segunda-feira, 27 de julho de 2009

Anna Vitória no sebo das maravilhas.

Boa amante de livros que sou, a vida toda sempre tive vontade de visitar algum sebo. Sonhava com todas aquelas estantes cheias de poeira abarrotadas de livros clássicos com suas páginas já amareladas que continham um pouco da história de todas as mãos pelas quais o livro já passou. Sou fascinada com livros velhos, o que chega a ser irônico já que sou muito alérgica. Gosto de livros novos também, mas convenhamos que as páginas amarelas e o cheiro de guardado tem lá sua poesia.

Mamãe nunca se animou em me levar em sebo algum, alegando que eu estava presa à idéia de que os sebos daqui eram iguais aos de São Paulo e das grandes cidades, onde se encontram raridades à preço de banana, como meu tio que mora em São Paulo não se cansa de comentar. Já que dependo de mamãe para ir e vir, a ida no sebo ficou só na vontade. Até fui em um que fica bem no centrinho da cidade, mas o foco eram mais as revistas antigas e o melhor que consegui foram umas Vogues antigas bem inspiradoras, já que os únicos livros que encontrei lá foram os romances de putaria à la mãe do Chandler. #fail 1

Até que abriu um sebo relativamente perto da escola. Aproveitei uma segunda-feira que eu tinha aula a tarde, pus na mochila todos os livros que eu estava afim de trocar e pedi para mamãe me deixar na porta que para a escola eu seguiria a pé. Que decepção! A visita lá não valeu o incômodo de ter que carregar todos aqueles livros na mochila e muito menos o quase atropelamento que eu sofri atravessando uma avenida super movimentada daqui (preciso declarar que tenho um seríssimo problema com atravessar a rua, tenho o maior potencial do mundo para ser atropelada). O lugar era arrumadinho, e a atendente foi super simpática, mas o único livro que valesse a pena que eu achei foi um Dom Casmurro versão pocket e bem, eu estou bem servida de Dom Casmurros em casa. O que mais tinha eram livros de faculdade e infanto-juvenis, sem falar em um milhão de romances espírita. #fail 2

Foi então que um dia desses, dona Isabela me ligou contando que visitou um sebo super amor no qual ela conseguiu vender seus livros, e apesar de tão ter futricado nas estantes, sentiu que o lugar tinha potencial. Anotei o nome e comecei a falar sobre ir lá na cabeça de mamãe. Venci a fera pelo cansaço, que é minha especialidade, e depois de dias e dias falando que minha vida só seria completa se eu fosse no tal sebo, ela prometeu que me levaria lá antes que as aulas voltassem, só esperaria um dia que ela estivesse cheia de paciência para encarar um abarrotado de livros antigos e empoeirados. Novamente peguei os livros que estava afim de trocar, organizei mentalmente os livros que estava afim de encontrar por lá e fui.

Era grande e os atendentes simpáticos. A quantidade de estantes fez meus olhos saltarem. A tentação de andar estante por estante observando todos os títulos e passando a mão pela lombada deles foi grande, mas eu sabia que mamãe não me deixaria ficar ali eternamente, então me foquei nos alvos pré-determinados e me pus a garimpar. Quase duas horas depois (amarei mamãe eternamente depois dessa amostra de paciência comigo), escolhi 5 livros e olha que amor: da lista que eu havia feito com os títulos que eu queria mais, só não encontrei um (Bonequinha de Luxo - Trumam Capote)! Saí de lá feliz, amiga dos atendentes, prometendo voltar com mais tempo (ignorei o olhar de mamãe me fuzilando) e sentindo que encontrei meu lugar no mundo (mais um, né).

Antes que perguntem, os livros que comprei: Razão e Sensibilidade - Jane Austen, O Chefão - Mario Puzo (papai já botou os olhos nesse), Drácula - Bram Stocker, Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (comprei porque o meu estava caindo aos pedaços) e Non-Stop - Martha Medeiros.

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