quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sampa.

Alguma coisa acontece no meu coração quando me encontro por lá. Não sei porém dizer o que é, sei que é algo, e sei que é no fundo do coração, parece pular todas as vezes que ando - de carro, metrô ou a pé - por aquelas ruas cheias de carros enlouquecidos, cercadas de prédios enormes e pessoas passando apressadas. Desde pequena a terra da garoa exerce um fascínio sobre mim que não sei explicar. O fato de tios muito queridos e meu primo que é mais do que irmão morarem lá talvez contribua, mas eu sempre soube que tinha algo mais, lembro muito de mim bem pequena entrando na cidade nas primeiras horas da manhã, grudada ao vidro da janela do carro, sem tirar um segundo os olhos daquilo que passava por mim e tendo certeza absoluta de que eu poderia observar aquilo pra sempre. Ou então da vez que pela manhã fui comer pastel na feira e tomar fanta uva sentada no meio fio em frente ao prédio dos meus tios com meu primo, não sei o que era, mas era e ainda é diferente.

É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas


Nos dias em que me encontrei por lá - quase duas semanas - devo ter feito tudo o que eu mais gosto de fazer nessa vida: passeios a pé pela Paulista, vi muitos filmes, assisti Friends e Twin Peaks até sair pelos olhos, conheci a Pinacoteca e a Casa das Rosas, fui em sebos e brechós, peguei a sessão da meia noite no cinema, comi comida mexicana, italiana, árabe, um bom hamburguer, andei de bicicleta no Vila-Lobos, tomei banho de chuva, desci e subi ladeiras até não poder mais, decorei o nome das ruas, aprendi a andar de ônibus (!), quase morri de alergia por causa das gatas, ganhei a confiança da gata brava dos meus tios, passei pelos botecos charmosinhos, joguei Banco Imobiliário, perdi a noção do tempo dentro da Fnac, comi a melhor torta de limão da minha vida e o resto, meus queridos, o resto é a história, que com certeza será contada aqui em alguns posts, porque vocês sabem que se tem uma coisa que eu não sou, é resumida.

E apesar de todas essas coisas boas, o principal mesmo é ainda aquela coisa, a pequena coisa que acontece no meu coração toda vez que estou por lá, que faz com que depois de dois dias que voltei de viagem, eu já esteja morrendo de vontade de voltar.

(E não preciso dizer que também chocada com tudo que está acontecendo em decorrência das chuvas. Onde é que esse mundo vai parar?)

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Um comentário:

  1. O que você fez em São Paulo foi muita mais do eu fiz em 18 anos HAHA. Mas ultimamente eu ando conhecendo bastante minha cidade porque eu realmente amo SP. Acho ela a coisa mais linda nos dias cinzas e adoro o centro da cidade, cheio de construções antigas.

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