segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ode à MTV

Ou: 6 Coisas que sinto falta na MTV
Ou, ainda: My MTV

Quando eu comecei a ver MTV, há uns seis anos, as pessoas já diziam que o canal não era tão bacana quanto foi um dia e que legal mesmo era a MTV da época deles, sentença esta que já saiu da minha boca também, que afirmei algumas vezes que o canal hoje não estava com nada e que legal de verdade era a minha MTV. De um jeito ou de outro, ela foi importante pra um monte de gente, e não deixa de ser triste que esteja saindo do ar pra se tornar sabe Deus o quê. Hoje começa a maratona de despedidas do canal, que vai reunir VJ's antigos num especial onde os melhores programas vão ser relembrados - pra quem estiver de bobeira na frente da TV deve valer à pena assistir e matar as saudades. Mas, pensando nisso, resolvi fazer o meu próprio My MTV, com as coisas mais legais que eu vi por lá e o que eu mais sinto falta.

Disk MTV


Foi através do Disk MTV que eu conheci o Strokes e isso é argumento suficiente pra eu não precisar escrever mais nada. Eu tinha 13 anos e não conhecia a banda, às vésperas da estreia do novo clipe deles, You Only Live Once, rolou todo um frenesi de expectativa e em todos os programas eles anunciavam que no Disk MTV daquele dia ia rolar o novo clipe do Strokes, que seria incrível e estavam todos empolgados. Eu não sabia do que se tratava mas me enchi de ansiedade também, e eu não tenho palavras pra dizer como aquele clipe mexeu comigo: os caras de branco tocando numa espécie de contêiner que ia se enchendo de um óleo escuro e nojento até praticamente submergi-los. E as guitarras. Aquelas guitarras do Strokes que eu nunca superei e jamais vou superar. Poderia citar ainda outros momentos marcantes como, por exemplo, a vertiginosa ascensão (e misterioso desaparecimento posterior) do ícone Dogão, mas vou me ater ao que mais me marcou na minha história com o programa: o dia em que eu ouvi Strokes pela primeira vez.

MTV +


A maioria do conhecimento inútil que eu ostento sobre artistas e bandas de rock, que quando me surge nas conversas eu juro que não sei de onde veio, na verdade eu aprendi com esse programa. Era bem simples e nunca foi muito popular, mas eu adorava: apresentado pelo Léo e pela Marina Person, que se revezavam, ele contava uma pequena biografia sobre músicos, bandas e até movimentos e estilos. O relato das trajetórias sempre vinha acompanhado de algumas curiosidades inúteis e interessantes, dessas que não servem pra nada senão para soltar durante uma conversa, fazendo com que os outros se perguntam como é que você sabe tanto sobre a morte do Sid Vicious. Aliás, algumas semanas eram temáticas e esses eram os melhores programas. A minha favorita, claro, foi sobre famosos que morreram de forma misteriosa, fonte de onde tirei essas histórias do Sid Vicious e onde conheci o The Doors.

Hermes e Renato


Acho que foi por causa de Hermes e Renato que eu comecei a curtir o lado mais sem noção do humor. Cheio de sátiras e muito besteirol, o programa ainda é uma das coisas mais engraçadas e erradas que eu já vi na TV. Eu assistia meio escondido porque era cheio de palavrões, bobagens, e eu devia ficar sem entender a maioria das piadas, mas ainda assim era muito engraçado. A novela Sinhá Boça foi a minha produção favorita, junto com o Tela Class, programa em que eles pegavam uns filmes B policiais e faziam a redublagem e o Massacration, banda fake de metal com os clipes mais doentes e hilários do mundo. Tem bastante coisa no Youtube e vale muito à pena assistir. Sério.

Top Top MTV


Mais um programa com parada de clipes, mas com os melhores critérios do mundo. O tema do programa sempre era divertido e inusitado, como as dez melhores tretas internas da música, artistas que todo mundo pensa que são gays mas não são, vegetarianos, foras da lei, etc. Foi por causa do Top Top MTV que eu ouvi The Cure pela primeira vez, lembro que eles ganharam o primeiro lugar em um dia que o tema foi especial sobre o dia das crianças, com o clipe Boys Don't Cry. Era cheio de curiosidades também: esse mesmo especial de dia das crianças, por exemplo, me ensinou que, na época do White Stripes, o Jack e a Meg só usavam vermelho, branco e preto nas roupas e na estética dos clipes porque essas eram as cores que os bebês enxergam com maior intensidade. Não é o tipo de coisa que muda a sua vida, mas é legal pra caramba saber disso (não sei por que, já que a primeira vez que tenho a chance de compartilhar esse relevantíssimo fato). 

