Gosto muito quando filmes que subestimo me fazem morder a língua, e também quando filmes que estou colocando uma super expectativa, correspondem a ela. E com Jean Charles aconteceu as duas coisas. No começo eu estava subestimando, na verdade, não estava nem aí. Lendo algumas críticas, comecei a pensar que o filme poderia ser bem bacana, e estava muito ansiosa para vê-lo. De fato, achei bem bacana mesmo, muito mais do que eu havia pensado antes de entrar na sala do cinema, naquele frevo infernal que foi a tarde de sexta-feira passada.
Muita gente se decepcionou porque pensava que o filme teria todo aquele discurso da triste realidade o imigrante brasileiro no exterior, no mini-mundo brasileiro que existe nas maiores e mais importantes cidades do mundo, todos vivendo na ilegalidade, sobrevivendo às custas de empregos informais, da xenofobia e blablabla. É sobre isso também, mas esse não é o foco da história, Brasil! O filme quis mostrar para as pessoas quem era o Jean Charles, quem era a pessoa que ficou conhecida como "o cara confundido com muçulmano que foi morto à queima roupa pela polícia londrina" e era muito mais que isso. Este é o objetivo, que é cumprido com maestria.
O roteiro foi escrito de uma maneira que no final do filme a gente tem a sensação de que já topou com ele num beco de Londres, bateu um papo, ouviu uns casos e depois ficamos sabendo que ele morreu. Adoro essa entrega, amo sair no cinema com a sensação de que aquela história poderia ter feito parte da minha vida. Acho genial. O Selton Mello é um ator muito, muito (muito mesmo) bom, e cara, ele está muito ótimo no papel de Jean Charles. Toda a pinta, o carisma, o jeitinho brasileiro não tão politicamente correto. Já a Vanessa Giácomo, na sem graceza dela ficou bem no papel da prima sem graça. E o Luiz Miranda deu um show, adicionando um toque de humor quando a coisa tendia demais para o discurso político dos blablablas supracitados. Todo o elenco coadjuvante foi muito bem encaixado, sabe quando você enxerga as clássicas personalidades da sociedade ali? Então, super isso.
Uma parágrafo para a direção. Gostei, gostei, gostei muito. Umas câmeras estilo amador, meio tremendo, meio baixa qualidade, meio filme europeu. Mil pontos para a cena do assassinato, quando a câmera nos coloca no ponto de vista transtornado de Jean Charles, sacada muito foda. A fotografia "ao natural" também ajudou a dar aquele toque de: não estamos mostrando aqui o sonho europeu, e sim a realidade, abraços. Londres é cinza, minha gente, e não aquela coisa cinza brilhante que contrasta com os famosos ônibus vermelhos. A participação do Sidney Magal foi muito boa, muquifo, show trash, dançarinas de moral duvidosa, aquela putaria adoidada, e viva Sandra Rosa Madalena e viva o Brasil!
Agora eu fiquei afim de discutir os blablablas ali de cima, mas acho que é por ter passado o dia estudando História. Poupá-los-ei de um falatório sem fim. Tenham fé, gente, eu vou sobreviver a essa pré-semana de provas, e à semana de provas, e vou sim responder os comentários, não falta muito para minha Lei Áurea ser assinada, haha! Enquanto isso vos deixo com os blogs de meus amiguinhos-amores-queridos-corujados: Matheus e Sofia, estou convertendo toda a patota à blogosfera e twittosfera, os pôneys vão dominar o mundo, aguardem! Beijones!
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