segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A revolta das cajazeiras.

Durante o ano inteiro vim estudando e surtando para o Paies. Para os que não sabem, é o vestibular seriado da federal daqui, que faz com que desde o primeiro colegial a neura se instale nas nossas vidas. E claro, se tratando de neuras e se tratando de estudos, sou uma candidata premium a ter um piripaque acadêmico, uma vez que se as provas escolares já me tiram do sério, imagina uma prova com potencial pra decidir meu futuro! Então que eu passei o ano estudando pra isso. Eu passei o ano tendo crises homéricas de insegurança que se convertiam em horas e mais horas de choro descontrolado por conta dessa porcaria. Pra chegar na reta final e a prova simplesmente ser adiada. Pro ano que vem. Pra março do ano que vem. Na melhor das hipóteses. Isso significa que todo esse preparo intensivo, que alcançaria seu ápice agora em dezembro, pra que eu fizesse uma boa prova dia 20, agora me são inúteis. O estudo de meses valeu, claro que sim. A loucura, pelo menos de agora, não faz o menor sentido. Vou ter que estudar nas férias mesmo. Soube disso faz um mês mais ou menos, e desde então tenho me recusado a estudar.

E olha, isso é bem legal. Eu sempre quis ser inconsequente, ainda que essa inconsequência seja bem relativa, já que vai ser compensada lá na frente. Ainda assim, passar um mês sem pegar num livro está pra mim em termos de libertação assim como os sutiãs queimados em praça pública estiveram pras feministas nos áureos anos 60 ou 70. Acho que significa até mais, pra ser sincera. É como se tivesse acendido em mim um espírito Hermione Granger no quinto livro-filme, cada tarde de estudo jogada pelos ares faz ecoar em mim a frase "Isn't it exciting? Breaking the rules?"

Final de ano já traz consigo aquela típica preguiça e má vontade. Eu juntei o útil ao agradável. Não, também não tenho dado muita bola pras aulas, numa atitude que eu sempre condenei: chutar o balde só porque já passei de ano. É que esse ano eu percebi que a gente começa a se sacrificar tão cedo por algo que nesse nosso mundinho parece enorme (oooooh vestibular raios e trovões), e na verdade, não é. Não que os estudos não sejam importantes, mas sinceramente, não valem essa loucura, até porque, a insanidade não é pelo amor ao saber, e sim pra absorver tudo e passar numa prova. Ou vocês acham que alguém um dia vai te parar na rua e perguntar como é o gráfico de uma função logarítmica? Até os professores estão de saco cheio no final do ano. Nem ligam tanto pras conversas paralelas que, sugestivamente, predominam nas minha vizinhança na sala.

Não estou sozinha nessa, ainda bem. Matheus e Sofia abraçaram a mesma filosofia de vida, Naná também, mas ela prefere ficar dormindo à jogar conversa fora conosco. Por tanto papo furado em horas inoportunas, ganhamos do professor de Geografia (a matéria que a gente mais chuta o balde) o apelido de irmãs cajazeiras, que depois fiquei sabendo que eram personagens da novela O Bem Amado, três irmãs solteironas que tinham um caso com o mesmo homem (a imagem no começo do post). Tenho sorte esse ano que a grande maioria dos professores se simpatizam comigo e com meus amigos, porque somos matracas inofensivas, tanto que é em meio de risadas que eles ocasionalmente me mudam de lugar pra tentar apaziguar a conversa. Esses dias fui parar na mesa do professor em plena aula de História. E pela foto, vocês percebem como isso foi um baque pra mim.

Eu feliz ao fundo, Naná (ela é assim mesmo, tadinha), Soft e Matheus.

No fundo, é bem como eu (e Hermione) estava dizendo, é até emocionante quebrar as regras.

* Fiquei constrangida depois que vi a quantidade de posts que fiz esse ano só surtando e me queixando em relação aos estudos. Eles estão linkados ali nas frases coloridas.

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