Beija Sapo


Por que não existe mais esse tipo de programa onde as pessoas tentam arranjar um namorado na TV? Eu sei, tem o Vai Dar Namoro e um dos meus sonhos é ir pra platéia gritar que as mulheres só foram arrumar o cabelo, mas uma pequena competição com o nível de vergonha alheia e falta de noção assumidas como acontecia na MTV não existe mais. Apenas saudades. O legal do Beija Sapo era mesmo o fator esculhambação da coisa, com Daniela Cicarelli fazendo comentários indiscretos e desnecessários, o ótimo quadro que revelava o quarto (e as bagunças, e as gavetas de cueca) dos concorrentes e o prêmio de consolação, quando alguém da platéia tinha que gritar SOCORRO, CICARELLI pra beijar os sapos (ou sapas) que não foram escolhidos. Sério, o que aconteceu com esse tipo de lixo televisivo e por que a gente aguenta Zorra Total há mais de dez anos e ninguém quis reavivar o Beija Sapo?

Rockgol


Por fim, aquele que é definitivamente o meu programa favorito de todos os tempos da MTV Brasil: Rockgol - de domingo ou de segunda, pra mim tanto faz. Rockgol era uma roda de conversa sobre futebol, onde os apresentadores e convidados (normalmente um jogador e um músico) comentavam sobre os jogos da semana, o que estavam fazendo da vida, etc. Era realmente a coisa mais divertida da televisão e acredito que comecei a gostar de futebol por causa do programa, que me mostrou como um monte de caras correndo atrás de uma bola pode ser algo legal. Algumas pessoas eram figuras carimbadas na bancada (ou no sofá) da atração e os melhores programas eram aqueles em que o Denilson, na época jogador da seleção, e o Nasi, ex-vocalista do Ira!, também conhecido como Wolverine Valadão, participavam. O programa durou até esse ano, mas pra mim ele acabou quando o Paulo Bonfá e o Marco Bianchi deixaram o comando, eles eram a alma daquilo e a razão de toda graça, com as milhares de piadas internas, os bordões, os patrocinadores falsos (saudades Paulo Bonfá Ringling Brothers Capillar Consultants) e a leitura de e-mails da Deise, de São Conrado (você lembra de mim?). Meu quadro favorito era o Jogo Duro de Assistir, em que eles cobriam algum jogo da série J numa cidade de interior e narravam os eventos como se fosse uma final de Copa do Mundo. E por falar em competição, o Rockgol realizava todo ano o Campeonato Rockgol, onde os músicos formavam times de futebol e competiam entre si. Era absolutamente fantástico porque a maioria jogava mal pra caramba, os nomes dos times eram hilários e as narrações do Bonfá e do Binchi, impagáveis. Eles usavam fantasias, perucas, chapéus engraçados e inventavam várias músicas durante os jogos. Meu sonho é que eles lancem um DVD com, se não todos, ao menos os melhores programas da história do Rockgol, eu compraria na pré-venda. Não é à toa que uma categoria aqui do blog se chama totalmente excelente: entendedores entenderão.

Bônus: Felipe Solari



Pausa para pedreiragem, para sentir falta dos tempos gloriosos com o VJ mais bonito e charmoso que a MTV Brasil já teve, o Orlando Bloom brasileiro, Felipe Solari. Ele fez vários programas, e o que mais me lembro é do Domínio MTV, uma espécie de jornalzinho que ele apresentava junto com a Kika - e eu e minha amiga Rinna morríamos de ciúme dos dois flertando ao vivo. Aliás, Rinna era (é) minha companheira de obsessão pelo Solari e eu preciso dizer que uma vez ela encontrou com ele na praia e não teve coragem de chegar nem ao menos perto para ver se ele era tudo aquilo mesmo. Tenho tios paulistas que foram praticamente vizinhos da MTV por muitos anos, e sempre que eu ia para lá passar as férias, a gente comia bastante na padaria/pizzaria que fica bem do lado do prédio da emissora. Já consegui avistar vários VJ's, mas minha eterna frustração é de nunca ter visto o Solari. Nem de longe. Até hoje a gente sofre, porque agora ele namorada a Laura Neiva e a gente fica sofrendo pelo Instagram, porque aqueles dois são tão lindos que é difícil coexistir. Tentamos muito topar com ele no Lollapalooza, mas só achamos o Cazé Peçanha.

Minha época de passar a tarde na frente da TV vendo MTV e de saber de cor o horário dos programas e das reprises e de esperar ansiosamente pelo VMB já passou há um bom tempo, mas não deixo de ficar meio triste pelo fim do canal. Recentemente, quando eles voltaram a passar praticamente só clipes, peguei o hábito de ligar a TV e ficar ouvindo música, casualmente passando na frente e vendo um clipe e outro. Não faz nem duas semanas que fiquei a manhã toda deitada no sofá só vendo um clipe atrás do outro, adoro os vídeos e sempre descubro músicas e bandas novas, foi assim que conheci um monte de artistas que são importantes pra mim. Minha última lembrança querida com a MTV vai ser a de um domingo em que eu acordei muito cedo e assisti, na sequência, toda a videografia do The Cure, seguida da do Smashing Pumpkins - acredito que a gente nunca assiste o clipe de Tonight Tonight o suficiente. Foi um bom domingo.


