domingo, 31 de janeiro de 2010

Minhas cenas memoráveis.

Domingo passado a Folha Mais trouxe como reportagem de capa vários profissionais do ramo cinematográfico e entusiastas do mesmo (José Wilker, oi) para selecionarem o seu momento favorito na história do cinema, ou melhor, as cenas que sintetizam a história do cinema. As escolhas foram um tanto previsíveis, muitas até mesmo repetidas - mas nem por isso pouco louváveis: o corte do osso em "2001", os olhos do "Bebê de Rosemary", o resto vocês conferem aqui. Fato é que eu ainda tenho muitos filmes pra assistir nessa vida para precisamente dar meu pitaco sobre tal tópico, mas não posso deixar de listar aqui as minhas cenas favoritas (lembrem-se: esse é um tópico que pode ser abordado por aqui muitas vezes, me aguardem).

Já aviso, essa coisa de escolher senas (desculpa, não resisti!) é extremamente pessoal. Determinado momento que eu considero sensacional, para vocês pode ser apenas uma sequência como outras tantas. Portanto, não se decepcionem com as minhas escolhidas.

Cena inicial de "Breakfast At Tiffany's".



A verdade é que eu não consigo explicar o efeito dessa cena sobre mim. Holly (Audrey Hepburn) sai do táxi no início da manhã e anda até a loja da Tiffany's, onde passa alguns minutos contemplando a vitrine enquanto toma café da manhã. No decorrer da história, descobrimos que Holly sempre vai até a Tiffany's quando se sente triste, porque lá ela sente que nada de ruim pode lhe acontecer. Ao fundo, "Moon River" toca no instrumental. Depois de ver o filme, você percebe que essa cena resume toda a história. E aos dois minutos de filme eu já estou chorando.

Dança de Lizzie e Mr. Darcy em "Orgulho e Preconceito".


Depois de ter dito que ao contrário de sua irmã Jane - a única moça bonita da região - Lizzie era apenas razoável, e que não dançaria com ela, Mr. Darcy, no baile dado em Netherfield, de repente a convida para dançar. Nos primeiros segundos da coreografia, Lizzie já começa a alfinetar o parceiro, que responde a altura. Pouco depois, já estão discutindo, e todos os outros pares parecem sumir enquanto os dois batem de frente ao som da linda música "A Postcard To Henry Purcell". Outra cena dessas que resumem o filme inteiro. Sou perdidamente apaixonada por esse filme, pelo livro que lhe inspirou, e a cena foi filmada num ritmo tão bom que os diálogos conseguem atingir a troca de farpas intensa como mostra o livro.

Chicks Who Love Guns, em "Jackie Brown".


Esse é um filme do Tarantino que nem é tão legal assim, se comparado aos seus grande "Pulp Fiction" e "Cães de Aluguel", mas eu garanto que o tédio que bate lá para o fim desse vale muito a pena, porque a primeira cena do filme - esta - faz qualquer coisa valer a pena. Uma converse nonsense, bem errada, entre Ordell (Samuel L. Jackson), um traficante de armas, com Louis (Robert de Niro), seu novo comparsa. O vídeo que eles assistem, de mulheres de biquini com metralhadoras é o "catálogo" de Ordell. De chorar de rir, Tarantino está inteiro nessa cena.

"I'm gonna make him an offer he can't refuse", em "O Poderoso Chefão".



Essa cena, logo no começo do primeiro Poderoso Chefão nos mostra que Don Vitto Corleone não é pouca porcaria não. Um de seus afilhados, um cantor em decadência Johnny Fontane, quer realavancar sua carreira participando de um filme. O problema é que o diretor declarou que não dará o papel para Johnny sob hipótese alguma. Tom Haghen é enviado para tentar negociar, porém não obtem sucesso. Assim, don Vitto Corleone faz uma oferta irrecusável, que apresentada na cena acima. A cabeça do cavalo, que fique clara, pertencia ao cavalo mais caro da coleção do diretor. É uma cena chocante, dramática, a câmera é muito bem posicionada e a trilha não poderia ser mais apropriada. Beijo, Coppola!


"Como lo sabía!" em "Vicky Cristina Barcelona".


Penépe Cruz está fora do comum nesse filme. Talvez seja suspeita pra falar, porque eu gosto muito dela, mas se isso ajuda, acho que dois terços do meu amor por ela veio por causa de Maria Elena, a artista desequilibrada, a esposa maluca de Juan Antonio (Javier Barden - me liga!) interpretada por ela nesse filme. Ela está incrível em todo filme (inclusive ganhou o Oscar por ele. Btw, ela ter ganhado o Oscar ano passado me fez recuperar minha fé na premiação), mas essa cena é sensacional. Maria Elena e Juan Antonio viviam uma conturbada relação, se amavam perdidamente, mas brigavam como animais. Quando decidem se separar, Juan Antonio conhece a americana Cristina, uma garota sonhadora e aventureira, por quem logo se apaixona e vai morar com ele. Porém, quando Maria Elena tenta suicídio, Juan Antonio tem que cuidar dela, que no começo tem atritos sérios com Cristina. Com o tempo, elas se conhecem melhor, e todos passam a viver um cor-de-rosa romance a três. Até que Cristina, que sofre de insatisfação crônica (como Maria Elena diz) resolve ir embora, que é o que mostra a cena. Vocês tem também a impressão de que esse filme tem muito mais cara de Almodóvar do que de Woody Allen?

Quando estiver sofrendo de falta de inspiração, volto com outras cinco cenas para vocês. Espero que gostem! :)

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