quarta-feira, 8 de maio de 2013

Indie queen

Seria bem mais fácil escrever esse post se eu digitasse ao som de uma música como 'The long and widing road', profunda e cheia de significado. Seria um texto lindo se eu dedicasse alguns parágrafos para falar sobre a minha relação com 'The times are a-changin'', e vocês me achariam muito inteligente se eu dissesse que passei os últimos dois dias ouvindo 'Both sides now', tendo várias epifanias sobre a vida, o universo, e tudo mais. 

A verdade, no entanto, é que passei os últimos dois dias ouvindo sem parar uma música que conta a história de uma garota que era emo e agora gosta de hard core antiguinho, e que para de dar bola pro mocinho da canção porque encontrou uns amigos com muita maconha que roubaram sua atenção. Falo de 'Victoria indie queen', canção do Beeshop dedicada a uma garota que não usa mais o cabelo curto e tem umas atitudes punk bem desagradáveis. Desenterrei essa música das cinzas numa dessas madrugadas das férias quando, depois de uma quantidade de tempo pouco saudável na frente do computador, a gente tem umas ideias bem sem critério. No meu caso, foi procurar no Youtube se aquele show bem antigo do Beeshop ainda estava por lá.

E não é que estava? O mesmo pelo qual eu me apaixonei e tão ardentemente desejei estar presente no há muito ido 2008, quando as pessoas ainda não conheciam seu outro projeto paralelo e que as 4 musiquinhas em inglês disponíveis no MySpace, com letras românticas e delicadas, eram meu tesouro secreto. Aquele que eu já tinha assistido tantas vezes que sabia até o jeito que  Lucas mudaria as músicas, a forma como ele omite o nome da sua outra banda - que, por alguma razão que nunca vou entender, aparece na letra - e troca por um WHAT, e até o jeito dele agradecer a platéia no fim da apresentação. Mesmo depois dele ter lançado um CD, sempre vou preferir as demos do início da carreira, e no caso da música da Victoria, vou preferir a versão do show (que não é oficial, muito menos bem gravada) à qualquer outra. Arranjo sofisticado e bom sistema de captação de som algum substitui o jeito único e adorável de pronunciar chocolate flavoured popcorn do Lucas naquele show. 

Então,  na madrugada nebulosa querendo se fazer fria que separou a segunda da terça, eu fiquei ouvindo, e ouvindo, e ouvindo sem conseguir parar. E aí, na madrugada oficialmente fria que separou a terça da quarta, assisti Young Adults, filme do Jason Raitman escrito pela Diablo Cody, que traz Charlize Theron fazendo o papel de rainha da vergonha alheia, voltando à sua cidadezinha natal disposta a reconquistar seu namorado da época do colégio, agora casado, feliz, e pai de primeira viagem de um bebê bem fofo. Durante todo o caminho de Minneappolis até Mercury, ela vai ouvindo uma mesma música, sem conseguir parar. Nunca fui uma pessoa chegada no repeat, minha faixa mais ouvida no LastFm conta com exatas e modestas 50 execuções, mas nesses últimos dias, assim como Mavis Gary, eu ouvi a mesma música sem conseguir parar. 

Meu cabelo ainda é curto e eu tenho um fraco perigoso por magrelos tocando em bandas indies, não fumo maconha e nem tomei Ritalina, prefiro ficar longe de linhas de tiro e as luzes de festa mais me espantam do que atraem, e por isso é difícil dizer que ouvi tanto e senti tantas coisas por acreditar que aquela música era minha. Tampouco ela está associada a algum evento específico pra explicar a saudade que experimentei acompanhada com o som da guitarra e ainda é cedo demais pra dizer que eu passei um tempão ouvindo de novo  e de novo uma música da minha época. Mas tenho pra mim que se algum dia eu pirar e resolver mudar de vida, saindo de carro por aí pronta pra tomar alguma decisão precipitada (e provavelmente errada), é bem provável que eu passe todo o caminho ouvindo 'Victoria indie queen'. Enquanto essa parte da história não chega - e levando em conta o trauma que a personagem da Charlize deixou em mim, eu prefiro que não chegue nunca - escrevo esse texto que vocês dificilmente vão entender.

3 comentários:

  1. Ei amada! Adoro quando eu to nessa vibe viciada lindamente numa música. Odeio quando entro na fase de: AI QUE ÓDIO ESSA PORCARIA NÃO SAI DA MINHA CABEÇA. E foi lindo ver seu post porque eu hoje estou totalmente viciada numa música também e agora to até pensando em postar sobre o assunto.
    Não comento mais nada porque Lucas é um assunto tão seu e Tarynesco que me deixa absolutamente chatielly e ciumentelly nas conversas que eu não consigo opinar! HAHAHA
    Amo você! <3

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  2. Engraçado, vendo você falar dessa música com amor e sobre o quanto não consegue parar de ouvir me lembr de uma vez que fui dormir na casa de uma mega amiga e ela colocou o "Perfect" do Simple Plan pra tocar sem parar. Eu lembro que já estava exausta e ela simplesmente não se cansava... porque eu também não sou dada ao repeat mas tem música que me pega de jeito e quero ouvir pelo menos uma vez por dia.

    Eu nunca tinha ouvido essa música, resolvi ouvir enquanto lia e achei bonitinha... e que fofo vc cair de amores desse jeito. rs

    (Obrigada por dizer que aquele foi seu "um dia" favorito. To me achando até agora!)

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  3. Você pode não ser, mas eu sou bem dessas de sismar com uma música e ficar ouvindo em loop até enjoar dela, Annoka. E sua história com esse vídeo me fez lembrar da MINHA banda da adolescência e ficar saudosa. Se não estivesse em aula, com certeza cataria alguma música para entrar na sua onda.

    Beijinhos.

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