10 comentários:

  1. Por algum motivo estranho, eu nunca fui capaz de gostar de Hermes e Renato. Agora, no fim da quase finada MTV, eles voltaram e o humor ainda não me agrada. Nossa Anna, você relembrou Strokes e eu estou ouvindo-os agora. Amo horrores essa banda, cujas lembranças vão além da MTV, onde também os descobri.
    Top Top foi um programa maravilhoso e, até hoje, assim como o Disk, não compreendo por quê acabou.
    Enfim, eita emissora que vai deixar saudades, viu.
    Abraços.

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  2. Devo TANTA coisa a MTV, dá um mega aperto saber que não vai ter mais. :(
    Fui em um dos jogos do Rock Gol (bem no ano em que CPM22 não ganhou o campeonato), tive os meus anos de cursinho embalados pelo Disk e nas vésperas do vestibular precisava me concentrar MUITO pra não me deixar levar pelas maratonas de 10 horas de Beija Sapo e Top Top!Desesperei hoje quando você tuitou sobre os melhores momentos da Marina e eu não tinha como assistir, nem gravar!

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  3. Cresci em tv a cabo em casa e sem MTv na tv aberta. Resolvia o problema ficando quase 20h por dia na casa da melhor amiga cantando com todos os clips do Disk Mtv, na época era a Sara, acho.
    E todos esse programas aí que poxa vida, cadê?
    Cadê Beija Sapo? mimimi eterno.


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  4. Bah, "Beija Sapo" deixou história! Eu lembro que a gente sempre comentava sobre o programa no dia seguinte no colégio... Eu curtia também o Disk, lembro direitinho da época que era com a Sarah Oliveira. Ah, e tinha também um programa com a Penélope, de madrugada, que ela dava conselhos sexuais pra quem ligava pra lá, era hilário! A gente sempre assistia quando ia dormir na casa das amigas hahaha
    MTV vai deixar saudades!

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  5. eu amava demaaais o toptop mtv. um pouco de cultura às vezes inútil e muita música boa, saudades viu!

    champagne supernova

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  6. Na minha cidade nunca teve MTV no sinal aberto, olha que trágico hehehe Mas me lembro de uma época aurea em que meus pais assinaram tv a cabo e eu conheci as melhores bandas do mundo!

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  7. Passei a adolescência na companhia dessa MTV, e era realmente bem melhor do que a atual. Meu programa favorito era o Disk, sem dúvidas, e só não ficava ligando feito doida pra fazer minha banda favorita subir no ranking pq mamãe ficava me vigiando, haha. Ela bem sabia que gastaria horrores no telefone!

    E quando eu assistia não era o Beija Sapo, mas o Fica Comigo com a Fernanda Lima. Não lembro se o esquema era igual, mas a premissa era: moças e moços desconhecidos tentando a sorte de encontrar o par perfeito da televisão.

    =*

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  8. Penso na MTV e logo volto no tempo, para aqueles dias em que não fazia nada durante a tarde e perdia horas na frente da televisão. Bons tempos que ficaram no coração, assim como este querido canal.
    Adorei seus comentários sobre o Rock Gol. hahaha
    Beijos :)

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  9. Eu sou esquisita, cê sabe né? Eu nunca tive paciência pra Clip e nunca nem dei bola pra MTV. Eu sou muito esquisita. Enquanto minhas amigas se refastelavam na adolescência e passavam o final de semana todo vendo MTV eu ficava entre a infância e a ~idade adulta~: Entre a Nickelodeon e o Discovery Home and Health, porque, gente, assistir "Hey, Arnold" e "A chegada de um bebê" era o que podia haver de melhor! Capaz que se eu estivesse vendo MTV e passasse essa famosa propaganda aí que você botou a foto, eu realmente ia desligar a tv e ia pegar um livro. Sou apaixonada pelas músicas que amo (dãr), mas nunca fui apaixonada pelo mundo da música, e enfim. Mas claro que eu via um Beija Sapo aqui, outro ali, e acho que essa esculhambação é extremamente mais válida que Zorra Total. E preciso comentar que uma vez, na casa da minha tia onde não pegava nem Nickelodeon nem Discovery, eu fiquei repassando os canais por volta das 2 da manhã, e dei de cara com PONTO P. Eu devia ter uns 13 anos e parei na tela com aquele cenário roxo, e aquela mulher de roupa legal, e de repente o tema da conversa era "Eu acho que ela transa com nosso cachorro", e eu fiquei sentada no sofá olhando aquilo em estado de choque. Fim. HAHAHAHAHA

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