Na minha escola existe uma atividade chamada "Ciência e Cidadania" que vale para os primeiros e segundos anos, onde cada turma todo bimestre desenvolve um projeto por uma tema pré-estabelecido, e no final do ano apresenta um fórum, unindo todos os trabalhos de todos os bimestres. Nesse terceiro bimestre, o projeto da minha turma é sobre habitação e até agora só fizemos coisas bem interessantes, como conhecer uma favela for real, coisa que eu sempre quis fazer.
Aí hoje, tivemos um "debate" com o Secretário de Habitação da cidade, para discutirmos acerca do tema e sobre o que vimos na nossa visita a favela. Pra começar, uma coisa que era pra ser um bate bola, já começou errado, pois o secretário enrolou uns bons cinquenta minutos falando e falando e falando, sobre coisas que pouco tinham a ver que mais cheirava a um momento MariMoon, aka, auto-promoção. Ele falou um monte de bobagens, fez uma apologia discreta à ditadura e ao governo Collor. Na verdade, ele rasgou seda descaradamente para o Collor. O melhor de tudo era observar a cara da professora de Sociologia, que estava horrorizada com as abobrinhas seguidas que o cara dizia, tinha que segurar a risada quando olhava para ela, que ao encontrar o olhar dos alunos fazia um #facepalm digníssimo. Já no final do nosso tempo, ele finalmente "abriu rapidinho para fazermos perguntas", sendo que o objetivo principal do encontro era ele responder as perguntas. Paciência.
Quando saiu a primeira pergunta sobre a favela que tínhamos visitado, ele foi categórico. Num tom bem debochadinho, disse que era muito difícil lidar com aquelas pessoas, que não tinham educação alguma e muito menos cultura, por isso eles estavam naquela situação. Nessa hora, Naná - que antes tinha escrito na mesa que não estava aguentando e ia estragar tudo - meio que gritou um "NÃO!" e foi dada a confusão. Com um metro e meio de muito atrevimento, Naná colocou ele devidamente na parede, a ponto de fazer o cara se contradizer, já que ele primeiramente citou Marx, e quando ela usou um argumento Marxista para contra-argumentar, ele teve o displante de dizer que Marx era ultrapassado e que ela não podia se basear nele pra dizer coisa alguma. Nessa hora, toda a sala já estava exaltadíssima (inclusive eu), todos mandando perguntas granada, e o coitado ficando com o rabinho entre as pernas, desconversando e começando a falar sobre suas incríveis obras públicas. Aham, Cláudia, senta lá.
O que mais me deixou com raiva, é que eu tenho quase absoluta certeza de que ele entrou lá pensando que ele ia falar para um monte de playboyzinhos e patricinhas sem nada na cabeça, ia nos engambelar com um discurso chato, lotado de palavras bonitas e difíceis, que nos faria balançar a cabecinha que nem cachorrinho de taxista e no final ainda aplaudir. Só fico surpresa porque ele é um político muito querido por aqui, quase sempre é o vereador mais votado e trabalhou quase a vida inteira na educação, ou seja, não pode se dar ao luxo de enfrentar uma sala com quarenta adolescentes e falar coisas infundadas e bem erradas, como se tivesse se esquecido de que nas próximas eleições nós vamos poder votar, e me baseando ainda pela discussão acalorada que a sala inteira entrou depois dessa reunião, todo mundo dificilmente vai se esquecer das coisas que ele disse, ainda mais depois de ter visto como é a realidade das pessoas "sem educação e sem cultura" (porque ver pela tv é uma coisa, quando você tá lá, é totalmente diferente). Eu, pelo menos, não vou.
E sabe o que eu acho? Eu acho é pouco.
Aí hoje, tivemos um "debate" com o Secretário de Habitação da cidade, para discutirmos acerca do tema e sobre o que vimos na nossa visita a favela. Pra começar, uma coisa que era pra ser um bate bola, já começou errado, pois o secretário enrolou uns bons cinquenta minutos falando e falando e falando, sobre coisas que pouco tinham a ver que mais cheirava a um momento MariMoon, aka, auto-promoção. Ele falou um monte de bobagens, fez uma apologia discreta à ditadura e ao governo Collor. Na verdade, ele rasgou seda descaradamente para o Collor. O melhor de tudo era observar a cara da professora de Sociologia, que estava horrorizada com as abobrinhas seguidas que o cara dizia, tinha que segurar a risada quando olhava para ela, que ao encontrar o olhar dos alunos fazia um #facepalm digníssimo. Já no final do nosso tempo, ele finalmente "abriu rapidinho para fazermos perguntas", sendo que o objetivo principal do encontro era ele responder as perguntas. Paciência.
Quando saiu a primeira pergunta sobre a favela que tínhamos visitado, ele foi categórico. Num tom bem debochadinho, disse que era muito difícil lidar com aquelas pessoas, que não tinham educação alguma e muito menos cultura, por isso eles estavam naquela situação. Nessa hora, Naná - que antes tinha escrito na mesa que não estava aguentando e ia estragar tudo - meio que gritou um "NÃO!" e foi dada a confusão. Com um metro e meio de muito atrevimento, Naná colocou ele devidamente na parede, a ponto de fazer o cara se contradizer, já que ele primeiramente citou Marx, e quando ela usou um argumento Marxista para contra-argumentar, ele teve o displante de dizer que Marx era ultrapassado e que ela não podia se basear nele pra dizer coisa alguma. Nessa hora, toda a sala já estava exaltadíssima (inclusive eu), todos mandando perguntas granada, e o coitado ficando com o rabinho entre as pernas, desconversando e começando a falar sobre suas incríveis obras públicas. Aham, Cláudia, senta lá.
O que mais me deixou com raiva, é que eu tenho quase absoluta certeza de que ele entrou lá pensando que ele ia falar para um monte de playboyzinhos e patricinhas sem nada na cabeça, ia nos engambelar com um discurso chato, lotado de palavras bonitas e difíceis, que nos faria balançar a cabecinha que nem cachorrinho de taxista e no final ainda aplaudir. Só fico surpresa porque ele é um político muito querido por aqui, quase sempre é o vereador mais votado e trabalhou quase a vida inteira na educação, ou seja, não pode se dar ao luxo de enfrentar uma sala com quarenta adolescentes e falar coisas infundadas e bem erradas, como se tivesse se esquecido de que nas próximas eleições nós vamos poder votar, e me baseando ainda pela discussão acalorada que a sala inteira entrou depois dessa reunião, todo mundo dificilmente vai se esquecer das coisas que ele disse, ainda mais depois de ter visto como é a realidade das pessoas "sem educação e sem cultura" (porque ver pela tv é uma coisa, quando você tá lá, é totalmente diferente). Eu, pelo menos, não vou.
E sabe o que eu acho? Eu acho é pouco.
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