Lucas é um assunto tão seu e Tarynesco que me deixa absolutamente chatielly e ciumentelly nas conversas que eu não consigo opinar! HAHAHA
Amo você! <3
Engraçado, vendo você falar dessa música com amor e sobre o quanto não consegue parar de ouvir me lembr de uma vez que fui dormir na casa de uma mega amiga e ela colocou o "Perfect" do Simple Plan pra tocar sem parar. Eu lembro que já estava exausta e ela simplesmente não se cansava... porque eu também não sou dada ao repeat mas tem música que me pega de jeito e quero ouvir pelo menos uma vez por dia.
ResponderExcluirEu nunca tinha ouvido essa música, resolvi ouvir enquanto lia e achei bonitinha... e que fofo vc cair de amores desse jeito. rs
(Obrigada por dizer que aquele foi seu "um dia" favorito. To me achando até agora!)
Você pode não ser, mas eu sou bem dessas de sismar com uma música e ficar ouvindo em loop até enjoar dela, Annoka. E sua história com esse vídeo me fez lembrar da MINHA banda da adolescência e ficar saudosa. Se não estivesse em aula, com certeza cataria alguma música para entrar na sua onda.
ResponderExcluirBeijinhos.