quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O novo filme mais assustador de todos os tempos.

Tenho que me acostumar com essa idéia que os filmes que eu acho medonhos nunca vão ser vistos assim pela maioria das pessoas. Na verdade, tenho que me acostumar com o fato de que meu tipo de suspense - logo, meu tipo de medo - é diferente do da maioria das pessoas; e pior, ainda é o que a maioria acha bobo. Eu tenho medo do nada. Reagan vomitando meleca verde, pessoas comendo cérebros alheios e sanguinolência não me fazem cócegas, mas coloca um barulho de passos, uma porta que fecha sozinha e uma sombra repentina pra ver se eu não fico encolhida até não poder mais.

"Atividade Paranormal" foi bem isso. Fui pro cinema com a cabeça leve, afinal quando o hype é muito grande a gente desconfia (Avatar, oi), só que o filme mal tinha começado pra eu pensar comigo mesma: "o que é mesmo que eu vim fazer aqui?". Explico. "Atividade Paranormal" é um discípulo de "A Bruxa de Blair", pioneira no chamado verita-horror, aquele estilo de filme de suspense/terror normalmente feito com filmagem caseira, elenco desconhecido, aproximando aquilo ao máximo da realidade. "Cloverfield", "REC", e muitos já beberam dessa fonte, mas só "Atividade Paranormal" atingiu a excelência do primeiro, que no meu caso, é me tirar do sério.

O roteiro é bem simples, e ao mesmo tempo tão bem sacado que abre margem pra muitas coisas: uma mulher que desde criança presencia estranhos acontecimentos sobrenaturais esporadicamente, percebe que algo estranho está acontecendo novamente e então seu namorado decide comprar uma câmera para que eles possam filmar os possíveis acontecimentos. Simples assim. A primeira parte do filme é - teoricamente - bem tranquila, afinal, nada acontece. O que muitos acharam entediante, ou seja, as cenas que mostram apenas os dois dormindo, servem para criar a tensão e o constante clima de desconforto de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. É a mesma coisa em O Iluminado, a expectativa vai sendo criada pouco a pouco, para que de repente, BUM, "here's Johnny!". Aos poucos coisas curiosas vão acontecendo: uma porta que fecha sozinha, um barulho estranho de passos, um estranho "sonambulismo-desperto" na personagem principal, uma sombra passando de relance...


Foi o primeiro filme de suspense/terror que eu assisti no cinema. Isso contribuiu bastante, pelo menos nesse filme, acredito que não seria a mesma coisa se eu visse na tevê de casa. Por segurança, lá pela metade já me agarrei ao braço de Sofia (minha única amiga corajosa que topou me acompanhar) e esperei o circo pegar fogo. E pegou. Lá pela metade eu já estava pensando, "acho que vai bater O Bebê de Rosemary", mas a medida que as cenas finais se aproximavam, eu gritava de horror, e só pensava na Katie (personagem principal) batendo na bunda do pobre bebê em seu berço preto do Polanski. O diferencial foi que "O Bebê de Rosemary" não dá medo, dá horror, dá repulsa, dá uma sensação ruim, já o "Atividade" (somos íntimos) dá medo mesmo, pavor, me tirem daqui que essa coisa vai me pegar. Eu nunca tinha gritado no cinema. Na verdade, foi a terceira vez que gritei vendo filme. A primeira foi no susto do palhaço em "Poltergeist" e segunda no final de "Carrie - A Estranha".

Eu saí do cinema tão apavorada que meu arrepio não passava. Fiquei cerca de 15 minutos com um arrepio permanente nos braços, pernas e nuca. Meu pai foi me buscar e contando pra ele, meus olhos enchiam d'água tamanho era o horror. E olha que eu sou macho pra filmes de suspense/terror, não é qualquer coisa que me assusta. Tanto que foi a primeira vez que tive um desconforto pra dormir, eu não queria apagar a luz de jeito nenhum. Fiquei lendo poesias até não me aguentar mais de sono, para então apagar as luzes e enfiar a cara no travesseiro.

Não vou me incomodar se vocês comentarem dizendo que o filme não fez nem cócegas, ou foi bobo e entendiante. Depois da revolta de ver meu tio saindo da sala de cinema depois de ter assistido a esse filme, na sessão da meia-noite, com a sala praticamente vazia, dizendo que deu 4 no fator de medo numa escala de 0 a 10, nada mais me decepciona nessa vida.

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