Tenho que me acostumar com essa idéia que os filmes que eu acho medonhos nunca vão ser vistos assim pela maioria das pessoas. Na verdade, tenho que me acostumar com o fato de que meu tipo de suspense - logo, meu tipo de medo - é diferente do da maioria das pessoas; e pior, ainda é o que a maioria acha bobo. Eu tenho medo do nada. Reagan vomitando meleca verde, pessoas comendo cérebros alheios e sanguinolência não me fazem cócegas, mas coloca um barulho de passos, uma porta que fecha sozinha e uma sombra repentina pra ver se eu não fico encolhida até não poder mais.
"Atividade Paranormal" foi bem isso. Fui pro cinema com a cabeça leve, afinal quando o hype é muito grande a gente desconfia (Avatar, oi), só que o filme mal tinha começado pra eu pensar comigo mesma: "o que é mesmo que eu vim fazer aqui?". Explico. "Atividade Paranormal" é um discípulo de "A Bruxa de Blair", pioneira no chamado verita-horror, aquele estilo de filme de suspense/terror normalmente feito com filmagem caseira, elenco desconhecido, aproximando aquilo ao máximo da realidade. "Cloverfield", "REC", e muitos já beberam dessa fonte, mas só "Atividade Paranormal" atingiu a excelência do primeiro, que no meu caso, é me tirar do sério.
O roteiro é bem simples, e ao mesmo tempo tão bem sacado que abre margem pra muitas coisas: uma mulher que desde criança presencia estranhos acontecimentos sobrenaturais esporadicamente, percebe que algo estranho está acontecendo novamente e então seu namorado decide comprar uma câmera para que eles possam filmar os possíveis acontecimentos. Simples assim. A primeira parte do filme é - teoricamente - bem tranquila, afinal, nada acontece. O que muitos acharam entediante, ou seja, as cenas que mostram apenas os dois dormindo, servem para criar a tensão e o constante clima de desconforto de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. É a mesma coisa em O Iluminado, a expectativa vai sendo criada pouco a pouco, para que de repente, BUM, "here's Johnny!". Aos poucos coisas curiosas vão acontecendo: uma porta que fecha sozinha, um barulho estranho de passos, um estranho "sonambulismo-desperto" na personagem principal, uma sombra passando de relance...
Foi o primeiro filme de suspense/terror que eu assisti no cinema. Isso contribuiu bastante, pelo menos nesse filme, acredito que não seria a mesma coisa se eu visse na tevê de casa. Por segurança, lá pela metade já me agarrei ao braço de Sofia (minha única amiga corajosa que topou me acompanhar) e esperei o circo pegar fogo. E pegou. Lá pela metade eu já estava pensando, "acho que vai bater O Bebê de Rosemary", mas a medida que as cenas finais se aproximavam, eu gritava de horror, e só pensava na Katie (personagem principal) batendo na bunda do pobre bebê em seu berço preto do Polanski. O diferencial foi que "O Bebê de Rosemary" não dá medo, dá horror, dá repulsa, dá uma sensação ruim, já o "Atividade" (somos íntimos) dá medo mesmo, pavor, me tirem daqui que essa coisa vai me pegar. Eu nunca tinha gritado no cinema. Na verdade, foi a terceira vez que gritei vendo filme. A primeira foi no susto do palhaço em "Poltergeist" e segunda no final de "Carrie - A Estranha".
Eu saí do cinema tão apavorada que meu arrepio não passava. Fiquei cerca de 15 minutos com um arrepio permanente nos braços, pernas e nuca. Meu pai foi me buscar e contando pra ele, meus olhos enchiam d'água tamanho era o horror. E olha que eu sou macho pra filmes de suspense/terror, não é qualquer coisa que me assusta. Tanto que foi a primeira vez que tive um desconforto pra dormir, eu não queria apagar a luz de jeito nenhum. Fiquei lendo poesias até não me aguentar mais de sono, para então apagar as luzes e enfiar a cara no travesseiro.
Não vou me incomodar se vocês comentarem dizendo que o filme não fez nem cócegas, ou foi bobo e entendiante. Depois da revolta de ver meu tio saindo da sala de cinema depois de ter assistido a esse filme, na sessão da meia-noite, com a sala praticamente vazia, dizendo que deu 4 no fator de medo numa escala de 0 a 10, nada mais me decepciona nessa vida.
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