quarta-feira, 8 de julho de 2009

Notícias de uma escrava branca dos livros.

No meio da prova de Redação a bolha que tinha no meu dedo indicador estourou. Sim, eu consegui uma bolha de tanto escrever. Eu seguro o lápis de um jeito estranho, que faz com que se por acaso a unha do polegar esteja grande, ela fique roçando o indicador, que vai criando um calo. Eu só não contava com a astúcia do meu organismo de fazer nascer ali uma bolha. Era pequeninha e eu pensei que não ia fazer estrago. HÁ! Depois de dias inteiros passados fazendo resumos para as provas (só consigo aprender quando escrevo tudo que estudei) e de fazer uma prova de Literatura e um rascunho de Redação, a bolha estourou. E começou a arder. E a doer. E eu não conseguia segurar a caneta. E eu tinha uma Redação de 27 linhas para passar a limpo. Doía tanto que eu tinha que fazer uma linha, parar, deixar que meu dedo sossegasse para então continuar. Isso somado a aflição de pensar que não daria tempo, e da dor cada vez mais crescente (acho que estou com LER de tanto escrever, não tem lógica). No final optei por apagar o último parágrafo da Redação (que era só encheção de linguiça) para que meu braço não caísse.

E este é meu estado atual, Brasil. Estou com três dedos da mão direita enrolados com band-aid: o indicador por causa da bolha, o médio no calo natural da escrita, e no mindinho que tem um calo enorme porque ele fica arrastando no papel enquanto eu escrevo. Desde sexta-feira eu estava sem conseguir comer direito, porque era só pensar na prova de Matemática de terça que tudo revirava. Eu fui bem na prova, apesar de ter conseguido errar duas questões (uma em álgebra e outra em geometria). Meu estômago voltou ao normal, mas eu ainda enxergo vetores saindo de toda e qualquer coisa que se movimente, e sei que isso só vai passar (eu espero) depois que eu tiver feito a prova amanhã. Esses dias estava no carro, vi um avião decolar e imaginei um vetor deslocamento saindo dele, e tentei fazer uma escala no céu para calcular a intensidade. E eu fico imaginando as forças em tudo, absolutamente tudo que eu vejo. Quanto será a resultante disso? Qual será o coeficiente de atrito daquilo? Estou prestes a fazer o Tarso, essas coisas estão me seguindo.

Eu nunca antes ansiei tanto para a chegada das férias como agora. Nunca. Eu penso que sexta-feira tudo finalmente acaba, mas aí parece que a sexta ainda tá tão longe, que tem tanta prova e coisas para estudar nesse intervalo, que eu até me desanimo. Meus primos bebês estão aqui na cidade desde segunda, e até hoje acho que não fiquei com eles por mais de duas horas. Quero brincar de Homem Aranha e ver Toy Story até decorar as falas. Quero passar a noite vendo filme, e o dia fazendo nada. Quero assistir Harry Potter. Quero conseguir deitar a cabeça no travesseiro sem sonhar com as provas. Quero engolir minhas apostilas. Quero tanto isso, mas tanto, que chego a querer cancelar todos os planos já feitos para esses dias em que serei totalmente livre, só pra poder me enfiar num buraquinho, me cobrir com uma manta de nada e ficar assim, parada, quietinha, sendo uma alface e dormindo como se não houvesse amanhã.

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